Inflamação, hemólise e ativação celular: importância nos eventos vasculares na anemia falciforme

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cerqueira, Bruno Antonio Veloso
Orientador(a): Gonçalves, Marilda de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4135
Resumo: A anemia falciforme (AF) é uma desordem genética caracterizada por hemólise, estresse oxidativo, infecções recorrentes, estado inflamatório crônico e eventos de oclusão vascular, com ocorrência de crises de dor, danos teciduais e possibilidade de óbito precoce. Os eventos vasculares na AF envolvem a participação de hemácias, leucócitos, células endoteliais, plaquetas, fatores da coagulação e proteínas plasmáticas. Neste estudo, avaliou-se o papel de marcadores hematológicos, de hemólise, inflamação e de ativação celular na fisiopatologia da ativação endotelial na AF. Foi realizado um estudo de corte transversal, seguido por caso-controle. Quarenta e cinco (45) indivíduos com AF em estado estável, com idade média 20,5 anos participaram do estudo. O perfil de hemoglobinas foi confirmado por HPLC. Os marcadores bioquímicos foram investigados por kits específicos; a expressão de moléculas na superfície dos leucócitos por citometria de fluxo e a quantificação de citocinas e moléculas de adesão solúveis por ELISA. Níveis elevados de lactato desidrogenase (LDH) e bilirrubinas foram associados a eventos de Síndrome Torácica Aguda e úlcera de perna, respectivamente. A leucocitose foi observada em pacientes com histórico de hepatomegalia e úlcera de perna. Os pacientes com histórico de terapia transfusional apresentaram concentrações aumentadas da aspartato aminotransferase (AST) e contagem de reticulócitos. Os níveis diminuídos de HDL estiveram associados a eventos de sequestro esplênico e esplenomegalia. A expressão do CD11b em neutrófilos, linfócitos e monócitos foi maior nos pacientes que nos controles; entretanto, a expressão do CD62L nos neutrófilos foi menor nos pacientes do que nos controles antes e após o desafio com o lipopolissacarídeo bacteriano (LPS). A expressão do CD11b e CD32 em neutrófilos teve correlação positiva com plaquetas e com o LDL, respectivamente. A expressão do CD62L em neutrófilos apresentou correlação negativa com plaquetas. A expressão do CD11b e CD18 em linfócitos teve correlação positiva com o ácido úrico e com a molécula de adesão vascular solúvel 1 (VCAM-1s), respectivamente. A expressão do CD62L em linfócitos foi negativamente correlacionada com o número de plaquetas, molécula de adesão intercelular solúvel 1 (ICAM-1s) e TNF-alfa. A expressão do CD32 em monócitos foi menor nos pacientes que nos controles e apresentou correlação negativa com a AST e hemoglobina S. A expressão reduzida do CD32 em monócitos de pacientes foi associada ao aumento da LDH, enquanto que a expressão do CD62L nessas células apresentou correlação positiva com o HDL e com as concentrações de hemoglobina. Os níveis de IL-18 e do ácido úrico foram associados a marcadores de hemólise, de disfunção endotelial e citocinas e podem representar a participação do complexo inflammasome. Os resultados apresentados sugerem o papel importante de biomarcadores na avaliação do perfil clínico de pacientes com AF, além de sugerir a provável influência de moléculas expressas na superfície de leucócitos, da IL-18 e do ácido úrico no processo inflamatório crônico e na gravidade clínica da AF. Acreditamos que a interação desses biomarcadores envolve processos complexos relacionados à hemólise, inflamação e ativação celular com importância na avaliação da gravidade dos eventos vasculares presentes na AF. Em conjunto, todos esses marcadores podem ser considerados como alvos terapêuticos promissores em intervenções clínicas futuras na doença.