Modernização urbana e formação de uma esfera cultural na cidade de Salvador

Bibliographic Details
Main Author: Rodrigues, Fernando
Publication Date: 2003
Other Authors: UCSAL, Universidade Católica do Salvador
Format: Conference object
Language: por
Source: Repositório Institucional da UCSAL
Download full: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/2007
Summary: A comunicação ora proposta é a realização parcial de um projeto de pesquisa mais amplo. Tendo em vista a atual aceleração do processo de mercantilização de práticas culturais e símbolos referentes à imagem da Bahia como um lugar de tradição, o projeto consiste em estudar interpretativamente uma trajetória de relações que constituem uma esfera do entretenimento-turismo em Salvador. Isto significa dizer que o objetivo principal do projeto é o de apreender historicamente a estruturação geracional de práticas e símbolos que passam a ser reconhecidos especificamente como bens de diversão e lazer, predominando nessas disposições corporais uma racionalidade lúdico-artística, deslocando em sua historicidade referências religiosas e políticas. Esse deslocamento implica uma remodelação dos modos de coordenação das relações sociais na cidade de Salvador, que tem se dado mais explicitamente ao longo da segunda metade do séc. XX. Porém, para apreender o percurso desse processo das formas de socialização em Salvador julgamos importante voltarmos aos padrões das relações sociais configurados no final do séc. XIX e início do séc XX na cidade. Ou seja, entendemos que para compreender o atual processo de mercantilização de práticas e bens culturais referidos ao ideal de Bahia precisamos dar conta da configuração de relações em uma longa duração, apreendendo as interdependências entre as diversas elites na cidade e os diversos estratos subalternos. Nessa medida, perguntamos ao mesmo tempo porque os caminhos que coordenam as relações sociais em Salvador tomam um determinado destino (direção) e não outro. Assim, este projeto pretende indagar sobre a estruturação das relações sociais em que a tradição galga lugar decisivo como quadro de valores legítimo e básico à compreensão coletiva engendrada pelas lógicas de modernização, segundo determinações étnico-históricas específicas (FARIAS,2001, p. 10). Interessante averiguar – à proposta veiculada neste projeto – quais as condições sócio-históricas as quais uma narrativa abrangente dos sentimentos coletivos é tecida e quais entrecruzamentos, na expansão de particulares instituições da modernidade, possibilitam os desdobramentos de tradições. No caso específico, como em determinadas situações as formas étnico-históricas se tornam objeto de ressignificação na correlação com a expansão de instituições como o entretenimento-turismo. Ou seja, os signos de tradição são mobilizados dentro de uma sistemática translocal alimentada por uma sensibilidade que fundamenta a produção e o consumo de lazer e diversão na contemporaneidade. A sugestão analítica na qual esta proposta se fundamenta é a de entender a esfera de formação dos reconhecimentos sociais como um lugar intersticial que conforma as especificidades de interpenetração de vários planos de coordenação das relações humanas. Ressalta-se a porosidade dos lugares que situam os significados das práticas cotidianas, entendendo-as como fronteiras a partir das quais são tecidas as compreensões coletivas que figuram um estatuto de segurança ontológica. Referindo a proposta deste projeto, o que se pretende é trabalhar sócio-historicamente a ambivalência da interpenetração de instituições e valores modernos, especificamente aqueles referidos ao entretenimento-turismo, às formas étnico-históricas desenvolvidas e formatadas ao longo do predomínio do controle dos fluxos simbólicos pelo Estado. Porém, esse redimensionamento dos canais de trocas simbólicas interessa, principalmente, porque apontam para as estruturas de interdependências translocais que dialoga, ao se imiscuir, com um processo de desenvolvimento de específicas economias da corporeidade, em que gostos, gestos, trejeitos, etiquetas, hábitos, formas de fala, lógicas de raciocínio, enfim, modos de orientação da ação, como entende Norbert Elias (1993, p.268), se formam e conformam ao se intercruzarem com sentidos fabricados em instâncias de alcance mundial e de acentuado grau de institucionalização – ainda que de forma descentralizada – como a esfera do consumo. Nesses termos, a perspectiva metodológica que parametra, nesta proposta, a apreensão do processo sócio-histórico e as formas específicas