Um olhar crítico sobre as recomendações para a prática de atividade física

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Dardenne, Christianne
Orientador(a): Noronha, Marina Ferreira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5404
Resumo: As mudanças provocadas pela incorporação da tecnologia no cotidiano das sociedades industrializadas trouxeram um salto qualitativo nas condições de vida e trabalho, resultando no prolongamento de vida, com o conseqüente aumento da idade média da população. Por outro lado, as transformações no estilo de vida modificaram sobremaneira o perfil de morbi-mortalidade da população. Dentre as conseqüências mais visíveis, a falta de prática de atividade física tem contribuído para o aumento da obesidade e das doenças cardiovasculares. As políticas de saúde incluem medidas de combate aos fatores de riscos associados às doenças crônico-degenerativas e têm como um de seus alvos, a mudança do estilo de vida, ressaltando-se o estímulo à prática de atividade física. Os benefícios da atividade física à saúde de um modo geral, e em específico no controle da obesidade, são extensamente descritos na produção cientifica. Entretanto, a prática regular de atividade física, sob certas circunstâncias, pode trazer agravos físicos ao corpo, especificados aqui como afecções músculo-esqueléticas (AME), e deflagrar a instalação de patologia degenerativa articular, como a osteoartrose (OA). Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar os problemas advindos da prescrição inadequada de atividades físicas e analisar as recomendações das principais políticas nacionais e internacionais voltadas à promoção da saúde e ao controle das doenças cardiovasculares e da obesidade, para verificar se continham quaisquer advertências sobre os riscos potenciais da atividade física na medida em que o individuo passa a se exercitar mais regularmente, ou se traziam referências quanto aos procedimentos técnicos que orientassem à prática mais segura de atividade física, de tal forma a evitar a instalação das AME, e, em particular, a OA no paciente obeso. Para tal, foi realizada a revisão da literatura em periódicos indexados contendo estudos de coorte longitudinal e alguns estudos clínicos, os quais apresentavam os efeitos adversos do exercício físico, tais como a ocorrência das AME, assim como aqueles que mostravam os fatores de risco associados a estas patologias. O acesso ao conteúdo das políticas nacionais e internacionais foi possível através da pesquisa aos sites institucionais e das respectivas publicações impressas. Além dos artigos científicos, alguns compêndios das áreas de reumatologia, medicina esportiva, ortopedia, cinesiologia e fisioterapia foram consultados por conterem o referencial teórico sobre os aspectos biomecânicos e fisiopatológicos das AME, para subsidiar a hipótese de que ao se expor a população à prática indiscriminada do exercício, é possível que se esteja vulnerabilizando o sistema músculo-esquelético às AME em alguns grupos populacionais, a saber, obesos, crianças e idosos. Essa pesquisa pôde mostrar a relevância das doenças degererativas articulares no contexto da transição demográfica e conseqüente impacto nos sistemas de saúde, chamando a atenção para o fato de que a prática regular do exercício aeróbico, sob circunstâncias inadequadas, contribui para a instalação e a progressão da OA de joelho. Verificou, também, que as recomendações das políticas de saúde não traziam advertências explícitas para a prática segura do exercício físico, deixando de considerar que certos subgrupos populacionais, tais como os obesos, idosos ou indivíduos com anormalidades articular, são mais vulneráveis à OA. Por outro lado, não foram encontradas referências aos procedimentos técnicos específicos de tal forma a garantir uma prática de exercícios mais seguro. Para concluir, buscou-se identificar medidas e ações que poderiam ser tomadas na esfera da educação e capacitação dos profissionais de saúde, com vistas a contribuir para que as recomendações contra os fatores de risco associados às doenças crônico-degenerativas não aumentem a incidência de agravos ao corpo decorrentes da prática inadequada de atividades físicas.