Investigação-intervenção nos cuidados de saúde primários : A acessibilidade pedonal percebida e as estratégias cognitivas-comportamentais na prática de actividade física em adultos maiores de 65 anos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Morais, Vera Paisana
Data de Publicação: 2017
Idioma: por
Título da fonte: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.12/5710
Resumo: Com base nos últimos desenvolvimentos na área cognitivo-comportamental e nas contribuições do modelo ecológico de comportamentos de saúde na área da actividade física em adultos maiores de 65 anos, o presente trabalho procurou investigar a influência da acessibilidade pedonal percebida e a eficácia de três diferentes estratégias no incremento da actividade física numa amostra de pessoas com idade superior a 65 anos. Na primeira parte deste trabalho apresentamos o resultado de um estudo exploratório onde se pretendeu contribuir para a tradução para português e validação de um instrumento que permite avaliar a acessibilidade pedonal percebida - a percepção do espaço envolvente como sendo seguro, atractivo, próximo de transportes públicos e de outras estruturas relevantes, e acessível para caminhar - em maiores de 65 anos. A pertinência da existencia de um instrumento desta natureza prende-se com a noção de que os atributos percebidos do meio envolvente estão positivamente associados à prática de actividade física (Trost et al., 2002), assumindo especial relevância nas pessoas com mais de 65 anos. O primeiro estudo apresentado teve o propósito de adaptar, explorar a estrutura factorial e características psicométricas de uma escala de percepção da acessibilidade pedonal para adultos na idade maior (PAP+65). Participaram neste estudo 79 pessoas, 44 mulheres e 35 homens, com uma média de idades de 72,15 anos (DP=6,23), não institucionalizados, recrutados em três associações de apoio a adultos maiores de 65 anos, da região de Lisboa. Constituíram critérios de exclusão de participação neste estudo, o não saber ler e escrever e o défice cognitivo, avaliado com a versão Portuguesa do Mini Mental State Examination (Guerreiro, 1994). A participação foi voluntária e não remunerada. As medidas foram obtidas numa entrevista semiestruturada com a duração de aproximadamente 60 minutos. As variáveis socio-demográficas incluiram sexo, idade e rendimento mensal líquido. A variável prática de actividade física resultou do compósito do relato da frequência semanal e duração das sessões das 3 actividades físicas mais frequentemente praticadas. Foram realizadas questões relativas à percepção do número de horas dispendido sentado, a ver TV e de sono. A existência de diagnóstico de comorbilidades foi avaliada por resposta Sim/Não. Altura, peso e perímetro da cintura (PC) foram medidos pelo investigador e o índice de massa corporal (IMC) foi obtido pela fórmula P/A2. A acessibilidade pedonal percebida do bairro para caminhar foi avaliada com recurso a uma escala de 15 itens (Merom et al. 2009) com possibilidade de resposta entre 1-Discordo totalmente e 4-Concordo Totalmente, concebida especificamente para adultos maiores de 65 anos, adaptada da versão NEWS Australiana (Cerin, Leslie, Owen & Bauman, 2008). Apresenta-se a estrutura factorial e as características psicométricas da PAP + 65, tendo a Análise factorial Exploratória (AFE) identificado 4 factores: Proximidade de destinos (e.g. distância entre a habitação e estabelecimentos comerciais); Estética (e.g. espaços verdes, estética do bairro), Segurança (e.g. grau de inclinação na rua, trânsito e criminalidade), e Condições físicas do bairro (e.g. existência de passadeiras e sinalização para peões, transportes públicos, iluminação durante a noite). A solução adoptada de 13 itens apresenta uma variância total explicada de 