de estruturas sociais é o método configuracional de longa duração, proposto por Norbert Elias. Essa metodologia implica a percepção da mudança histórico-social como um encadeamento multifacetado de dependências mútuas entre os homens, no qual são forjados relacionamentos que estruturam determinadas economias psíquicas e corporais. As dependências que contingenciam as possibilidades de práticas e entendimentos humanos não são tomadas como uma imposição unilateral de alguns indivíduos sobre outros, como se fosse possível formular e constituir ordens sociais provenientes das escolhas e ações de algumas pessoas. As disposições pessoais são situadas na própria maneira como se estabelecem as interligações humanas que ordenam a proporção das dependências sociais. Ou seja, estas não são vistas como movimentos unilaterais de forças individuais, mas são entendidas nas desproporções de poder que se relacionam, formando interdependências funcionais que estão inextricavelmente ligadas entre si, constituindo o desenvolvimento do tecido social (ELIAS, 1993, p.194-198). Considerando as linhas gerais do projeto de pesquisa, a comunicação ora proposta pretende debater e sugerir relações entre o processo de modernização urbana conduzido pelas elites políticas e financeiras baianas e a formação de uma esfera do entretenimento em Salvador. Considera-se, para isso, a especifica configuração de relações entre os anos 10 e 20 do séc. XX. Nesta estrutura se percebe, por um lado, um ímpeto modernizante das elites políticas e financeiras visando realizar ideais modernos de higienização e estetização dos espaços urbanos, em outra dimensão surgem segmentos de intelectuais, ligados ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que se posicionam ceticamente em relação aos ideais modernos nos termos progressistas, e ainda em outra dimensão está se dando um processo de sedimentação e institucionalização dos rituais de Candomblé, que passam a desempenhar um papel importante na coordenação das relações sociais, principalmente no que se refere ao tempo do ócio de estratos subalternos negro-mestiços. A comunicação visa debater e sugerir formas de complementaridade e repulsão desses estratos anteriormente mencionados, pensando a hipótese de essa configuração de relações nos anos 10 e 20 estar gestando as condições tanto para uma aproximação entre artistas populares baianos e estratos burocráticos do estado da Bahia e, por outro, uma importante produção intelectual por parte de antropólogos, historiadores, cronistas e folcloristas que tomam a Bahia como objeto de estudo e, também, em graus distintos, se aproximam do ordenamento estatal nos anos 30 e 40. Diante desse enquadramento empírico, alguns objetivos são traçados e é apresentado um perfil das técnicas para o desenvolvimento da pesquisa. Pretende-se realizar uma história social do turismo e do entretenimento no Estado da Bahia, reconstruindo o processo de formação de uma estrutura turística no estado, visando oferecer um mapa de recursos mobilizados no processo de mercantilização da cultura. Na esteira desse esforço, quer-se explicitar os tipos de agentes e instituições que emergem no processo mencionado, buscando suas relações com as transformações que situam as manifestações culturais populares e lugares geográficos da Bahia no mercado transnacional de lazer e entretenimento. Em outros termos, como esse conjunto de relações apontado possibilita a inserção da Bahia como destino turístico e como parte da memória da cultura popular mundial, na especificidade da sua inserção na tradição brasileira. Assim, o mapeamento empírico da pesquisa tem como um dos pontos centrais a montagem de infra-estrutura e da organização turística no estado, visando ao mesmo tempo as estratégias de marketing da divulgação da Bahia como um produto turístico. Busca-se ainda a relação dessas estratégias com o mapeamento da expansão do setor de serviços na cidade de Salvador e do entendimento das políticas públicas que reverbera na presença maior de estratos do mercado empresarial, definindo interesses em mobilizar a cultura numa disposição mercantil (empresas de comunicação, bancos, etc.), o que nos leva a mapear a correlação de forças de grupos dirigentes em Salvador e no Recôncavo no período que vai do final do Império até o final da República Velha, tendo em vista a reconstrução sócio-histórica do processo de constituição do Estado brasileiro, porém, privilegiando, a formação de aparatos estatais que conformam a Bahia como um estado da federação. Para isto, priorizar-se-á a