Fatores envolvidos na distribuição de triatomíneos e seu controle no município de Diamantina, Minas Gerais, Brasil, entre 2011 e 2014

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Dias, João Victor Leite
Orientador(a): Diotaiuti, Liléia Gonçalves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14806
Resumo: A região do Vale do Jequitinhonha foi uma área de intensa transmissão vetorial da infecção chagásica no século passado, tendo sido uma das primeiras áreas do Brasil a realizar ações de combate a populações de triatomíneos domiciliados. Com os níveis de controle alcançados e a virtual eliminação do Triatoma infestans no país, outras espécies continuam como alvo das atividades de vigilância. Esse estudo teve por objetivo analisar a ocorrência e distribuição de triatomíneos nas áreas urbana e rural do município de Diamantina, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, além de analisar a infecção por Trypanosoma cruzi em vetores e eventuais reservatórios da infecção. Os triatomíneos foram coletados durante as ações de vigilância entomológica entre setembro de 2011 e agosto de 2014. Os insetos positivos para tripanossomatídeos tiveram o conteúdo intestinal submetido a ensaio para determinação da linhagem de T. cruzi. A distribuição dos triatomíneos na área urbana foi analisada por meio de estatística espacial cotejando com dados de vegetação. A distribuição dos insetos na área rural foi analisada por meio de Modelos Lineares Generalizados empregando dados obtidos de sensores remotos. Avaliaram-se os conhecimentos a respeito de triatomíneos e doença de Chagas por meio de questionário entre moradores de localidades com diferentes níveis históricos de infestação triatomínica domiciliar. Mamíferos silvestres e sinantrópicos foram capturados e examinados quanto à infecção por T. cruzi. Foi realizada análise morfométrica de asas e análise molecular por meio de sequenciamento de gene do citocromo B para esclarecer relações de espécies de triatomíneos morfologicamente semelhantes ao Triatoma maculata. Foram capturados 975 triatomíneos pertencentes a oito espécies. Panstrongylus megistus foi a principal espécie capturada, sobretudo em colônias detectadas durante atividades de atendimento às notificações. Triatoma vitticeps foi a espécie mais notificada no município. A infecção por tripanossomatídeos foi observada em 7,4% dos insetos examinados, com destaque para Panstrongylus geniculatus (38,1%) e T. vitticeps (17,6%). Foram detectadas as linhagens TcI, TcII e TcIII do T. cruzi entre triatomíneos. As espécies distribuíram-se em distintas áreas de ocorrência ao longo do município. Os Modelos Lineares Generalizados não mostraram bom poder preditivo para descrever a ocorrência de P. megistus, T. arthurneivai e T. vitticeps. Na área urbana foi observada ocorrência de 140 exemplares de quatro espécies (P. geniculatus, P. megistus, Triatoma arthurneivai e T. vitticeps). A distribuição de imóveis infestados foi agregada para todas as espécies, exceto P. megistus, estando T. vitticeps e P. geniculatus próximos a áreas mais vegetadas e cobertas por campo rupestre. A população reconheceu os triatomíneos independentemente da localidade de residência, porém os moradores de áreas mais infestadas conheciam melhor os serviços de controle e as condutas a se adotar em relação aos insetos. Não foram detectados mamíferos infectados por T. cruzi. Na morfometria geométrica T. maculata e Triatoma pseudomaculata formaram um clado enquanto na análise molecular T. pseudomaculata com Triatoma wygodzinskyi foram agrupados em um clado, sendo T. maculata e T. arthurneivai espécies mais distantes. Os resultados mostram diferenças nos espaços geográficos ocupados pelos triatomíneos no município, além da interação com diferentes linhagens de T. cruzi, contribuindo para um melhor entendimento da ecoepidemiologia das espécies encontradas em Diamantina e indicando a necessária manutenção da vigilância entomológica.