Existe lugar para a ventriculectomia parcial esquerda no tratamento da cardiomiopatia dilatada?

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Main Author: MOREIRA,Luiz Felipe P.
Publication Date: 1998
Other Authors: STOLF,Noedir A. G., BOCCHI,Edimar A., BACAL,Fernando, IGUSHI,Maria de Lourdes, BELLOTTI,Giovani, JATENE,Adib D.
Format: Article
Language: por
Source: Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (Online)
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Summary: A ventriculectomia parcial esquerda tem sido realizada como alternativa ao transplante cardíaco no tratamento das miocardiopatias. Neste trabalho foi analisada a influência desse procedimento sobre a evolução clínica e o comportamento da função ventricular em 37 pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada. Métodos: Os pacientes estavam em classe funcional III (16) ou IV (21) no pré-operatório. A ressecção parcial do ventrículo esquerdo (VE) foi associada à anuloplastia mitral em 27 pacientes e à substituição mitral em 2. Resultados: Ocorreram 7 (18,9%) óbitos hospitalares e os pacientes sobreviventes foram seguidos por período que variou entre 2 e 33 meses (média de 16,2 meses). Outros 9 pacientes faleceram durante os primeiros 6 meses de pós-operatório, por progressão de insuficiência cardíaca (5) ou por eventos relacionados à arritmia (4). A sobrevida atuarial foi de 56,7 ± 8,1% dos 6 aos 30 meses de seguimento. Através de análise unifatorial e de regressão logística foi identificada relação significativa entre o grau de hipertrofia das fibras miocárdicas e o risco de mortalidade após a ventriculectomia parcial, sendo observada sobrevida de 73,6 ± 10,1% em 2 anos para os pacientes operados com diâmetro médio de fibras miocárdicas abaixo de 22. Por outro lado, a classe funcional melhorou nos pacientes sobreviventes de 3,5 ± 0,5 para 1,7 ± 0,9 aos 6 meses de pós-operatório (p < 0,001). Além disso, o volume diastólico do VE diminuiu de 523 ± 207 para 380 ± 148 ml (p < 0,001) e a fração de ejeção de VE se elevou de 17,1 ± 4,6 para 23 ± 8% (p < 0,001), enquanto que modificações significativas do índice cardíaco, índice sistólico e das pressões em território pulmonar foram observadas no 1º mês de pós-operatório. O estudo sistemático da função ventricular documentou a manutenção da melhora da fração de ejeção de VE e dos parâmetros hemodinâmicos por até 2 anos de seguimento, apesar da tendência à elevação do volume diastólico de VE. Conclusões: A ventriculectomia parcial esquerda melhora a condição clínica e a função ventricular de pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada por até 2 anos de seguimento. No entanto, a aplicação clínica desse procedimento é limitada pela elevada mortalidade observada nos primeiros meses de pós-operatório. Por outro lado, a identificação de que alterações intrínsecas da fibra miocárdica estão relacionadas ao prognóstico pós-operatório da ventriculectomia parcial abre novas perspectivas para a sua utilização.
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