literatura especializada das ciências humanas (historiográfica, sociológica, antropológica), além de fontes como as da literatura referente ao período em estudo. Na esteira desse mapa é proposta a historicização do surgimento de órgãos estatais destinados à guarda e consagração da cultura no Estado da Bahia, atentando-se para o empenho desses aparatos em dar forma a uma cultura baiana na especificidade da experiência da formação nacional brasileira. Para atingir esse fim pretende-se priorizar o trabalho com fontes documentais. Recorrer-se-á a arquivos de instituições locais de cultura, arquivos de instituições afins e bibliotecas com o fim de recolher deliberações, programas, éditos, mensagens, relatórios, atas, pronunciantes, projetos, correspondências, entre outros documentos. Também se pretende apreender a trajetória da formação dos círculos e instituições intelectuais em Salvador, a fim de compreender o quanto elas co-participam do processo de racionalização desse quadro de valores que plasmam o reconhecimento de uma cultura baiana. A partir daí pretende-se apresentar, interpretativamente, a configuração das interdependências políticas, econômicas e culturais que possibilita o reconhecimento de manifestações e expressões lúdico-artísticas de estratos subalternos como cultura popular da Bahia. Retomando o debate sobre cultura popular, atenta-se para a especificidade do seu modo de inserção na “esfera pública nacional e mundial”, considerando tanto a historicidade que a apreende na formação de legitimidades estatais-regionais, quanto como reconhecida dentro do acervo simbólico especializado ligado à produção de entretenimento-lazer. Nestes termos, dar-se-á importância à cobertura jornalística das atitudes do poder público e de representantes de grupos com impacto sobre o tema da cultura do período a ser estudado, com a pretensão de identificar as correlações de grupos e a maneira como se forma as legitimações culturais. Disto decorre a identificação dos grupos especializados na produção e organização cultural, logo, do tecido que configura uma esfera da cultura em Salvador que propicia o entrelaçamento de produtores especialistas de cultura popular, o Estado e o mercado coordenado pelas indústrias culturais, especialmente aquelas ligadas mais diretamente ao entretenimento-turismo. Nestes termos prepara-se o horizonte para a remodelação do entendimento dos espaços sociais no entrecruzamento de linguagens da tradição e valores da civilização moderna.
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Isto significa dizer que o objetivo principal do projeto é o de apreender historicamente a estruturação geracional de práticas e símbolos que passam a ser reconhecidos especificamente como bens de diversão e lazer, predominando nessas disposições corporais uma racionalidade lúdico-artística, deslocando em sua historicidade referências religiosas e políticas. Esse deslocamento implica uma remodelação dos modos de coordenação das relações sociais na cidade de Salvador, que tem se dado mais explicitamente ao longo da segunda metade do séc. XX. Porém, para apreender o percurso desse processo das formas de socialização em Salvador julgamos importante voltarmos aos padrões das relações sociais configurados no final do séc. XIX e início do séc XX na cidade. Ou seja, entendemos que para compreender o atual processo de mercantilização de práticas e bens culturais referidos ao ideal de Bahia precisamos dar conta da configuração de relações em uma longa duração, apreendendo as interdependências entre as diversas elites na cidade e os diversos estratos subalternos. Nessa medida, perguntamos ao mesmo tempo porque os caminhos que coordenam as relações sociais em Salvador tomam um determinado destino (direção) e não outro. Assim, este projeto pretende indagar sobre a estruturação das relações sociais em que a tradição galga lugar decisivo como quadro de valores legítimo e básico à compreensão coletiva engendrada pelas lógicas de modernização, segundo determinações étnico-históricas específicas (FARIAS,2001, p. 10). Interessante averiguar – à proposta veiculada neste projeto – quais as condições sócio-históricas as quais uma narrativa abrangente dos sentimentos coletivos é tecida e quais entrecruzamentos, na expansão de particulares instituições da modernidade, possibilitam os desdobramentos de tradições. No caso específico, como em determinadas situações as formas étnico-históricas se tornam objeto de ressignificação na correlação com a expansão de instituições como o entretenimento-turismo. Ou seja, os signos de tradição são mobilizados dentro de uma sistemática translocal alimentada por uma sensibilidade que fundamenta a produção e o consumo de lazer e diversão na contemporaneidade. A sugestão analítica na qual esta proposta se fundamenta é a de entender a esfera de formação dos reconhecimentos sociais como um lugar intersticial que conforma as especificidades de interpenetração de vários planos de coordenação das relações humanas. 