Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Fonseca, Amanda da Silva |
Orientador(a): |
NJaine, Kathie |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49249
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Resumo: |
O objetivo desta pesquisa foi analisar a violência conjugal envolvendo policiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Foi feito um estudo para investigar as percepções e experiências das mulheres policiais e parceiras de policiais no que se refere à violência nas relações conjugais e suas estratégias de enfrentamento. A violência contra as mulheres é uma forma de violência de gênero e uma tentativa de restauração da ordem dos gêneros, conforme o modelo patriarcalista. Aspectos da cultura militar, como o ethos, a hierarquia e a disciplina estão implicados nas práticas violentas nas relações conjugais, que ao exercer uma função restauradora, impactam negativamente na saúde das mulheres vítimas. Neste estudo, foi utilizada uma abordagem qualitativa exploratória. Esta metodologia de pesquisa foi escolhida devido ao pouco conhecimento prévio do ponto de vista acadêmico, acerca da experiência de violência conjugal entre casais cujo um dos cônjuges é policial militar. A pesquisa com cinco (5) participantes foi realizada na Policlínica da PMERJ. A entrevista foi realizada com três (3) mulheres militares cujos parceiros conjugais podem ou não ser um (a) policial militar e duas (2) mulheres não militares parceiras íntimas de policiais militares, todas as vítimas residentes na cidade do Rio de Janeiro. O material foi submetido ao método de análise de conteúdo. Como resultados foram apontados uma dificuldade de nomeação e reconhecimento da violência conjugal. Observou-se que a cultura policial é preponderante na vida conjugal e marca a assimetria do casal, levando as mulheres a manterem seus relacionamentos por medo de se exporem ou exporem seus parceiros, tendo assim mais dificuldade de quebrarem o silêncio face às violências sofridas nessas relações. A violência é vista como elemento fundamental da regulação das relações sociais entre os sexos, onde os papéis do gênero não são flexíveis, e o seu uso é legitimado aos olhos da Polícia Militar com um ato que vai resgatar o gênero na sua feição natural. Uma parcela significativa da violência sofrida é de natureza moral e psicológica, mas as ameaças com armas de fogo e a demonstração de força e poder comuns em ambientes militares também foram citadas. Diante dos resultados é importante ressaltar que a banalização da violência conjugal está relacionada à perpetuação da organização social baseada no gênero, nos moldes da supremacia masculina, e que é preciso discutir a realidade sobre a violência conjugal na PMERJ. Apesar das conquistas da corporação, como o projeto Patrulha Maria da Penha, que tem sido fundamental para intervir em situações de violência contra as mulheres na sociedade, é necessário ampliar a visão da corporação sobre a presença da violência conjugal, como demanda interna que pode estar relacionada com a cultura militar, e lançar um olhar mais profundo para a família do policial militar que também tem dificuldade de buscar ajuda para enfrentar esse problema. |