Avaliação da resposta imune e curso clínico na coinfecção experimental por Plasmodium berghei ANKA e Leishmania major

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Garcia, Uyla Ornellas
Orientador(a): Ribeiro-Gomes, Flávia Lima, Escobar, Patrícia Cuervo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/39503
Resumo: A coinfecção por diferentes parasitos é comumente observada na natureza e representa um complexo desafio para o entendimento do seu curso e consequências, em termos da resposta imune e desfecho clínico, no hospedeiro humano. A malária e leishmaniose são doenças negligenciadas, coendêmicas em diversas regiões do mundo, inclusive no Brasil. Atualmente, existem poucos estudos a respeito das coinfecções por Plasmodium spp. e Leishmania spp. no Brasil e no mundo, apesar da sua sobreposição geográfica. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os impactos que uma infecção pode ter sobre a resposta imune e a evolução clínica da outra. Para tal, dois desenhos experimentais foram desenvolvidos: (A) camundongos C57BL/6 foram infectados com Plasmodium berghei ANKA e posteriormente coinfectados com Leishmania major e (B) camundongos C57BL/6 foram infectados primeiro com L. major e posteriormente coinfectados com P. berghei ANKA. Avaliamos o curso clínico de ambas as doenças por parâmetros como sobrevida, peso, temperatura, parasitemia e o aparecimento de lesões (por L. major) na orelha dos animais perfil de recrutamento de células do sistema imune foi determinado por citometria de fluxo e a dosagem sistêmica de citocinas foi avaliada pelo Kit Cytometric Bead Array. Para o desenho experimental A observamos que a coinfecção com L. major não altera o curso clínico da infecção malárica. Embora tenhamos observado diferenças no percentual e total de células linfoides e/ou mieloides no baço entre os grupos. Ao avaliarmos a carga parasitária (por L. major) do linfonodo drenante da lesão dos animais coinfectados, observamos uma redução na mesma. Esta redução está relacionada à maior concentração de citocinas do perfil Th1 detectadas no soro dos animais coinfectados em relação aos animais infectados apenas com L. major. Assim, observamos que a progressão da infecção por Leishmania é diferente daquela vista durante a coinfecção e, portanto, a infecção com o Plasmodium poderia exercer uma influência no controle da proliferação do parasito L. major Já no desenho experimental B, a coinfecção com o P. berghei ANKA apresenta um efeito benéfico no desenvolvimento da leishmaniose cutânea causada por L. major, diminuindo o tamanho da lesão causada por este parasito. Esta redução foi acompanhada por uma diminuição na carga parasitária das lesões e aumento no nível de citocinas séricas em animais coinfectados, os quais apresentaram um perfil mais pró-inflamatório (quando comparado à infecção somente com L. major), mediado por citocinas como IFN-\03B3 e TNF-\03B1. Foi verificada ainda uma redução no número total de células T (CD4+ e CD8+) e células mieloides no baço dos animais coinfectados quando comparado aos animas infectados apenas com Plasmodium, e que o recrutamento de linfócitos para a orelha diminui nos animais coinfectados em relação aos camundongos infectados apenas com Leishmania. Nossos dados sugerem que a coinfecção com Plasmodium ativa uma resposta imune que consegue controlar a proliferação de L. major em camundongos C57BL/6 resultando em uma menor carga parasitaria e lesões menores nos animais coinfectados.