Se é Bayer é bom: divulgação comercial e científica alemã na Revista Terapêutica e em o Farmacêutico Brasileiro (1921-1945)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Rolim, Marlom Silva
Orientador(a): Sá, Magali Romero
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20035
Resumo: A presente dissertação analisa os periódicos Revista Terapêutica e O Farmacêutico Brasileiro, publicados pela companhia químico-farmacêutica alemã Bayer, enquanto objetos da relação científica entre Brasil e Alemanha. A conclusão da Primeira Guerra Mundial acarretou graves consequências para a Alemanha em função das perdas humanas e materiais e das árduas punições impostas pelo Tratado de Versalhes. Diante disso, determinados setores da sociedade alemã se organizaram para restabelecer a posição de potência imperialista que o país ocupava antes da guerra. A frente deste movimento estava um grupo de cientistas que acreditava que a ciência germânica, sobretudo a medicina, representava a melhor forma de realizar a propaganda do germanismo em benefício da influência política e da penetração econômica da Alemanha em certos países. Deste modo, os cientistas vinculados à política de propagação do germanismo por intermédio da ciência médica elaboraram e executaram uma série de atividades de difusão da ciência alemã e de intercâmbio científico internacional, destinadas especialmente aos países da América Latina, entre os quais estava o Brasil. Diretamente relacionada com a política de propagação do germanismo estava a indústria químico-farmacêutica alemã, que apoiou, financiou e, ao mesmo tempo, se beneficiou das práticas de difusão da ciência germânica e de intercâmbio científico internacional através da abertura de novos mercados, como, por exemplo, o mercado latino-americano. Aliás, a própria indústria químico-farmacêutica alemã elaborou estratégias de comercialização que estavam em sintonia com os pressupostos da política de propagação do germanismo por intermédio da ciência médica. Neste sentido, os periódicos Revista Terapêutica e O Farmacêutico Brasileiro, publicados pela indústria químico-farmacêutica Bayer, foram exemplos de estratégias comerciais que associaram os princípios mercadológicos da companhia industrial aos pressupostos da política de propagação do germanismo. A difusão comercial e científica alemã realizada por meio dos periódicos da Bayer frequentemente contou com a participação de cientistas brasileiros que, de modo geral, legitimaram as intenções imperialistas da companhia farmacêutica e da política de propagação do germanismo. Contudo, estes homens de ciência muitas vezes acabaram utilizando os recursos disponibilizados pela Bayer para a concretização de objetivos pessoais e profissionais. Este foi o caso, por exemplo, de Renato Ferraz Kehl que, ao mesmo tempo, atuou em benefício da difusão comercial e científica alemã como articulista e diretor dos periódicos Bayer e utilizou os recursos disponibilizados pela companhia químico-farmacêutica para concretizar sua “missão” de propagar a eugenia. Portanto, o objetivo principal desta dissertação é analisar os periódicos Revista Terapêutica e O Farmacêutico Brasileiro enquanto estratégias de comercialização dos medicamentos Bayer associadas aos pressupostos da política de propagação do germanismo e, concomitantemente, avaliar como a difusão comercial e científica alemã por meio dos periódicos possibilitou a alguns cientistas brasileiros, notadamente Renato Kehl, atuarem em benefício de seus próprios interesses.