Export Ready — 

UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE

Bibliographic Details
Main Author: Costa Lopes, Ana Maria
Publication Date: 2015
Other Authors: Pinto Ferreira, Zaida
Format: Article
Language: por
Source: Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo
Download full: https://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2568
Summary: O conto Um jantar muito original inscreve-se no domínio da literatura fantástica oitocentista, conforme dilucidado, de forma consistente, por muitos estudiosos, como sejam Maria Leonor Machado de Sousa (1978:51), Maria de Lurdes Sampaio (1994:248), ou, ainda mais recentemente, Flávio Garcia (2013:37- 49), entre outros. Uma vez que o mistério, o horror e o fantástico são aqui usados para expressar os desvios da mente perversa do protagonista, Herr Prosit, iremos enveredar por uma análise de cariz psicanalítico, por considerarmos que esta abordagem nos poderá proporcionar informação acrescida sobre as motivações do protagonista que, em nosso entendimento, funciona como arquétipo, ou espelho (se preferirmos), das restantes personagens. Neste domínio, importa discutir a natureza dos mecanismos identificatórios que, no contexto de uma sociedade “dubia, marginal” (PESSOA, 2008:13), como era a Sociedade Gastronómica de Berlim, se traduzem numa dialética sujeito-»abjeto. Esta dialética inaugura os atos de narcisismo, masoquismo, sadismo, voyeurismo, neurose e perversão protagonizados por Herr Prosit e tacitamente sancionados por toda a Sociedade que o escolheu para presidente, ou seja, para os representar. Importa notar que o conhecimento do ato hediondo do qual involuntariamente tinham participado não refreou os impulsos destrutivos dos membros da sociedade gastronómica. Muito pelo contrário. Agindo como um só corpo, os gastrónomos desferem sobre Prosit todo o ódio, violência e fúria outrora reprimidos em prol de um suposto culto pela arte, ato do qual retiram igual jouissance à que o protagonista obtivera. Averiguase assim que o inconsciente, uma vez instalado (provisória ou definitivamente) no lugar do ego, estilhaçará irreversivelmente qualquer suposto apreço pela beleza, pela arte ou pela civilização.
id UESB-3_ecda63fc8d153d178c118fbd25d175f7
oai_identifier_str oai:periodicos.periodicos2.uesb.br:article/2568
network_acronym_str UESB-3
network_name_str Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo
repository_id_str
spelling UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADEIdentificaçãosujeitoabjetoneuroseperversãoO conto Um jantar muito original inscreve-se no domínio da literatura fantástica oitocentista, conforme dilucidado, de forma consistente, por muitos estudiosos, como sejam Maria Leonor Machado de Sousa (1978:51), Maria de Lurdes Sampaio (1994:248), ou, ainda mais recentemente, Flávio Garcia (2013:37- 49), entre outros. Uma vez que o mistério, o horror e o fantástico são aqui usados para expressar os desvios da mente perversa do protagonista, Herr Prosit, iremos enveredar por uma análise de cariz psicanalítico, por considerarmos que esta abordagem nos poderá proporcionar informação acrescida sobre as motivações do protagonista que, em nosso entendimento, funciona como arquétipo, ou espelho (se preferirmos), das restantes personagens. Neste domínio, importa discutir a natureza dos mecanismos identificatórios que, no contexto de uma sociedade “dubia, marginal” (PESSOA, 2008:13), como era a Sociedade Gastronómica de Berlim, se traduzem numa dialética sujeito-»abjeto. Esta dialética inaugura os atos de narcisismo, masoquismo, sadismo, voyeurismo, neurose e perversão protagonizados por Herr Prosit e tacitamente sancionados por toda a Sociedade que o escolheu para presidente, ou seja, para os representar. Importa notar que o conhecimento do ato hediondo do qual involuntariamente tinham participado não refreou os impulsos destrutivos dos membros da sociedade gastronómica. Muito pelo contrário. Agindo como um só corpo, os gastrónomos desferem sobre Prosit todo o ódio, violência e fúria outrora reprimidos em prol de um suposto culto pela arte, ato do qual retiram igual jouissance à que o protagonista obtivera. Averiguase assim que o inconsciente, uma vez instalado (provisória ou definitivamente) no lugar do ego, estilhaçará irreversivelmente qualquer suposto apreço pela beleza, pela arte ou pela civilização.Edições UESB2015-09-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2568REDISCO – Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo; v. 6 n. 2 (2014): Vol. 6, No 22316-1213reponame:Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpoinstname:Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)instacron:UESBporhttps://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2568/2124Costa Lopes, Ana MariaPinto Ferreira, Zaidainfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-03-25T04:39:53Zoai:periodicos.periodicos2.uesb.br:article/2568Revistahttp://periodicos2.uesb.br/index.php/rediscoPUBhttp://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/oai||redisco.uesb@gmail.com2316-12132316-1213opendoar:2023-01-09T15:27:19.679741Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)true
