O corpo como campo de guerra : a experiência das mulheres refugiadas da República Democrática do Congo em São Paulo 2008-2019
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Publication Date: | 2021 |
Format: | Master thesis |
Language: | por |
Source: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
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Summary: | A República Democrática do Congo a mais de uma década lida em seu território com instabilidade política, conflitos armados e desigualdade social devido a disputa transnacional pelos recursos minerais nas regiões dos Kivus. O estupro, tem sido uma das táticas usadas pelos rebeldes como forma de limpeza étnica. Porém, o estupro em tempos de guerra não deve ser visto apenas como um subproduto da violência generalizada, mas como uma consequência específica de construções dos papéis de gênero e relações étnicas racializadas e colonialistas, que foram construídas ao longo da história do país. A percepção de que as mulheres desempenham um papel vital na criação e na reprodução de grupos étnicos ou nacionais é um elemento importante dessa construção, e as mulheres como símbolos variam de conflito para conflito. Caracterizando-se, um grande fator para a feminização migratória congolesa, onde muitas delas acabam saindo do país de maneira forçada. O sistema de leis e convenções internacionais que oferecem proteção às pessoas solicitantes de refúgio e refugiadas, aparentemente foram elaboradas com base nas experiências do gênero masculino, e que, além disso, a sua aplicação é recorrentemente minada por práticas profundamente ligadas a este gênero, que falham em oferecer proteção às mulheres, pois suas experiências muitas vezes não são reconhecidas como tal - reforçando os preconceitos de gênero existentes nos Estados Nação. Chamando a necessidade do debate interseccional feminista para a quebra das barreiras micro coercitivas no tocante as questões de gênero e raça, pois até para muitas mulheres a compreensão dessas relações sociais é uma questão invisibilizada pela falta de conhecimento sobre os seus direitos e sobre seus próprios corpos. Assim, as mulheres reconhecidas como refugiadas da RDC pelo estado brasileiro, a fim de reconstruir suas vidas na cidade de São Paulo, acabam esbarrando nessas desigualdades entre os gêneros também no Brasil. Portanto, o objetivo geral é chamar a atenção para a resistência das vozes femininas da República Democrática do Congo que migraram para o Brasil entre os anos de 2008 a 2019. |
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O corpo como campo de guerra : a experiência das mulheres refugiadas da República Democrática do Congo em São Paulo 2008-2019The war camp corps : the experience of refugee women from the Democratic Republic of the Congo in São Paulo - 2008-2019Armed conflictConflitos armadosDemocratic Republic of the CongoDireitos HumanosGender violenceHuman RightsMulheres refugiadasRefugee womenRepública Democrática do CongoViolência de gêneroA República Democrática do Congo a mais de uma década lida em seu território com instabilidade política, conflitos armados e desigualdade social devido a disputa transnacional pelos recursos minerais nas regiões dos Kivus. O estupro, tem sido uma das táticas usadas pelos rebeldes como forma de limpeza étnica. Porém, o estupro em tempos de guerra não deve ser visto apenas como um subproduto da violência generalizada, mas como uma consequência específica de construções dos papéis de gênero e relações étnicas racializadas e colonialistas, que foram construídas ao longo da história do país. A percepção de que as mulheres desempenham um papel vital na criação e na reprodução de grupos étnicos ou nacionais é um elemento importante dessa construção, e as mulheres como símbolos variam de conflito para conflito. Caracterizando-se, um grande fator para a feminização migratória congolesa, onde muitas delas acabam saindo do país de maneira forçada. O sistema de leis e convenções internacionais que oferecem proteção às pessoas solicitantes de refúgio e refugiadas, aparentemente foram elaboradas com base nas experiências do gênero masculino, e que, além disso, a sua aplicação é recorrentemente minada por práticas profundamente ligadas a este gênero, que falham em oferecer proteção às mulheres, pois suas experiências muitas vezes não são reconhecidas como tal - reforçando os preconceitos de gênero existentes nos Estados Nação. Chamando a necessidade do debate interseccional feminista para a quebra das barreiras micro coercitivas no tocante as questões de gênero e raça, pois até para muitas mulheres a compreensão dessas relações sociais é uma questão invisibilizada pela falta de conhecimento sobre os seus direitos e sobre seus próprios corpos. Assim, as mulheres reconhecidas como refugiadas da RDC pelo estado brasileiro, a fim de reconstruir suas vidas na cidade de São Paulo, acabam esbarrando nessas desigualdades entre os gêneros também no Brasil. Portanto, o objetivo geral é chamar a atenção para a resistência das vozes femininas da República Democrática do Congo que migraram para o Brasil entre os anos de 2008 a 2019.The Democratic Republic of the Congo has for more than a decade dealt in its territory with political instability, armed conflict and social inequality due to the transnational dispute over mineral resources in the Kivus region. Rape has been one of the tactics used by the rebels as a form of ethnic cleansing. However, rape as wartime should not be seen only as a byproduct of widespread violence, but as a specific consequence of constructing gender roles and racialized and colonialist ethnic relations, which have been built throughout the countrys history. The perception that women play a vital role in the creation and reproduction of ethnic or national groups is an important element of this construction, and women as symbols vary by conflict to conflict. This is a major factor for the Congolese migratory feminization, where many of them end up leaving the country in a forced manner. The system of international laws and conventions that offer protection to asylum seekers and refugees has apparently been devised based on male experiences, and that, moreover, its application is often undermined by deep practices linked to this gender, which fail to offer protection to women, because their experiences are often not recognized as such - reinforcing the existing gender prejudices in the Nation States. Calling for the need for feminist inter-institutional debate to break down micro-coercive barriers to gender and race issues, because even for many women the understanding of these social relations is an issue invisibilized by the lack of knowledge about their rights and about their own bodies. Thus, women recognized as refugees from the DRC by the Brazilian state, in order to rebuild their lives in the city of São Paulo, end up bumping into these gender inequalities also in Brazil. Therefore, the overall objective is to draw attention to the resistance of female voices from the Democratic Republic of the Congo who migrated to Brazil from 2008 to 2019.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarneiro, Maria Luiza TucciSilva, Clarissa Paiva Guimarães e2021-04-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2140/tde-03112022-084936/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPReter o conteúdo por motivos de patente, publicação e/ou direitos autoriais.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-09T12:18:10Zoai:teses.usp.br:tde-03112022-084936Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-09T12:18:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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