Percepção dos profissionais da saúde mental sobre a psicopatia

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Main Author: Aquilino, Jamile Barreto
Publication Date: 2019
Format: Master thesis
Language: por
Source: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
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Summary: Livros, filmes, séries, novelas e coberturas jornalísticas contribuem para que a psicopatia e seu personagem correlato e ¿assustador¿, o psicopata permeiem o imaginário popular. Compreendendo os serviços no campo da saúde mental e da atenção psicossocial como locais de trocas sociais, acolhimento e cuidado e que o ser humano não é determinado, mas em contínua criação, recusando dicotomias, para compreendê-lo em movimento constante e passível de diferentes interpretações, entendemos que descrever a psicopatia a partir da percepção dos profissionais de saúde mental pode problematizar a inserção da psicopatia na pauta das políticas públicas de saúde possibilitando a desconstrução do estigma e aumentando as possibilidades de identificação e tratamento incipientes, ampliando as chances de uma melhor evolução dos quadros clínicos ligados à construção e estruturação da personalidade e viabilizando intervenções clínicas e psicossociais mais eficazes por meio da promoção e prevenção da saúde. Para tanto, optamos pela pesquisa qualitativa, pelo método fenomenológico crítico e o uso de entrevistas fenomenológicas, não estruturadas, individuais, pautadas na questão norteadora ¿fale-me sobre a sua percepção acerca da psicopatia¿. A partir da transcrição literal de todo conteúdo das falas, contemplando todos movimentos na entrevista, inclusive os não verbais buscamos a compreensão minuciosa e descritiva do significado emergente, prescindindo-se de hipóteses e a prioris, para um entendimento do fenômeno intersubjetivo, sem pré-julgamentos, buscando a redução fenomenológica para privilegiar as falas dos participantes. Vinte e um profissionais de saúde mental dos três CAPS da Regional III de Fortaleza, no Ceará, participaram. A percepção sobre a psicopatia ganhou várias nuances e o espaço aberto e livre para expressão da experiência mundana de cada profissional permitiu também a emersão do estigma da doença mental, sobretudo da psicopatologia em estudo. Identificou-se percepções diversas dos profissionais de saúde sobre a psicopatia, a partir dos inúmeros aspectos descritos por eles: psicopatia como sinônimo de psicopatologia, intervenção, características, comorbidades, diagnóstico, itinerários terapêuticos, prognóstico, prevenção, entre outros. A psicopatia ainda parece ocupar um lugar nebuloso entre as psicopatologias. Foram recorrentes nas falas categorias nosográficas e os conceitos psiquiátricos como saúde-doença mental, cura, normalidade-anormalidade. Entraves para uma percepção do sujeito em detrimento da doença e para a consolidação do processo da Reforma Psiquiátrica. Inicialmente compreendida como sinônimo de psicopatologia para a maioria dos profissionais, a psicopatia ganha o status de um transtorno mental específico quando, na tentativa de nomear seu possuidor, aparece a figura do psicopata. Figura conhecida dos filmes, noticiários e causos pela frieza, manipulação, falta de empatia, agressividade e por cometer atos veemente reprovados pela sociedade sem sofrer e se culpar. A compreensão da ¿doença¿ como uma das possibilidades, ou a única, de ser no mundo, e do indivíduo com um corpo de potencialidades e singularidades em sua experiência, pode transformar o imaginário social e colocar a pessoa e não o psicopata como foco, possibilitando o delineamento de práticas de cuidados, principalmente, na infância, até então ignoradas ou colocadas em segundo plano, para uma busca ingênua por causas, diagnósticos ou características estigmatizantes.