65,64%, KMO= 0,67, e os valores de consistência interna dos quatros factores variaram entre 0,58 (Segurança) e 0,78 (Estética). Os resultados sugerem que a PAP +65 pode ser útil na avaliação da acessibilidade pedonal percebida em adultos maiores de 65 anos, quer em contexto de investigação, quer em intervenção na promoção da actividade física. A análise dos resultados dos scores na PAP+65 e os indicadores de saúde revelou que a baixa acessibilidade pedonal percebida do ambiente envolvente está associada a estar mais horas sentado, o bairro ter um cenário esteticamente pouco aprazível está associado a passar mais horas a ver TV; a existência de destinos acessíveis a uma curta distância a pé (por exemplo lojas) e um cenário estético aprazível estão positivamente associados à incidência da diabetes; e o não existirem lojas e outros destinos acessíveis a uma curta distância a pé da habitação está associado a um índice de massa corporal e perímetro da cintura superiores. Na segunda parte desta tese apresentamos os resultados de uma intervenção cognitivocomportamental com a duração de 24 semanas que visou promover a prática de actividade física com recurso à prescrição da prática de caminhada diária em pessoas maiores de 65 anos. Esta intervenção constituiu o âmago de um Projecto I&D financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia intitulado “Promoção da actividade física em idosos nos cuidados de saúde primários” (ref#PTDC/SAU-SAP/110799/2009). Participaram neste projecto 108 pessoas maiores de 65 anos, 61 mulheres e 47 homens, dos quais 44 entraram no estudo com o seu cônjuge. Os participantes eram utentes de cinco centros de saúde da região de Lisboa. A intervenção decorreu ao longo de 24 semanas, com seis sessões de acompanhamento face-a-face às 1ª, 4ª, 8ª, 16ª e 24ª semanas. Os participantes foram referenciados para o estudo pelos médicos de clínica geral do Agrupamento de Centros de Saúde de Oeiras- ACES Oeiras, com base nos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 65 anos com necessidade de aumentar os seus níveis de actividade física e sem comorbilidade impeditiva da realização de caminhada diária. Foram referenciados 498 utentes de cinco centros de saúde, tendo sido admitidos no estudo 108 participantes, que foram distribuídos aleatoriamente pelas seguintes condições experimentais: Formulação de objectivos; Formulação de objectivos + Planos de acção e Formulação de objectivos + Planos de acção + Planos de coping para identificar e superar barreiras à practica da caminhada. Os participantes foram aleatorizados de acordo com o género e condição em que entravam no estudo (individual vs casal). Todos os participantes receberam um pedómetro e um caderno para registo diário do número de passos total do dia. A Análise Univariada de Covariância (ANCOVA) revelou que não houve diferenças entre as três condições experimentais, i.e, todas as estratégias foram igualmente eficientes no aumento do comportamento de caminhada diária. No total da amostra, o número total de passos realizados por dia aumentou 32,8% no final dos 6 meses face à baseline. Contudo a análise revelou que o comportamento de caminhada variou em função de ser realizado individualmente ou em casal. Para os participantes que realizaram a caminhada diária individualmente a Formulação de objectivos + Planos de acção + estratégias de coping foi a estratégia mais eficiente. Em contrapartida para os participantes que aderiram à intervenção enquanto casal, a estratégia mais eficiente foi apenas a de Formulação de objectivos. A acessibilidade pedonal percebida não revelou influência no comportamento de actividade física. Neste estudo obtivemos uma taxa de adesão de 72,2% e 27,8% de mortalidade experimental com uma distribuição equitativa entre a 4ª, 8ª, 16ª e 24ª semana.
