Ser mulher e professora na educação básica: do trabalho múltiplo à síndrome de Burnout

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Costa, Renata Raquel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica
Brasil
CEFET-MG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.cefetmg.br/handle/123456789/512
Resumo: A presente pesquisa está inserida na “Linha II: Processos Formativos em Educação Tecnológica” do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica (PPGET) do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), cujos estudos focalizam temas relacionados ao trabalho-educação nos contextos socioeconômico e político-cultural, destacando os processos históricos e culturais, as relações entre as mudanças societárias, a diversidade, a educação profissional formal/não formal e o mundo do trabalho. Essa pesquisa problematiza a relação existente entre ser mulher e professora, a multiplicidade de atividades desempenhadas por ela no trabalho assalariado e doméstico e o consequente adoecimento profissional ocasionado pela Síndrome de Burnout. Para tal buscou-se a partir dos dados empíricos coletados refletir à luz das teorias da Divisão Sexual do Trabalho originadas na Sociologia do Trabalho Francesa de base materialista. Com início em um levantamento documental realizado no setor de Perícia Médica da Gerência de Saúde do Servidor (GESER) elaborou-se um panorama dos afastamentos por motivos de saúde de professoras da educação básica. Em ato contínuo realizaram-se entrevistas semiestruturadas com onze professoras da Rede, selecionadas por acessibilidade e indicação, acerca de suas múltiplas tarefas como professoras e donas de casa, mães e esposas; suas dificuldades e limites, bem como as estratégias de luta e resistência que lançam mão frente à exaustão física e psíquica, ao desencantamento com a profissão e o consequente adoecimento profissional. Os relatos possibilitaram analisar, se e como, a divisão sexual do trabalho - com seus desdobramentos: os princípios organizadores da separação e hierarquia, o labirinto de cristal e o trabalho múltiplo -, contribui para o acometimento das professoras pela Síndrome de Burnout. Os relatos das entrevistadas reverberam as vozes de muitas mulheres professoras que, subsumidas em uma sociedade patriarcal, exercendo uma profissão precarizada, desvalorizada econômica e socialmente, resistem ao que histórica e culturalmente vem sido imputado a elas tanto no trabalho assalariado quanto doméstico. Os achados revelam que a sobrecarga física ocasionada pelas múltiplas tarefas, bem como o desencantamento com a profissão deixam as professoras mais vulneráveis ao esgotamento e o adoecimento pela Síndrome de Burnout. Dar voz às mulheres professoras e fomentar reflexões acerca da precariedade do trabalho docente, da sobrecarga a que estão submetidas e o consequente adoecimento advindo desses fenômenos, bem como auferir deslocamentos nas relações sociais de gênero e na divisão do trabalho entre os sexos, a partir da constatação das desigualdades são premissas que almejam a presente pesquisa.