Estudo de prevalência de malária em 6.402 mulheres em idade reprodutiva do Município de Coari, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Martínez Espinosa, Flor Ernestina
Orientador(a): Ribeiro, Claudio Tadeu Daniel, Alecrim, Wilson Duarte
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57860
Resumo: Um inquérito epidemiológico foi levado a cabo em visita domiciliar a mulheres em idade fértil do Município de Coari, no Estado do Amazonas, no período compreendido entre outubro de 2001 e outubro de 2002, para determinar prevalência de infecção por parasitas do gênero Plasmodium. Foram entrevistadas 6.402 mulheres em sua maioria de área urbana (69,4%), procedentes de áreas de alto risco de transmissão de malária (41,8%), solteiras (58,5%), alfabetizadas (80%), estudantes (entre as adolescentes), domesticas (entre as maiores de 20 anos, moradoras de área urbana) e agricultoras (entre as mais velhas de área rural). Houve uma importante associação entre morar em área rural e inicio precoce de vida sexual e analfabetismo ou baixa escolaridade. Nessas mulheres foi mais freqüente encontrar altas paridades, antecedente de não assistência ao controle pré-natal e parto extra-hospitalar assim como mortalidade infantil e aborto. Encontramos uma prevalência de gestação de 11,2% ao momento da visita, a maior parte delas no segundo trimestre. As mulheres da área rural tiveram um número médio maior de episódios de malária, sofridos ao longo da vida. O analfabetismo foi um fator freqüentemente associado à infecção malárica passada e presente, e na parasitemia atual também encontramos associação com moradia em área rural e de alto risco. Tais associações se mantiveram quando a avaliação foi feita por espécies. O sintoma mais sensível para detecção de infecção malárica foi a cefaléia embora fosse também o menos específico o que nos leva a sugerir que sua presença indique a realização de exame hemoscópico especialmente nas gestantes, dada a potencial gravidade que este evento pode ter nessa população. Já o sintoma isolado mais especifico foi o calafrio, mas a tríade – cefaléia, calafrio e febre- teve especificidade de 94,5%. Em todos os casos, houve associação entre gestação e prevalência de parasitemia, tendo sido registrado nas grávidas cinco vezes mais infecção do que nas mulheres não grávidas. Sem nenhuma dúvida, nosso achado de maior importância foi a observação de que a freqüência de infecção por cada espécie de plasmódio em mulheres nessa condição não é proporcional àquela apresentada pela população geral. As gestantes apresentaram uma freqüência 10,5 vezes maior de infecção por P. falciparum e três vezes maior de infecção por P. vivax do que as mulheres não gestantes. Tal dado não havia sido relatado até o presente momento na literatura mundial e embora deva ainda ser confirmado no estudo de seguimento, sugere fortemente que os mecanismos que determinam infecção por Plasmodium e malária podem ser diferentes entre espécies e provavelmente são menos eficientes na resistência ao Plasmodium falciparum do que ao Plasmodium vivax