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Porém, esse redimensionamento dos canais de trocas simbólicas interessa, principalmente, porque apontam para as estruturas de interdependências translocais que dialoga, ao se imiscuir, com um processo de desenvolvimento de específicas economias da corporeidade, em que gostos, gestos, trejeitos, etiquetas, hábitos, formas de fala, lógicas de raciocínio, enfim, modos de orientação da ação, como entende Norbert Elias (1993, p.268), se formam e conformam ao se intercruzarem com sentidos fabricados em instâncias de alcance mundial e de acentuado grau de institucionalização – ainda que de forma descentralizada – como a esfera do consumo. Nesses termos, a perspectiva metodológica que parametra, nesta proposta, a apreensão do processo sócio-histórico e as formas específicas de estruturas sociais é o método configuracional de longa duração, proposto por Norbert Elias. 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Busca-se ainda a relação dessas estratégias com o mapeamento da expansão do setor de serviços na cidade de Salvador e do entendimento das políticas públicas que reverbera na presença maior de estratos do mercado empresarial, definindo interesses em mobilizar a cultura numa disposição mercantil (empresas de comunicação, bancos, etc.), o que nos leva a mapear a correlação de forças de grupos dirigentes em Salvador e no Recôncavo no período que vai do final do Império até o final da República Velha, tendo em vista a reconstrução sócio-histórica do processo de constituição do Estado brasileiro, porém, privilegiando, a formação de aparatos estatais que conformam a Bahia como um estado da federação. Para isto, priorizar-se-á a literatura especializada das ciências humanas (historiográfica, sociológica, antropológica), além de fontes como as da literatura referente ao período em estudo. 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A partir daí pretende-se apresentar, interpretativamente, a configuração das interdependências políticas, econômicas e culturais que possibilita o reconhecimento de manifestações e expressões lúdico-artísticas de estratos subalternos como cultura popular da Bahia. Retomando o debate sobre cultura popular, atenta-se para a especificidade do seu modo de inserção na “esfera pública nacional e mundial”, considerando tanto a historicidade que a apreende na formação de legitimidades estatais-regionais, quanto como reconhecida dentro do acervo simbólico especializado ligado à produção de entretenimento-lazer. Nestes termos, dar-se-á importância à cobertura jornalística das atitudes do poder público e de representantes de grupos com impacto sobre o tema da cultura do período a ser estudado, com a pretensão de identificar as correlações de grupos e a maneira como se forma as legitimações culturais. 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Porém, para apreender o percurso desse processo das formas de socialização em Salvador julgamos importante voltarmos aos padrões das relações sociais configurados no final do séc. XIX e início do séc XX na cidade. Ou seja, entendemos que para compreender o atual processo de mercantilização de práticas e bens culturais referidos ao ideal de Bahia precisamos dar conta da configuração de relações em uma longa duração, apreendendo as interdependências entre as diversas elites na cidade e os diversos estratos subalternos. Nessa medida, perguntamos ao mesmo tempo porque os caminhos que coordenam as relações sociais em Salvador tomam um determinado destino (direção) e não outro. Assim, este projeto pretende indagar sobre a estruturação das relações sociais em que a tradição galga lugar decisivo como quadro de valores legítimo e básico à compreensão coletiva engendrada pelas lógicas de modernização, segundo determinações étnico-históricas específicas (FARIAS,2001, p. 10). Interessante averiguar – à proposta veiculada neste projeto – quais as condições sócio-históricas as quais uma narrativa abrangente dos sentimentos coletivos é tecida e quais entrecruzamentos, na expansão de particulares instituições da modernidade, possibilitam