A dança livre é eficaz nos aspectos psicológicos em mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama? Um ensaio clínico randomizado
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Udesc |
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Texto Completo: | https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/21040 |
Resumo: | Introdução: O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, sendo o tipo mais comum de câncer em mulheres no mundo e com maior ocorrência no Brasil. O tratamento geralmente consiste em uma combinação de remoção cirúrgica, radioterapia e medicação (terapia hormonal, quimioterapia e/ou terapia biológica direcionada). As alterações físicas em decorrência da doença, refletem ainda nos aspectos psicológicos dessas mulheres. Deste modo, formas de terapias complementares a farmacológica, podem ser benéficas às mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama. Assim, acredita-se que a dança livre pode desempenhar um papel importante como tratamento-não farmacológico, promovendo benefícios psicológicos para sobreviventes do câncer de mama. Objetivo: Analisar os efeitos da dança livre nos aspectos psicológicos de mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama, comparado ao grupo controle e ao grupo referência sem o câncer de mama. Métodos: Ensaio clínico randomizado (ECR) de três braços composto por mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama (57,7±9,0 anos) e mulheres sem o câncer de mama (51,5±10,8 anos), divididas em três grupos: a) grupo intervenção (GI - n= 11) que recebeu 12 semanas de dança livre; b) grupo controle (GC - n= 12) que manteve suas atividades de rotina; e c) grupo referência sem câncer de mama (GRSCM - n= 12) que foi pareado por idade e não poderia realizar exercícios físicos no período do estudo. A intervenção de dança livre teve 12 semanas de duração, com sessões de 60 minutos e realizada duas vezes na semana, no ginásio 1 do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte, da Universidade do Estado de Santa Catarina. O GC e GRSCM foram orientados a manter sua rotina diária, além de receberem ligações telefônicas nas 4ª, 8ª e 12ª semanas após o início da intervenção, a fim controlar a não realização da prática de exercício físico. Os desfechos avaliados foram nomeadamente, função sexual (Female Sexual Function Index), autoestima (Escala de Autoestima), sintomas depressivos (Inventário de Depressão de Beck), ansiedade (Inventário de ansiedade de Beck), estresse (Escala de Estresse Percebido), estado de humor (Escala de humor de Brunel), perspectiva do envelhecimento (Inventário de Sheppard) e otimismo (Teste de orientação da vida). Foram também incluídas avaliações das variáveis clínicas e pessoais (formulário construído pela autora baseado na literatura). As coletas dos dados foram realizadas no CEFID/UDESC, agendadas previamente com cada participante. A análise estatística foi realizada por meio dos testes Qui- Quadrado ou Exato de Fisher, ANOVA one-way, Teste T para amostras independentes, Regressão Linear Múltipla, aplicando-se o método Enter de seleção das variáveis, ANOVA two-way com medidas repetidas, Análise de Covariância (ANCOVA) e comparação múltipla pelo teste de Sydak. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Os resultados deste ECR mostraram uma homogeneidade entre os grupos pesquisados, havendo apenas diferença estatisticamente significativa entre os grupos no período baseline na variável profissão (p=0,016). As participantes tiveram idade média de 56,2±10,6 anos (GI, GC e GRSCM), em sua maioria estudaram até o ensino médio (45,7%), tinham companheiros (57,1%), apresentavam vínculo empregatício (48,6%), não faziam uso de medicamentos para depressão ou ansiedade (85,7%), eram ativas sexualmente (60%) e estavam acima do peso (51,4%). Quanto as variáveis clínicas (somente GI e GR), as mulheres estavam em pós-tratamento para o câncer de mama (52,2%), haviam feito radioterapia e quimioterapia como tratamento anterior (30,4%), realizaram mastectomia (60,9%), não realizaram a reconstrução mamária (56,5%) e fizeram o esvaziamento axilar e/ou linfonodo sentinela (91,3%). Os resultados apresentados no artigo 1 (capítulo III) desta dissertação mostraram que após 12 semanas de intervenção de dança livre não houveram mudanças significativas na função sexual no intragrupo GI e GRSCM. O intragrupo GC obteve piora estatisticamente significativa na função sexual, nos domínios excitação (p=0,018), lubrificação (p≤0,001), satisfação (p=0,003), desconforto (p=0,004) e nos escores totais (p=0,002). Foi observado diferença estatisticamente significativa intergrupo no domínio desconforto (p≤0.001) da função sexual, em relação ao melhor resultado do GRSCM em comparação ao GI e GC. Na variável estado de humor, são observadas melhoras no domínio confusão mental (p=0,022) no intragrupo GI, e ainda após o cálculo da mudança de escores houve diminuição dos sintomas de raiva, depressão, fadiga e tensão e aumento do vigor, porém sem