Estudo in vitro da interação entre Flavivírus de importância médica e Flavivírus exclusivos de insetos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gruber Dorl, Gisiane Emanuele
Orientador(a): Zanluca, Camila, Santos, Claudia Nunes Duarte dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59751
Resumo: O gênero Flavivirus, família Flaviviridae, inclui vírus de importância médica, como os vírus Zika (ZIKV) e dengue (DENV), além de flavivírus específicos de insetos (ISFs), como o Culex flavivirus (CxFV) e o Sabethes flavivirus (SbFV). O ZIKV e o DENV são vírus globalmente relevantes que podem ser transmitidos para humanos através da picada de mosquitos do gênero Aedes infectados. Além disso, pode haver transmissão sexual e transmissão vertical do ZIKV de gestantes para o feto, podendo resultar em malformações fetais. Os ISFs são altamente prevalentes em mosquitos na natureza e têm sua replicação exclusiva em insetos, não sendo patogênicos para mamíferos. No entanto, pouco se sabe sobre a interação entre os ISFs e os flavivírus de relevância médica. Estudos indicam que a coinfecção com vírus de um mesmo gênero pode levar a uma interação entre os vírus e ocorrer uma competição interferindo na replicação viral. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar o efeito que ISFs têm na infecção pelos vírus ZIKV e DENV no contexto de coinfecções. Para tanto, foram selecionados os ISFs Culex flavivirus e Sabethes flavivirus. O CxFV foi isolado em células AP61 a partir de mosquitos Culex spp. infectados e teve parte de seu genoma sequenciado; o SbFV foi recentemente isolado a partir de mosquitos Sabethes belisarioi. Uma linhagem de células C6/36 persistentemente infectada com o SbFV (nomeada C6/36-SbFV), um anticorpo monoclonal (AcM) anti-SbFV (nomeado 7A2/G11/G3) e dois AcM anti-CxFV (nomeados 3G11/G9/G10 e 15B11/D7/A9) foram desenvolvidos para uso como ferramentas nesse estudo. Foram avaliadas as cinéticas de infecção dos vírus SbFV, ZIKV e DENV em células C6/36, definindo-se a multiplicidade de infecção (MOI) de 0,1 e os tempos de 3 e 6 dias pós-infecção, para realização dos ensaios de coinfecção. A infecção por CxFV causou muito efeito citopático nas células, inviabilizando o uso desse vírus nos ensaios subsequentes. Os ensaios de coinfecção foram realizados: (1) com infecção simultânea pelos vírus SbFV e ZIKV ou SbFV e DENV em células C6/36, (2) com infecção pelo ZIKV ou DENV três dias após a infecção pelo SbFV e (3) em células C6/36-SbFV. Houve uma redução nos títulos de ZIKV e DENV em células C6/36 coinfectadas por SbFV. Em C6/36-SbFV infectadas por ZIKV ou DENV, ocorreu uma redução no percentual de células infectadas pelo SbFV. Considerando-se a importância do ZIKV e DENV para saúde pública e a alta prevalência de mosquitos infectados por ISFs na natureza, conclui-se que a redução de partículas infecciosas de ZIKV e DENV após infecção por SbFV é um resultado promissor para um possível uso do SbFV como controle biológico. Mais estudos, no entanto, são necessários. O estudo das interações entre esses vírus pode ainda contribuir para a compreensão dos mecanismos de infecção em mosquitos e da dinâmica de transmissão do ZIKV e DENV.