Alimentar é também educar: a merenda escolar no Brasil (1940-1960)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Fogagnoli, Marcela
Orientador(a): Hochman, Gilberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30996
Resumo: Esse trabalho analisa as ideias e políticas públicas desenvolvidas por médicos nutrólogos, nutricionistas, instituições governamentais e agências internacionais, que resultaram na implementação da merenda escolar como uma política pública nacional, entre as décadas de 1940 e 1960. A tese busca identificar a atuação dos diversos atores envolvidos nesse processo e as principais ideias que fundamentaram essa política estatal. No contexto dos anos de 1940, momento em que a nutrição começou a se constituir no Brasil como um campo específico, surgiram diversas teorias e propostas sobre alimentação da população. Destaca-se a atuação e contribuição destes trabalhadores e a formação de autarquias e instituições que, aos poucos, foram estabelecendo as diretrizes de nutrição no país. Nesse sentido, surgiu o periódico Arquivos Brasileiros de Nutrição, tornando-se o porta-voz das ideias do grupo de profissionais da nutrição ligados a Josué de Castro, importante nutrólogo brasileiro. Através dos artigos publicados na revista, aqueles pesquisadores constituíram um discurso que contribuiu para a implementação da merenda. A partir da análise das ideias desse grupo, pode-se notar a construção de um discurso sobre alimentação, população, hábitos e costumes alimentares, que resultou num projeto de educação alimentar. Ao chegar à conclusão de que o povo brasileiro não sabia se alimentar da forma considerada correta, pretendia-se transformar os hábitos alimentares de maneira que a população aprendesse a comer de acordo com as diretrizes propostas. Esse projeto incluía as crianças, sobretudo os escolares, vistos como moldáveis, representavam o futuro da nação que se constituiria livre dos antigos hábitos alimentares. A partir destes profissionais ligados a Castro, surgiu a Comissão Nacional de Alimentação, responsável pela Campanha de Merenda Escolar. Porém, esses profissionais, não estavam sozinhos no caminho da merenda como uma política pública. Em outro ponto do trajeto estavam o Serviço de alimentação da Previdência Social (SAPS), e o importante nutrólogobrasileiro Dante Costa. O SAPS foi, entre tantas coisas, um centro de formação profissional e o símbolo da política estatal de alimentação. Dante Costa atuando no SAPS propôs medidas para melhorar a alimentação do brasileiro, sobretudo de trabalhadores e crianças. Destaca-se, portanto, por colocar a merenda escolar em questão, contribuindo assim para o debate sobre a necessidade de um programa de alimentação dos escolares.