dc.title.none.fl_str_mv UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
title UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
spellingShingle UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
Costa Lopes, Ana Maria
Identificação
sujeito
abjeto
neurose
perversão
title_short UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
title_full UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
title_fullStr UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
title_full_unstemmed UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
title_sort UM JANTAR MUITO ORIGINAL: DA CICATRIZ DA HUMILHAÇÃO À DINÂMICA DA NEUROSE E DA PERVERSIDADE
author Costa Lopes, Ana Maria
author_facet Costa Lopes, Ana Maria
Pinto Ferreira, Zaida
author_role author
author2 Pinto Ferreira, Zaida
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Costa Lopes, Ana Maria
Pinto Ferreira, Zaida
dc.subject.por.fl_str_mv Identificação
sujeito
abjeto
neurose
perversão
topic Identificação
sujeito
abjeto
neurose
perversão
description O conto Um jantar muito original inscreve-se no domínio da literatura fantástica oitocentista, conforme dilucidado, de forma consistente, por muitos estudiosos, como sejam Maria Leonor Machado de Sousa (1978:51), Maria de Lurdes Sampaio (1994:248), ou, ainda mais recentemente, Flávio Garcia (2013:37- 49), entre outros. Uma vez que o mistério, o horror e o fantástico são aqui usados para expressar os desvios da mente perversa do protagonista, Herr Prosit, iremos enveredar por uma análise de cariz psicanalítico, por considerarmos que esta abordagem nos poderá proporcionar informação acrescida sobre as motivações do protagonista que, em nosso entendimento, funciona como arquétipo, ou espelho (se preferirmos), das restantes personagens. Neste domínio, importa discutir a natureza dos mecanismos identificatórios que, no contexto de uma sociedade “dubia, marginal” (PESSOA, 2008:13), como era a Sociedade Gastronómica de Berlim, se traduzem numa dialética sujeito-»abjeto. Esta dialética inaugura os atos de narcisismo, masoquismo, sadismo, voyeurismo, neurose e perversão protagonizados por Herr Prosit e tacitamente sancionados por toda a Sociedade que o escolheu para presidente, ou seja, para os representar. Importa notar que o conhecimento do ato hediondo do qual involuntariamente tinham participado não refreou os impulsos destrutivos dos membros da sociedade gastronómica. Muito pelo contrário. Agindo como um só corpo, os gastrónomos desferem sobre Prosit todo o ódio, violência e fúria outrora reprimidos em prol de um suposto culto pela arte, ato do qual retiram igual jouissance à que o protagonista obtivera. Averiguase assim que o inconsciente, uma vez instalado (provisória ou definitivamente) no lugar do ego, estilhaçará irreversivelmente qualquer suposto apreço pela beleza, pela arte ou pela civilização.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-09-27
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2568
url https://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2568
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2568/2124
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Edições UESB
publisher.none.fl_str_mv Edições UESB
dc.source.none.fl_str_mv REDISCO – Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo; v. 6 n. 2 (2014): Vol. 6, No 2
2316-1213
reponame:Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo
instname:Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
instacron:UESB
instname_str Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
instacron_str UESB
institution UESB
reponame_str Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo
collection Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo
repository.name.fl_str_mv Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
repository.mail.fl_str_mv ||redisco.uesb@gmail.com
_version_ 1798320949572927489