Internação e óbitos por desnutrição em idosos nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Ávila, Bianca Ovídio de
Orientador(a): Barros, Denise Cavalcante de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24368
Resumo: Introdução: Considerando que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e a desnutrição em idosos um problema de Saúde Pública, coloca-se como importante desafio a criação de condições para que a população envelheça de maneira saudável. Objetivo: Analisar a morbimortalidade hospitalar por desnutrição em idosos residentes numa região no Leste do Estado do Rio de Janeiro buscando identificar a distribuição espaço-temporal das hospitalizações. Métodos: Foram estudados 1299 internações e 123 óbitos por desnutrição ocorridos em indivíduos com 60 anos ou mais residentes nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ, no período de 2006 a 2010. A evolução temporal das internações e óbitos foi descrita no período de 2000 a 2010. Os dados secundários foram provenientes do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a distribuição espacial das hospitalizações, dados de endereço da SIH foram geoprocessados. Resultados: Das internações, 818 (63%) ocorreram em homens e 481 (37%), em mulheres. Em Itaboraí, houve declínio no risco de internação por desnutrição, de forma mais expressiva no sexo feminino quando comparado ao masculino. Nos três municípios estudados, observouse que as taxas de internação alcançaram seu valor máximo nos idosos acima de 80 anos, em ambos os sexos. Apenas 11% (136) das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) apresentaram registro de diagnóstico secundário, sendo que a neoplasia representou quase 40% (54) dos casos sendo as mais importantes: esôfago, estômago, pulmões, bexiga e mama, seguidas de pâncreas, próstata e reto. Das AIHs cujos campos de diagnóstico foram preenchidos com a causa desnutrição, apenas 3,7% (49) apontavam esse evento como diagnóstico secundário. Destas, 18,4% o diagnóstico principal correspondia a septicemias estreptocócicas (infecções), 16,3% a pneumonias. Em relação aos óbitos por desnutrição entre idosos, Guapimirim apresentou quase 90% dos casos. O tempo médio de permanência hospitalar foi de 7,9 dias em Cachoeiras de Macacu, 10 dias em Guapimirim e 8,5 dias em Itaboraí, médias superiores às encontradas para população geral (7,7 dias). Quanto à mediana (6 dias), não foi observada diferença significante. A proporção de mortalidade hospitalar foi de 11,5, 26,2 e 7,6 óbitos por 100 internações, respectivamente. Os resultados revelam Guapimirim com maior período de hospitalização e risco de desfecho em óbito, refletindo, assim, maior vulnerabilidade dos idosos internados por desnutrição. A análise da série temporal, de 2000 a 2010, mostrou uma leve tendência ao aumento de óbitos por desnutrição nos idosos em Itaboraí, o que pode ser um importante indicador da piora das condições de vida da população. Para os demais municípios, as tendências apresentam-se estáveis. Quanto à internação, Cachoeiras de Macacu e Itaboraí apresentaram tendência à queda e Guapimirim, instabilidade no período. Conclusão: Torna-se essencial fortalecer práticas da atenção básica, especialmente quanto ao monitoramento do estado nutricional em idosos. Buscar resolver desordens nutricionais a nível primário, evitando alcançar o grau mais grave que exija internação deve integrar a rotina dos profissionais envolvidos na Estratégia Saúde da Família (ESF). Neste sentido, os municípios estudados, assim como os demais, precisam priorizar ações a nível local. A atenção hospitalar deve contemplar cuidados na avaliação e acompanhamento nutricional pela equipe multidisciplinar. É imprescindível que se crie um compromisso entre os gestores para definição de políticas públicas sobre o tema.