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Compreendendo os serviços no campo da saúde mental e da atenção psicossocial como locais de trocas sociais, acolhimento e cuidado e que o ser humano não é determinado, mas em contínua criação, recusando dicotomias, para compreendê-lo em movimento constante e passível de diferentes interpretações, entendemos que descrever a psicopatia a partir da percepção dos profissionais de saúde mental pode problematizar a inserção da psicopatia na pauta das políticas públicas de saúde possibilitando a desconstrução do estigma e aumentando as possibilidades de identificação e tratamento incipientes, ampliando as chances de uma melhor evolução dos quadros clínicos ligados à construção e estruturação da personalidade e viabilizando intervenções clínicas e psicossociais mais eficazes por meio da promoção e prevenção da saúde. Para tanto, optamos pela pesquisa qualitativa, pelo método fenomenológico crítico e o uso de entrevistas fenomenológicas, não estruturadas, individuais, pautadas na questão norteadora ¿fale-me sobre a sua percepção acerca da psicopatia¿. A partir da transcrição literal de todo conteúdo das falas, contemplando todos movimentos na entrevista, inclusive os não verbais buscamos a compreensão minuciosa e descritiva do significado emergente, prescindindo-se de hipóteses e a prioris, para um entendimento do fenômeno intersubjetivo, sem pré-julgamentos, buscando a redução fenomenológica para privilegiar as falas dos participantes. Vinte e um profissionais de saúde mental dos três CAPS da Regional III de Fortaleza, no Ceará, participaram. A percepção sobre a psicopatia ganhou várias nuances e o espaço aberto e livre para expressão da experiência mundana de cada profissional permitiu também a emersão do estigma da doença mental, sobretudo da psicopatologia em estudo. Identificou-se percepções diversas dos profissionais de saúde sobre a psicopatia, a partir dos inúmeros aspectos descritos por eles: psicopatia como sinônimo de psicopatologia, intervenção, características, comorbidades, diagnóstico, itinerários terapêuticos, prognóstico, prevenção, entre outros. A psicopatia ainda parece ocupar um lugar nebuloso entre as psicopatologias. Foram recorrentes nas falas categorias nosográficas e os conceitos psiquiátricos como saúde-doença mental, cura, normalidade-anormalidade. Entraves para uma percepção do sujeito em detrimento da doença e para a consolidação do processo da Reforma Psiquiátrica. Inicialmente compreendida como sinônimo de psicopatologia para a maioria dos profissionais, a psicopatia ganha o status de um transtorno mental específico quando, na tentativa de nomear seu possuidor, aparece a figura do psicopata. Figura conhecida dos filmes, noticiários e causos pela frieza, manipulação, falta de empatia, agressividade e por cometer atos veemente reprovados pela sociedade sem sofrer e se culpar. A compreensão da ¿doença¿ como uma das possibilidades, ou a única, de ser no mundo, e do indivíduo com um corpo de potencialidades e singularidades em sua experiência, pode transformar o imaginário social e colocar a pessoa e não o psicopata como foco, possibilitando o delineamento de práticas de cuidados, principalmente, na infância, até então ignoradas ou colocadas em segundo plano, para uma busca ingênua por causas, diagnósticos ou características estigmatizantes.Books, films, series, soap operas and journalistic coverage all contribute to making psychopathy and its related and ¿scary¿ character, the psychopath permeate the popular imagination. Understanding the services in the field of mental health and psychosocial care as places of social exchange, welcoming and care and that the human being is not determined, but continuously created, refusing dichotomies, to understand him in constant movement and subject to different interpretations. We understand that describing psychopathy from the perception of mental health professionals can problematize the insertion of psychopathy in the agenda of public health policies, enabling the deconstruction of stigma and increasing the possibilities of incipient identification and treatment, increasing the chances of a better evolution of clinical frameworks related to personality building structuring and enabling more effective clinical and psychosocial interventions through health promotion and prevention. Therefore, we opted for the qualitative research, the critical phenomenological method and the use of unstructured, individual phenomenological interviews, guided by the guiding question ¿tell me about your perception about psychopathy¿. From the literal transcription of all speech content, contemplating all movements in the interview, including non-verbal ones, we sought a thorough and descriptive understanding of the emerging meaning, without prescribing hypotheses and a prioris, for an understanding of the intersubjective phenomenon, without pre- judgments, seeking the phenomenological reduction to privilege the speeches of the participants. Twenty-one mental health professionals from the three CAPS of the Regional III of Fortaleza, Ceará, participated. Perception about psychopathy gained various nuances and the open and free space for expression of the mundane experience of each professional also allowed the emergence of the stigma of mental illness, especially the psychopathology under study. Different perceptions of health professionals about psychopathy were identified, based on the numerous aspects described by them: psychopathy as synonymous with psychopathology, intervention, characteristics, comorbidities, diagnosis, therapeutic itineraries, prognosis, prevention, among others. Psychopathy still seems to occupy a hazy place among psychopathologies. The recurrent nosographic categories and psychiatric concepts such as health-mental illness, cure, normality-abnormality were recurrent. Barriers to a perception of the subject over the disease and to the consolidation of the Psychiatric Reform process. Initially understood as synonymous with psychopathology for most professionals, psychopathy gains the status of a specific mental disorder when, in an attempt to name its owner, the figure of the psychopath appears. A well-known figure in the movies, news and caused by coldness, manipulation, lack of empathy, aggression and committing vehemently disapproved acts by society without suffering and blaming themselves. Understanding "disease" as one or only possibility of being in the world, and of the individual with a body of potentiality and uniqueness in their experience, can transform the social imaginary and place the person rather than the psychopath as a focus, enabling the delineation of care practices, especially in childhood, hitherto ignored or placed in the background, for a naive search for causes, diagnoses or stigmatizing characteristics.Melo, Anna Karynne da SilvaMelo, Anna Karynne da SilvaBrilhante, Aline Veras MoraisMorais, Preciliana Barreto deUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Saúde ColetivaAquilino, Jamile Barreto2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/123997https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/24312porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess1899-12-30T00:00:00Zoai::123997Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:1899-12-30T00:00Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false
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