Comorbidades em idosos com câncer de próstata assistidos em hospitais do Sistema Único de Saúde no Rio de Janeiro, RJ, e em Campo Grande, MS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santos, Julia Souza Bittencourt
Orientador(a): Mattos, Inês Echenique
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24739
Resumo: O processo de envelhecimento da população brasileira promoveu alterações nos padrões de saúde, levando ao predomínio das doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, o câncer. A comorbidade, definida como a coexistência de duas ou mais doenças crônicas em um mesmo indivíduo, é uma condição frequente entre os idosos com câncer e pode influenciar no diagnóstico, tratamento e prognóstico. Esta dissertação teve como objetivo estimar a prevalência de comorbidade em idosos com câncer, analisar os fatores a ela associados e avaliar a confiabilidade interobservadores de duas escalas utilizadas para essa mensuração. A população de estudo foi constituída por homens de 60 anos ou mais que apresentavam câncer de próstata incidente e que fazem parte da coorte do estudo “Avaliação Geriátrica Multidimensional em idosos com câncer de próstata: viabilidade de implantação e potencial de impacto na sobrevida”. Para mensurar comorbidade utilizou-se a escala de Charlson e a Cumulative Illness Rating Scale Geriatric (CIRS-G). Foram analisadas variáveis sociodemográficas e de condição de saúde obtidas com base em instrumentos que integram a Avaliação Geriátrica Multidimensional, como capacidade funcional e polifarmácia. Estimou-se a prevalência de comorbidade segundo as duas escalas, sendo calculadas razões de prevalência nos diferentes estratos das variáveis independentes. Utilizou-se a regressão de Poisson na análise múltipla para avaliar associações entre o escore total da CIRS-G e as variáveis que foram biologicamente relevantes ou apresentaram associação positiva na análise bivariada. Para a análise de confiabilidade, os prontuários dos pacientes recrutados em um dos hospitais participantes foram analisados por duas enfermeiras do serviço de oncologia. Utilizou-se as escalas de Charlson e a CIRS-G, com base nos critérios padronizados de cada uma delas, para mensurar comorbidade. Foram calculadas medidas de tendência central e de dispersão para as variáveis contínuas e distribuições de frequências para as variáveis categóricas. A confiabilidade interobservadores foi analisada por meio de concordância simples, do coeficiente Kappa de Cohen e pelos coeficientes de correlação intraclasse (CCI). Observou-se que a prevalência de comorbidade moderada variou entre 7,5% e 66,4% com base, respectivamente, na escala de Charlson e na CIRS-G. Escolaridade, dependência funcional em AVD, dependência funcional em AIVD e uso de polifarmácia apresentaram associação com comorbidade na análise bivariada. No modelo final, uso de polifarmácia, dependência funcional em AVD e dependência funcional em AIVD mantiveram-se associadas à comorbidade. No estudo de confiabilidade, com base na escala de Charlson, observou-se que a maioria dos indivíduos estudados não apresentava comorbidade no momento do diagnóstico do câncer de próstata, enquanto com base na CIRS-G, a maior parte apresentava comorbidade moderada Observou-se alta concordância, com coeficiente Kappa de 0,66 e CCI de 0,84 para a escala de Charlson. A concordância para a CIRS-G foi um pouco menor, com coeficiente Kappa de 0,56 e CCI de 0,78. Com base no conjunto dos achados, a escala CIRS-G parece ser a mais apropriada para uso em idosos brasileiros, possibilitando identificar condições de saúde frequentes neste grupo de indivíduos. A comorbidade tem sido associada à redução da qualidade de vida dos idosos e ao aumento dos custos com a saúde. Dessa forma, é importante a utilização de escalas para mensurar essa condição em estudos clínicos e epidemiológicos.