Contar ou não contar, eis a questão: um olhar psicanalítico sobre a experiência da revelação diagnóstica de HIV, em jovens infectados por transmissão vertical

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Main Author: Castellani, Mayra Moreira Xavier
Publication Date: 2014
Format: Master thesis
Language: por
Source: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
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Summary: O presente trabalho tem por objetivo investigar e fundamentar teoricamente, a partir da teoria psicanalítica de orientação freud-lacaniana, como se dá a experiência da revelação do diagnóstico de HIV, para a parceria afetivo-sexual, em adolescentes e jovens adultos infectados por transmissão vertical. É absolutamente compreensível a relação que se estabelece no âmbito da Saúde, entre revelação do diagnóstico e cuidados preventivos. No entanto, a clínica psicanalítica com os pacientes envolvidos nesta problemática nos indica que a revelação do diagnóstico é, para o paciente, uma experiência que ultrapassa muito o ato de informar um dado, sendo, antes, uma experiência subjetiva da revelação de uma identidade herdada. Por esse motivo, percebemos ser fundamental uma compreensão dos processos psíquicos envolvidos na experiência da revelação do diagnóstico destes jovens, levando em conta a singularidade de cada caso. Partimos de duas hipóteses: a revelação do diagnóstico ao parceiro afetivo-sexual pode ser influenciada por como lhe foi revelado seu diagnóstico, ou seja, sua herança do HIV, transmitida por sua mãe; a angústia associada à experiência da revelação do diagnóstico de HIV por transmissão vertical para o parceiro pode ser uma resposta à fantasia de desamparo. Na tentativa de compreender esse cenário, elegemos alguns conceitos psicanalíticos como bússola, que podem contribuir para o cerzimento de articulações teórico-clínicas, são eles: tabu, transmissão, identificação, fantasia e angústia. Além disso, realizamos entrevistas semi-dirigidas com quatro pacientes, que tinham diagnóstico de HIV/aids por transmissão vertical. A análise das falas dos entrevistados foi realizada a partir do referencial psicanalítico, utilizando principalmente as teorias construídas por Freud e Lacan. A partir disso, pudemos concluir que guardar o diagnóstico de HIV como segredo implica resguardar a posição do sujeito em sua fantasia fundamental, que funciona de anteparo para a angústia e está diretamente ligada ao Outro. Nesse sentido a solução para ausência de sofrimento psíquico não seria nem direcionar o sujeito para a denúncia do segredo, nem tampouco, sugestioná-lo a manter o segredo a sete chaves. Neste momento, é fundamental compreender o lugar que o segredo encena na subjetividade dos jovens, por meio da escuta psicanalítica. Além disso, é imprescindível cuidar da resposta do psicanalista no âmbito institucional, como membro da equipe de saúde, defendendo um manejo delicado entre o tempo de cada sujeito e a importância da revelação do diagnóstico, uma vez que o paradigma da subjetividade pode ser uma alternativa competente para resolver uma problemática ainda muito incompreendida em serviços de saúde especializados em HIV/Aids
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No entanto, a clínica psicanalítica com os pacientes envolvidos nesta problemática nos indica que a revelação do diagnóstico é, para o paciente, uma experiência que ultrapassa muito o ato de informar um dado, sendo, antes, uma experiência subjetiva da revelação de uma identidade herdada. Por esse motivo, percebemos ser fundamental uma compreensão dos processos psíquicos envolvidos na experiência da revelação do diagnóstico destes jovens, levando em conta a singularidade de cada caso. Partimos de duas hipóteses: a revelação do diagnóstico ao parceiro afetivo-sexual pode ser influenciada por como lhe foi revelado seu diagnóstico, ou seja, sua herança do HIV, transmitida por sua mãe; a angústia associada à experiência da revelação do diagnóstico de HIV por transmissão vertical para o parceiro pode ser uma resposta à fantasia de desamparo. Na tentativa de compreender esse cenário, elegemos alguns conceitos psicanalíticos como bússola, que podem contribuir para o cerzimento de articulações teórico-clínicas, são eles: tabu, transmissão, identificação, fantasia e angústia. Além disso, realizamos entrevistas semi-dirigidas com quatro pacientes, que tinham diagnóstico de HIV/aids por transmissão vertical. A análise das falas dos entrevistados foi realizada a partir do referencial psicanalítico, utilizando principalmente as teorias construídas por Freud e Lacan. A partir disso, pudemos concluir que guardar o diagnóstico de HIV como segredo implica resguardar a posição do sujeito em sua fantasia fundamental, que funciona de anteparo para a angústia e está diretamente ligada ao Outro. Nesse sentido a solução para ausência de sofrimento psíquico não seria nem direcionar o sujeito para a denúncia do segredo, nem tampouco, sugestioná-lo a manter o segredo a sete chaves. Neste momento, é fundamental compreender o lugar que o segredo encena na subjetividade dos jovens, por meio da escuta psicanalítica. Além disso, é imprescindível cuidar da resposta do psicanalista no âmbito institucional, como membro da equipe de saúde, defendendo um manejo delicado entre o tempo de cada sujeito e a importância da revelação do diagnóstico, uma vez que o paradigma da subjetividade pode ser uma alternativa competente para resolver uma problemática ainda muito incompreendida em serviços de saúde especializados em HIV/AidsThe present study aims to investigate and to formalize theoretically, according to the psychoanalytic theory of Freud and Lacan, how is the experience of the disclosure of HIV serostatus to an intimate partnership, for adolescents and young adults infected by mother-to-child-transmission. The connection established under Healths context, between the disclosure of HIV serostatus and preventive care is absolutely understandable. However, the psychoanalytic treatment of patients involved in this issue indicates that disclosure of HIV diagnosis is an experience that exceeds just the act of informing, it is actually a subjective experience of revelation of an inherited identity. For this reason, we consider that it is fundamental to understand which psychological processes are involved in the experience of disclosing the HIV diagnosis, taking into account the uniqueness of each case. We have two hypotheses: the disclosure of HIV diagnosis to the partner may be influenced by how the individual received its own diagnosis, that represents the heritage of HIV, transmitted by the mother; the anguish associated with the experience of disclosing the HIV diagnosis through mother-to-child-transmission to the partner may be a response to the fantasy of helplessness. In trying to understand this scenario, we elect some psychoanalytic concepts such as a compass, that can contribute to make the theoretical and clinical link, they are: taboo, transmission, identification, fantasy and angst. In addition, we conducted semi-structured interviews with four patients who were diagnosed with HIV/AIDS through mother-to-child-transmission. The analysis of the interviewed peoples speeches was done by the psychoanalytic theoretical basis, mainly using the theories constructed by Freud and Lacan. The course of this research allowed us to conclude that keep HIV diagnosis as a secret means to safeguard the position of the individual in its fundamental fantasy, which works as a screen for anxiety and is directly linked to the Other. In this context, the solution to the absence of psychological pain would be neither to guide the individual to denunciate its secret, nor suggests to keep the secret under lock and key. At this point, it is essential to understand the place that the secret stages in the subjectivity of young people, through the psychoanalytic listening. Moreover, it is also essential to take care of the psychoanalysts work in the health institution, as a member of the health team, protecting the delicate handling between the time of each subject and the importance of disclosure, since the paradigm of subjectivity can be a competent alternative to solve a misunderstood issue inside the HIV/Aids specialized health servicesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMoretto, Maria Livia TourinhoCastellani, Mayra Moreira Xavier2014-12-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-16032015-102901/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-03-16T05:59:41Zoai:teses.usp.br:tde-16032015-102901Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-03-16T05:59:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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