Desigualdades regionais das taxas de cesáreas no estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Mariana Seabra Souza
Orientador(a): Albuquerque, Mariana Vercesi de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37344
Resumo: O Brasil é campeão de cesáreas no mundo, atingindo 57,15% em 2014. A Organização Mundial da Saúde – OMS indica que taxa de cesáreas acima de 15% não apresentam benefícios. Estudos mostram que em geral, as taxas de cesáreas são maiores nas macrorregiões e estados mais ricos, com maior Índice de Desenvolvimento Humano - IDH e com maior percentual de população com acesso a planos de saúde. O objetivo geral do estudo foi analisar as desigualdades regionais nas taxas de cesarianas nas regiões de saúde do estado do Rio de Janeiro, no período de 2009 a 2017. A metodologia valeu-se de uma abordagem quali-quantitativa. Foi realizada uma revisão da literatura para e análise documental a partir dos documentos produzidos pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde. Para caracterização das regiões de saúde do estado do Rio de Janeiro foi construída uma matriz inspirada no modelo da Matriz de Dimensões da Avaliação de Desempenho do Sistema de saúde do PROADESS (ICICT/FIOCRUZ). Também foi realizado estudo de caso na Região de saúde Noroeste do estado do Rio de Janeiro, que foi selecionada segundo o critério de menor taxa de partos normais (10%). Os dados analisados para as regiões de saúde do ERJ evidenciaram altas taxas de cesáreas no SUS e as desigualdades e diversidades regionais relacionadas à conformação da rede assistencial e às condições socioeconômicas da população condicionam a possibilidade de realização de partos vaginais ou cesarianas. Contradizendo as tendências da maior parte dos estudos até aqui apresentados, a menor taxa de partos normais pertence à região de saúde com menor riqueza, IDH, escolaridade e cobertura de planos de saúde (Noroeste). As regiões de saúde do ERJ menos providas e menos diversificadas do ponto de vista dos equipamentos, profissionais e dispositivos de saúde SUS tenderam a representar menor possibilidade de realização de partos vaginais. As condições regionais importam e, por vezes, podem se sobrepor às condições de raça e classe social. A Rede Cegonha se constitui como importante política para indução da mudança de modelo de parto e nascimento no ERJ. No entanto, seu foco está muito atrelado à investimento em equipamentos e menos em profissionais e o modelo preconizado pela RC está disponível em poucos serviços. Os resultados apontam para uma crescente mercantilização não apenas da cesárea, mas também do parto normal.