Renda, moradia e vulnerabilidade para a Doença de Chagas em área endêmica do Estado do Ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Gomes, Taís Ferreira
Orientador(a): Lima, Marli Maria, Costa, Filipe Aníbal Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/32888
Resumo: A presença de triatomíneos autóctones em áreas endêmicas da América Latina exige vigilância e prevenção constantes com a supervisão entomológica dos ambientes domiciliares e peridomiciliares, evitando a transmissão vetorial do Trypanosoma cruzi. Com base neste fundamento, investigamos a vulnerabilidade à doença de Chagas em cinco localidades rurais do município de Russas no estado do Ceará (Bonhu, Patos do Tito, Riacho do Barro, Sítio Maxixe e Timbaúba do Pitingão), correlacionando aspectos socioeconômicos e culturais, atitudes e práticas dos moradores sobre as técnicas de construção das moradias, sobre o conhecimento que eles têm quanto aos vetores e aos mecanismos de transmissão da doença de Chagas. Em duas vistorias, uma em 2013 e outra em 2014, ambas no período seco e abrangendo 161 casas e 549 moradores, coletamos 397 triatomíneos dos quais 395 (99,50%) foram encontrados em anexos no peridomicílio e apenas 2 (0,50%) no intradomicílio. A taxa de infestação domiciliar foi de 22/161 (13,7%). Madeiras armazenadas no peridomicílio consistiram no tipo de anexo mais encontrado, ocorrendo em 122 (23,40%) dos 522 anexos vistoriados, onde 14/122 (11,45%) apresentaram infestação. O galinheiro foi o anexo onde se encontrou a maior quantidade de triatomíneos, com 249/395 (63,04%) espécimes coletados. Na primeira vistoria, a espécie predominantemente encontrada foi T. brasiliensis (323/88,98%), seguida de T. pseudomaculata (30/ 8,26%) e R. nasutus (10/2,76%). Já no ano de 2014, a única espécie encontrada foi T. pseudomaculata, com 34 (100%) insetos. O índice de infecção natural para a detecção por Trypanosoma cruzi foi nulo. Com base nas coordenadas geográficas coletadas de cada domicílio visitado e no Sistema de Informação Geográfica (SIG), foram construídos mapas temáticos com distribuição de tipos de casas, domicílios com presença de anexos e distribuição dos focos de triatomíneos coletados Através de inquérito sociodemográfico realizado nas casas visitadas, foram coletadas informações sobre os tipos de construções existentes: 95/161 (59,0%) das casas tinham paredes parcialmente rebocadas ou não rebocadas e 67/161 (41,61%) eram de taipa ou mistas (partes em taipa e partes em alvenaria). Nesse inquérito, também investigamos a capacidade que os moradores tinham para identificar o inseto vetor, quais os níveis de conhecimento sobre a doença de Chagas e quanto às características de moradias como facilitadoras ou não da infestação triatomínica. Menos de 1/3 da população soube identificar corretamente os triatomíneos exibidos no teste de reconhecimento, 86 (55,13%) habitantes apontaram o triatomíneo como o transmissor da doença de Chagas e 64,1% relataram que é mais seguro viver em uma casa de pau a pique, porque a estrutura não lhes oferece perigo quanto a um possível desmoronamento. Os moradores que aceitaram participar do inquérito sorológico foram submetidos ao teste de imunofluorescência indireta (RIFI) para detecção de IgG anti-Trypanosoma cruzi. Foram colhidas 241 amostras de sangue em papel de filtro, correspondendo a 44% da população investigada; dois moradores apresentaram sorologia positiva para Chagas. Esperamos que os resultados obtidos neste estudo contribuam para o efetivo controle da doença de Chagas, a partir da ação conjunta dos órgãos competentes e das comunidades afetadas.