Análise temporal e espacial do câncer de boca no estado do Rio de Janeiro de 1999 a 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Atty, Adriana Tavares de Moraes
Orientador(a): Andrade, Carla Lourenço Tavares de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52848
Resumo: O câncer de boca está entre os mais incidentes do país de acordo com estimativas do INCA. Acomete preferencialmente homens, na faixa etária acima dos 40 anos, em sua maioria tabagistas e etilistas crônicos, baixa escolaridade e renda. A prevenção primária do câncer de boca visa ao enfrentamento dos principais fatores de risco e a prevenção secundária prevista para o câncer de boca é o diagnóstico precoce. Contudo, a maioria dos casos inicia o tratamento em estadiamento avançado, comprometendo o prognóstico. O estado do Rio de Janeiro tem a maior taxa de incidência para homens, entre os estados da Região Sudeste, no triênio 2020 a 2022. Quanto ao cenário assistencial de interesse ao controle do câncer de boca, em 2018, o estado apresentou uma cobertura de atenção básica de 68,75% e de saúde bucal de 36,00%, com um total de 81 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) distribuídos entre as regiões de saúde. Em relação aos estabelecimentos de saúde habilitados para o tratamento oncológico, o estado do Rio de Janeiro possuía 32 hospitais habilitados. A hipótese motivadora deste estudo foi a de que o incremento na rede assistencial para prevenção e controle do câncer de boca no estado do Rio de Janeiro, entre 1999 a 2018, mudou a tendência temporal dos óbitos por câncer de boca, mas manteve uma importante desigualdade espacial na morbimortalidade por este agravo. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo analisar a distribuição espaço-temporal do câncer de boca no estado do Rio de Janeiro entre 1999 e 2018. Para tanto, realizou-se uma análise temporal dos óbitos por câncer de boca entre 1999 a 2018 e das coberturas de ESF e de saúde bucal na ESF entre 2002 a 2018. Foi feita análise temporal interrompida dos óbitos, entre 1999 a 2018, considerando o ano de implementação do CEO, 2006, como o ano de intervenção da série. Também foi realizada análise de autocorrelação espacial utilizando o índice de Moran local e global para as taxas de mortalidade, de estadiamento e de tempo até início do tratamento oncológico. E por último, visando a identificar o município em melhores condições para o controle do câncer de boca, realizou-se uma análise multicritério por meio do método PROMETHEE I e II. No estado do Rio de Janeiro, houve uma tendência decrescente da taxa de mortalidade, também observada nas regiões de saúde: Metropolitana I e II. Entre as causas do óbito, houve uma tendência crescente dos óbitos por tumores malignos de base de língua. A análise temporal interrompida apresentou mudança de tendência após a intervenção apenas na Região da Baixada Litorânea onde houve uma tendência crescente das taxas de mortalidade e, na Serrana, foi decrescente. Na análise espacial, observaram-se índice de Moran global significativo, presença autocorrelação espacial apenas para a taxa de estadiamento avançado e para taxa de casos tratados em até 60 dias. Nas cinco simulações realizadas na análise multicritério, o município de Mangaratiba se destacou com a melhor pontuação em quatro simulações, enquanto o de Paraty esteve com a pior pontuação na maioria das simulações. O câncer de boca representa um importante desafio ao gestor. O atraso no início do tratamento oncológico é influenciado por fatores relacionados ao paciente, aos profissionais e aos serviços de saúde, e, portanto, o planejamento de ações que visem a impactar na morbimortalidade por esse agravo precisa considerar os diferentes fatores e como se apresentam em cada localidade. A conjugação de diferentes metodologias permitiu discutir os cenários epidemiológicos e assistenciais existentes nos municípios e regiões de saúde do Rio de Janeiro, resultando em uma ferramenta de gestão importante.