os desdobramentos de tradições. No caso específico, como em determinadas situações as formas étnico-históricas se tornam objeto de ressignificação na correlação com a expansão de instituições como o entretenimento-turismo. Ou seja, os signos de tradição são mobilizados dentro de uma sistemática translocal alimentada por uma sensibilidade que fundamenta a produção e o consumo de lazer e diversão na contemporaneidade. A sugestão analítica na qual esta proposta se fundamenta é a de entender a esfera de formação dos reconhecimentos sociais como um lugar intersticial que conforma as especificidades de interpenetração de vários planos de coordenação das relações humanas. Ressalta-se a porosidade dos lugares que situam os significados das práticas cotidianas, entendendo-as como fronteiras a partir das quais são tecidas as compreensões coletivas que figuram um estatuto de segurança ontológica. Referindo a proposta deste projeto, o que se pretende é trabalhar sócio-historicamente a ambivalência da interpenetração de instituições e valores modernos, especificamente aqueles referidos ao entretenimento-turismo, às formas étnico-históricas desenvolvidas e formatadas ao longo do predomínio do controle dos fluxos simbólicos pelo Estado. Porém, esse redimensionamento dos canais de trocas simbólicas interessa, principalmente, porque apontam para as estruturas de interdependências translocais que dialoga, ao se imiscuir, com um processo de desenvolvimento de específicas economias da corporeidade, em que gostos, gestos, trejeitos, etiquetas, hábitos, formas de fala, lógicas de raciocínio, enfim, modos de orientação da ação, como entende Norbert Elias (1993, p.268), se formam e conformam ao se intercruzarem com sentidos fabricados em instâncias de alcance mundial e de acentuado grau de institucionalização – ainda que de forma descentralizada – como a esfera do consumo. Nesses termos, a perspectiva metodológica que parametra, nesta proposta, a apreensão do processo sócio-histórico e as formas específicas de estruturas sociais é o método configuracional de longa duração, proposto por Norbert Elias. Essa metodologia implica a percepção da mudança histórico-social como um encadeamento multifacetado de dependências mútuas entre os homens, no qual são forjados relacionamentos que estruturam determinadas economias psíquicas e corporais. As dependências que contingenciam as possibilidades de práticas e entendimentos humanos não são tomadas como uma imposição unilateral de alguns indivíduos sobre outros, como se fosse possível formular e constituir ordens sociais provenientes das escolhas e ações de algumas pessoas. As disposições pessoais são situadas na própria maneira como se estabelecem as interligações humanas que ordenam a proporção das dependências sociais. Ou seja, estas não são vistas como movimentos unilaterais de forças individuais, mas são entendidas nas desproporções de poder que se relacionam, formando interdependências funcionais que estão inextricavelmente ligadas entre si, constituindo o desenvolvimento do tecido social (ELIAS, 1993, p.194-198). Considerando as linhas gerais do projeto de pesquisa, a comunicação ora proposta pretende debater e sugerir relações entre o processo de modernização urbana conduzido pelas elites políticas e financeiras baianas e a formação de uma esfera do entretenimento em Salvador. Considera-se, para isso, a especifica configuração de relações entre os anos 10 e 20 do séc. XX. Nesta estrutura se percebe, por um lado, um ímpeto modernizante das elites políticas e financeiras visando realizar ideais modernos de higienização e estetização dos espaços urbanos, em outra dimensão surgem segmentos de intelectuais, ligados ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que se posicionam ceticamente em relação aos ideais modernos nos termos progressistas, e ainda em outra dimensão está se dando um processo de sedimentação e institucionalização dos rituais de Candomblé, que passam a desempenhar um papel importante na coordenação das relações sociais, principalmente no que se refere ao tempo do ócio de estratos subalternos negro-mestiços. A comunicação visa debater e sugerir formas de complementaridade e repulsão desses estratos anteriormente mencionados, pensando a hipótese de essa configuração de relações nos anos 10 e 20 estar gestando as condições tanto para uma aproximação entre artistas populares baianos e estratos burocráticos do estado da Bahia e, por outro, uma importante produção intelectual por parte de antropólogos, historiadores, cronistas e folcloristas