significância estatística. Ainda foram observadas mudanças estatisticamente significativas intergrupo nos domínios fadiga (p=0,010) e tensão (p=0,027) em relação aos piores resultados do GRSCM em comparação ao GI e GC. Não foram achadas diferenças estatisticamente significativas para a variável autoestima. No artigo 2 (capítulo IV), foram observadas melhoras estatisticamente significativas no intragrupo GI nos sintomas depressivos (p=0,025), na ansiedade (p=0,009) e no estresse (p=0,050). Não foram encontradas diferenças significativas no intragrupo GC e GRSCM. Na associação das variáveis (sintomas depressivos, ansiedade e estresse), o GRSCM obteve piora na análise simples, na ansiedade (p≤0,001) e estresse (p=0,040), e também piora na análise ajustada para ansiedade (p≤0,001) e estresse (p=0,025). No artigo 3 (capítulo V), foram observadas melhoras intragrupo GI na variável estado de humor, nos domínios confusão mental (p=0,012) e tensão (p=0,005) e na perspectiva de envelhecimento, no domínio solidão (p=0,021). No intragrupo GRSCM, houve melhora na perspectiva de envelhecimento no domínio solidão (p=0,021) e piora dos domínios felicidade (p=0,001) e integridade (p≤0.001). Houve piora intergrupo do GRSCM em comparação ao GI, no estado de humor, no domínio tensão (p=0,004). Não foram encontradas mudanças significativas para a variável otimismo. Conclusão: Este estudo indica que uma intervenção de 12 semanas de dança livre teve efeitos positivos na confusão mental e tensão (estado de humor), nos sintomas depressivos, na ansiedade, no estresse e na solidão (perspectiva de envelhecimento). Portanto, considera- se que esta dissertação forneceu evidências inovadoras acerca dos efeitos da dança livre para mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama. |
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Objetivo: Analisar os efeitos da dança livre nos aspectos psicológicos de mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama, comparado ao grupo controle e ao grupo referência sem o câncer de mama. Métodos: Ensaio clínico randomizado (ECR) de três braços composto por mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama (57,7±9,0 anos) e mulheres sem o câncer de mama (51,5±10,8 anos), divididas em três grupos: a) grupo intervenção (GI - n= 11) que recebeu 12 semanas de dança livre; b) grupo controle (GC - n= 12) que manteve suas atividades de rotina; e c) grupo referência sem câncer de mama (GRSCM - n= 12) que foi pareado por idade e não poderia realizar exercícios físicos no período do estudo. A intervenção de dança livre teve 12 semanas de duração, com sessões de 60 minutos e realizada duas vezes na semana, no ginásio 1 do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte, da Universidade do Estado de Santa Catarina. O GC e GRSCM foram orientados a manter sua rotina diária, além de receberem ligações telefônicas nas 4ª, 8ª e 12ª semanas após o início da intervenção, a fim controlar a não realização da prática de exercício físico. Os desfechos avaliados foram nomeadamente, função sexual (Female Sexual Function Index), autoestima (Escala de Autoestima), sintomas depressivos (Inventário de Depressão de Beck), ansiedade (Inventário de ansiedade de Beck), estresse (Escala de Estresse Percebido), estado de humor (Escala de humor de Brunel), perspectiva do envelhecimento (Inventário de Sheppard) e otimismo (Teste de orientação da vida). Foram também incluídas avaliações das variáveis clínicas e pessoais (formulário construído pela autora baseado na literatura). As coletas dos dados foram realizadas no CEFID/UDESC, agendadas previamente com cada participante. A análise estatística foi realizada por meio dos testes Qui- Quadrado ou Exato de Fisher, ANOVA one-way, Teste T para amostras independentes, Regressão Linear Múltipla, aplicando-se o método Enter de seleção das variáveis, ANOVA two-way com medidas repetidas, Análise de Covariância (ANCOVA) e comparação múltipla pelo teste de Sydak. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Os resultados deste ECR mostraram uma homogeneidade entre os grupos pesquisados, havendo apenas diferença estatisticamente significativa entre os grupos no período baseline na variável profissão (p=0,016). As participantes tiveram idade média de 56,2±10,6 anos (GI, GC e GRSCM), em sua maioria estudaram até o ensino médio (45,7%), tinham companheiros (57,1%), apresentavam vínculo empregatício (48,6%), não faziam uso de medicamentos para depressão ou ansiedade (85,7%), eram ativas sexualmente (60%) e estavam acima do peso (51,4%). 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Conclusão: Este estudo indica que uma intervenção de 12 semanas de dança livre teve efeitos positivos na confusão mental e tensão (estado de humor), nos sintomas depressivos, na ansiedade, no estresse e na solidão (perspectiva de envelhecimento). Portanto, considera- se que esta dissertação forneceu evidências inovadoras acerca dos efeitos da dança livre para mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama.Guimaraes, Adriana Coutinho De AzevedoSilveira, Juliana da2025-05-15T20:51:49Z2023info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis224 f.application/pdfSILVEIRA, Juliana da. <b>A dança livre é eficaz nos aspectos psicológicos em mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama? Um ensaio clínico randomizado</b>. 