Atenção Primária e Hanseníase: desafios educacionais e assistenciais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Savassi, Leonardo Cançado Monteiro
Orientador(a): Modena, Celina Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/10002
Resumo: A hanseníase mantém-se um desafio dentro das políticas públicas brasileiras. O Brasil registra um número de casos ainda elevado, que faz do país o segundo em números absolutos e o primeiro em valores relativos no mundo. Ainda que consiga cumprir a meta assumida junto a Organização Mundial de Saúde, de menos de um caso para cada dez mil habitantes, o desafio de controlar a doença ainda persistirá. O número de casos novos em menores de quinze anos demonstra que o desafio é maior do que se supõe, já que há transmissão ativa, e, portanto pacientes ainda não diagnosticados. A Atenção Primária a Saúde (APS), embora responsável por grandes avanços, não foi capaz de resolver este problema específico de saúde, mesmo sendo o nível mais adequado de atenção e o que mais propriamente trabalha com ferramentas de educação na saúde. O objetivo deste trabalho foi avaliar a hanseníase como foco de ação da APS e da Educação em Saúde, sendo avaliadas tanto a atenção primária como estratégia de atenção quanto algumas estratégias educativas como meio de promoção e comunicação em saúde. Encontrou-se que a APS, ainda que seja o nível mais adequado para o cuidado, apresenta barreiras de acesso e de qualidade da atenção que fazem com que oportunidades de cuidado sejam desperdiçadas. Questões tais como ambiência, qualificação profissional, sobrecarga de trabalho e população excessiva de cobertura interferem diretamente no cuidado. Especificamente quanto a educação para hanseníase, os profissionais da APS não foram adequadamente qualificados durante a graduação, e os mecanismos de educação permanente não são capazes de modificar a prática clínica. Além disto, a forma como a Educação em Saúde é feita dentro das políticas públicas mostrou-se ineficaz, contaminada ainda pelo estigma e pelas crenças concernentes a “lepra” e a dissociação da gravidade da doença com a nomenclatura “hanseníase”. Conclui-se que a abordagem da hanseníase passa necessariamente pela qualificação da atenção primária, pela redução do número de usuários por equipe, pela modificação das estratégias educativas e pela necessidade de adequar os currículos de graduação à casuística real das unidades de saúde, tanto em termos do contato direto com a doença hanseníase, quanto em relação ao uso adequado das ferramentas educacionais.