que tomam a Bahia como objeto de estudo e, também, em graus distintos, se aproximam do ordenamento estatal nos anos 30 e 40. Diante desse enquadramento empírico, alguns objetivos são traçados e é apresentado um perfil das técnicas para o desenvolvimento da pesquisa. Pretende-se realizar uma história social do turismo e do entretenimento no Estado da Bahia, reconstruindo o processo de formação de uma estrutura turística no estado, visando oferecer um mapa de recursos mobilizados no processo de mercantilização da cultura. Na esteira desse esforço, quer-se explicitar os tipos de agentes e instituições que emergem no processo mencionado, buscando suas relações com as transformações que situam as manifestações culturais populares e lugares geográficos da Bahia no mercado transnacional de lazer e entretenimento. Em outros termos, como esse conjunto de relações apontado possibilita a inserção da Bahia como destino turístico e como parte da memória da cultura popular mundial, na especificidade da sua inserção na tradição brasileira. Assim, o mapeamento empírico da pesquisa tem como um dos pontos centrais a montagem de infra-estrutura e da organização turística no estado, visando ao mesmo tempo as estratégias de marketing da divulgação da Bahia como um produto turístico. Busca-se ainda a relação dessas estratégias com o mapeamento da expansão do setor de serviços na cidade de Salvador e do entendimento das políticas públicas que reverbera na presença maior de estratos do mercado empresarial, definindo interesses em mobilizar a cultura numa disposição mercantil (empresas de comunicação, bancos, etc.), o que nos leva a mapear a correlação de forças de grupos dirigentes em Salvador e no Recôncavo no período que vai do final do Império até o final da República Velha, tendo em vista a reconstrução sócio-histórica do processo de constituição do Estado brasileiro, porém, privilegiando, a formação de aparatos estatais que conformam a Bahia como um estado da federação. Para isto, priorizar-se-á a literatura especializada das ciências humanas (historiográfica, sociológica, antropológica), além de fontes como as da literatura referente ao período em estudo. Na esteira desse mapa é proposta a historicização do surgimento de órgãos estatais destinados à guarda e consagração da cultura no Estado da Bahia, atentando-se para o empenho desses aparatos em dar forma a uma cultura baiana na especificidade da experiência da formação nacional brasileira. Para atingir esse fim pretende-se priorizar o trabalho com fontes documentais. Recorrer-se-á a arquivos de instituições locais de cultura, arquivos de instituições afins e bibliotecas com o fim de recolher deliberações, programas, éditos, mensagens, relatórios, atas, pronunciantes, projetos, correspondências, entre outros documentos. Também se pretende apreender a trajetória da formação dos círculos e instituições intelectuais em Salvador, a fim de compreender o quanto elas co-participam do processo de racionalização desse quadro de valores que plasmam o reconhecimento de uma cultura baiana. A partir daí pretende-se apresentar, interpretativamente, a configuração das interdependências políticas, econômicas e culturais que possibilita o reconhecimento de manifestações e expressões lúdico-artísticas de estratos subalternos como cultura popular da Bahia. Retomando o debate sobre cultura popular, atenta-se para a especificidade do seu modo de inserção na “esfera pública nacional e mundial”, considerando tanto a historicidade que a apreende na formação de legitimidades estatais-regionais, quanto como reconhecida dentro do acervo simbólico especializado ligado à produção de entretenimento-lazer. Nestes termos, dar-se-á importância à cobertura jornalística das atitudes do poder público e de representantes de grupos com impacto sobre o tema da cultura do período a ser estudado, com a pretensão de identificar as correlações de grupos e a maneira como se forma as legitimações culturais. Disto decorre a identificação dos grupos especializados na produção e organização cultural, logo, do tecido que configura uma esfera da cultura em Salvador que propicia o entrelaçamento de produtores especialistas de cultura popular, o Estado e o mercado coordenado pelas indústrias culturais, especialmente aquelas ligadas mais diretamente ao entretenimento-turismo. Nestes termos prepara-se o horizonte para a remodelação do entendimento dos espaços sociais no entrecruzamento de linguagens da tradição e valores da civilização moderna.
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