Níveis de trans, trans-mucônico na urina como biomarcador de exposição ao benzeno e alterações hematológicas na população do bairro Piquiá de Cima, Açailândia-MA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Araújo, Eliane Cardoso
Orientador(a): Warden, Carmen Freire
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/13616
Resumo: Introdução: O benzeno é um composto orgânico volátil, cancerígeno para o ser humano, associado com alterações hematológicas e risco de desenvolvimento de leucemia. Os veículos automotores constituem a principal fonte de emissão de benzeno no meio ambiente. Por conta de seus efeitos adversos à saúde e por ser um poluente amplamente distribuído em áreas urbanizadas, muitos estudos têm sido realizados nas últimas décadas visando o biomonitoramento da exposição ao benzeno em trabalhadores, a maioria deles quantificando a concentração de metabólitos deste composto na urina. Entre eles, destaca-se o ácido trans-trans mucônico (t,t-MA), que tem mostrado boa correlação com a exposição a baixas concentrações de benzeno no ar. Estudos que avaliem a exposição ao benzeno em população geral ou sem exposição ocupacional ao benzeno são escassos. Objetivo: A presente pesquisa visa determinar os níveis de ácido t,t-MA na urina, sua relação com potenciais fontes de exposição ao benzeno e possível associação com parâmetros hematológicos em população adulta do bairro Piquiá de Cima, no município de Açailândia-MA, localizado às margens da BR 222, com intenso fluxo de veículos, e afetado pela poluição do polo siderúrgico. Metodologia: Foi realizado um estudo observacional do tipo seccional, numa amostra de conveniência de 150 moradores adultos (≥18 anos), residentes no Bairro há pelo menos 1 ano. Por meio de questionário foram coletadas informações sociodemográficas, de ocupação, tabagismo, consumo de álcool, exposição a solventes orgânicos, entre outras. Foram coletadas amostras de urina e sangue para determinação dos níveis de t,tMA e realização de hemograma completo. A concentração urinária do ácido foi determinada por cromatografia liquida de alta eficiência (HPLC). Foram empregados testes paramétricos e não paramétricos (chi-quadrado, comparação de médias, correlação, entre outros) para realização das análises bivariadas. A magnitude de associação entre o t,t-MA e fatores de exposição ao benzeno, e entre o biomarcador e a presença de alterações hematológicas, foi determinada mediante regressão logística e linear múltipla. Resultados: A frequência de detecção de t,t-MA foi de 27%, e apenas 3% apresentou níveis acima de 0,5 mg/g. A média dos níveis detectados foi de 0,15 mg/g creatinina. As alterações hematológicas mais frequentes foram bastonetes baixos (41%), eosinofilia (33%) e níveis reduzidos de hemoglobina (19%). Não foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre os níveis detectados de t,t-MA e os parâmetros do hemograma. Os fatores que influenciaram de forma significativa a excreção de t,t-MA foram cor da pele, prática regular de atividades de lazer com exposição a solventes orgânicos e consumo de refrigerante e refresco nas últimas 24 horas. Foi encontrada uma associação negativa entre presença de t,t-MA na urina e hemoglobina corpuscular média (HCM) (coeficiente de regressão, β= -0,65, IC95%= - 1,26; -0,03) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) (β= -0,87, IC95%= -1,15; -0,58), independentemente da idade, sexo e cor da pele. Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre as alterações hematológicas e presença do metabólito na urina. Conclusão: A população adulta residente no bairro Piquiá de Cima, em Açailândia-MA parece não estar exposta a concentrações elevadas de benzeno, como sugerem os valores do biomarcador t,t-MA encontrados na urina. No entanto, o perfil hematológico dos participantes revelou a presença de alterações compatíveis com anemia e comprometimento imunológico.