2025. Dissertação (Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano) - Udesc, Florianópolis, 2023. Disponível em: https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/21040. Acesso em: insira aqui a data de acesso ao material. Ex: 18 fev. 2025.https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/21040ark:/33523/001300000k9swAttribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Udescinstname:Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)instacron:UDESC2025-05-16T06:02:29Zoai:repositorio.udesc.br:UDESC/21040Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://pergamumweb.udesc.br/biblioteca/index.phpPRIhttps://repositorio-api.udesc.br/server/oai/requestri@udesc.bropendoar:63912025-05-16T06:02:29Repositório Institucional da Udesc - Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)false |
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Métodos: Ensaio clínico randomizado (ECR) de três braços composto por mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama (57,7±9,0 anos) e mulheres sem o câncer de mama (51,5±10,8 anos), divididas em três grupos: a) grupo intervenção (GI - n= 11) que recebeu 12 semanas de dança livre; b) grupo controle (GC - n= 12) que manteve suas atividades de rotina; e c) grupo referência sem câncer de mama (GRSCM - n= 12) que foi pareado por idade e não poderia realizar exercícios físicos no período do estudo. A intervenção de dança livre teve 12 semanas de duração, com sessões de 60 minutos e realizada duas vezes na semana, no ginásio 1 do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte, da Universidade do Estado de Santa Catarina. O GC e GRSCM foram orientados a manter sua rotina diária, além de receberem ligações telefônicas nas 4ª, 8ª e 12ª semanas após o início da intervenção, a fim controlar a não realização da prática de exercício físico. Os desfechos avaliados foram nomeadamente, função sexual (Female Sexual Function Index), autoestima (Escala de Autoestima), sintomas depressivos (Inventário de Depressão de Beck), ansiedade (Inventário de ansiedade de Beck), estresse (Escala de Estresse Percebido), estado de humor (Escala de humor de Brunel), perspectiva do envelhecimento (Inventário de Sheppard) e otimismo (Teste de orientação da vida). Foram também incluídas avaliações das variáveis clínicas e pessoais (formulário construído pela autora baseado na literatura). As coletas dos dados foram realizadas no CEFID/UDESC, agendadas previamente com cada participante. A análise estatística foi realizada por meio dos testes Qui- Quadrado ou Exato de Fisher, ANOVA one-way, Teste T para amostras independentes, Regressão Linear Múltipla, aplicando-se o método Enter de seleção das variáveis, ANOVA two-way com medidas repetidas, Análise de Covariância (ANCOVA) e comparação múltipla pelo teste de Sydak. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Os resultados deste ECR mostraram uma homogeneidade entre os grupos pesquisados, havendo apenas diferença estatisticamente significativa entre os grupos no período baseline na variável profissão (p=0,016). As participantes tiveram idade média de 56,2±10,6 anos (GI, GC e GRSCM), em sua maioria estudaram até o ensino médio (45,7%), tinham companheiros (57,1%), apresentavam vínculo empregatício (48,6%), não faziam uso de medicamentos para depressão ou ansiedade (85,7%), eram ativas sexualmente (60%) e estavam acima do peso (51,4%). Quanto as variáveis clínicas (somente GI e GR), as mulheres estavam em pós-tratamento para o câncer de mama (52,2%), haviam feito radioterapia e quimioterapia como tratamento anterior (30,4%), realizaram mastectomia (60,9%), não realizaram a reconstrução mamária (56,5%) e fizeram o esvaziamento axilar e/ou linfonodo sentinela (91,3%). Os resultados apresentados no artigo 1 (capítulo III) desta dissertação mostraram que após 12 semanas de intervenção de dança livre não houveram mudanças significativas na função sexual no intragrupo GI e GRSCM. O intragrupo GC obteve piora estatisticamente significativa na função sexual, nos domínios excitação (p=0,018), lubrificação (p≤0,001), satisfação (p=0,003), desconforto (p=0,004) e nos escores totais (p=0,002). Foi observado diferença estatisticamente significativa intergrupo no domínio desconforto (p≤0.001) da função sexual, em relação ao melhor resultado do GRSCM em comparação ao GI e GC. Na variável estado de humor, são observadas melhoras no domínio confusão mental (p=0,022) no intragrupo GI, e ainda após o cálculo da mudança de escores houve diminuição dos sintomas de raiva, depressão, fadiga e tensão e aumento do vigor, porém sem significância estatística. 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