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Na primeira parte deste trabalho apresentamos o resultado de um estudo exploratório onde se pretendeu contribuir para a tradução para português e validação de um instrumento que permite avaliar a acessibilidade pedonal percebida - a percepção do espaço envolvente como sendo seguro, atractivo, próximo de transportes públicos e de outras estruturas relevantes, e acessível para caminhar - em maiores de 65 anos. A pertinência da existencia de um instrumento desta natureza prende-se com a noção de que os atributos percebidos do meio envolvente estão positivamente associados à prática de actividade física (Trost et al., 2002), assumindo especial relevância nas pessoas com mais de 65 anos. O primeiro estudo apresentado teve o propósito de adaptar, explorar a estrutura factorial e características psicométricas de uma escala de percepção da acessibilidade pedonal para adultos na idade maior (PAP+65). Participaram neste estudo 79 pessoas, 44 mulheres e 35 homens, com uma média de idades de 72,15 anos (DP=6,23), não institucionalizados, recrutados em três associações de apoio a adultos maiores de 65 anos, da região de Lisboa. Constituíram critérios de exclusão de participação neste estudo, o não saber ler e escrever e o défice cognitivo, avaliado com a versão Portuguesa do Mini Mental State Examination (Guerreiro, 1994). A participação foi voluntária e não remunerada. As medidas foram obtidas numa entrevista semiestruturada com a duração de aproximadamente 60 minutos. As variáveis socio-demográficas incluiram sexo, idade e rendimento mensal líquido. A variável prática de actividade física resultou do compósito do relato da frequência semanal e duração das sessões das 3 actividades físicas mais frequentemente praticadas. Foram realizadas questões relativas à percepção do número de horas dispendido sentado, a ver TV e de sono. A existência de diagnóstico de comorbilidades foi avaliada por resposta Sim/Não. Altura, peso e perímetro da cintura (PC) foram medidos pelo investigador e o índice de massa corporal (IMC) foi obtido pela fórmula P/A2. A acessibilidade pedonal percebida do bairro para caminhar foi avaliada com recurso a uma escala de 15 itens (Merom et al. 2009) com possibilidade de resposta entre 1-Discordo totalmente e 4-Concordo Totalmente, concebida especificamente para adultos maiores de 65 anos, adaptada da versão NEWS Australiana (Cerin, Leslie, Owen & Bauman, 2008). Apresenta-se a estrutura factorial e as características psicométricas da PAP + 65, tendo a Análise factorial Exploratória (AFE) identificado 4 factores: Proximidade de destinos (e.g. distância entre a habitação e estabelecimentos comerciais); Estética (e.g. espaços verdes, estética do bairro), Segurança (e.g. grau de inclinação na rua, trânsito e criminalidade), e Condições físicas do bairro (e.g. existência de passadeiras e sinalização para peões, transportes públicos, iluminação durante a noite). A solução adoptada de 13 itens apresenta uma variância total explicada de 65,64%, KMO= 0,67, e os valores de consistência interna dos quatros factores variaram entre 0,58 (Segurança) e 0,78 (Estética). Os resultados sugerem que a PAP +65 pode ser útil na avaliação da acessibilidade pedonal percebida em adultos maiores de 65 anos, quer em contexto de investigação, quer em intervenção na promoção da actividade física. 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Esta intervenção constituiu o âmago de um Projecto I&D financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia intitulado “Promoção da actividade física em idosos nos cuidados de saúde primários” (ref#PTDC/SAU-SAP/110799/2009). Participaram neste projecto 108 pessoas maiores de 65 anos, 61 mulheres e 47 homens, dos quais 44 entraram no estudo com o seu cônjuge. Os participantes eram utentes de cinco centros de saúde da região de Lisboa. A intervenção decorreu ao longo de 24 semanas, com seis sessões de acompanhamento face-a-face às 1ª, 4ª, 8ª, 16ª e 24ª semanas. Os participantes foram referenciados para o estudo pelos médicos de clínica geral do Agrupamento de Centros de Saúde de Oeiras- ACES Oeiras, com base nos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 65 anos com necessidade de aumentar os seus níveis de actividade física e sem comorbilidade impeditiva da realização de caminhada diária. Foram referenciados 498 utentes de cinco centros de saúde, tendo sido admitidos no estudo 108 participantes, que foram distribuídos aleatoriamente pelas seguintes condições experimentais: Formulação de objectivos; Formulação de objectivos + Planos de acção e Formulação de objectivos + Planos de acção + Planos de coping para identificar e superar barreiras à practica da caminhada. Os participantes foram aleatorizados de acordo com o género e condição em que entravam no estudo (individual vs casal). Todos os participantes receberam um pedómetro e um caderno para registo diário do número de passos total do dia. A Análise Univariada de Covariância (ANCOVA) revelou que não houve diferenças entre as três condições experimentais, i.e, todas as estratégias foram igualmente eficientes no aumento do comportamento de caminhada diária. No total da amostra, o número total de passos realizados por dia aumentou 32,8% no final dos 6 meses face à baseline. Contudo a análise revelou que o comportamento de caminhada variou em função de ser realizado individualmente ou em casal. Para os participantes que realizaram a caminhada diária individualmente a Formulação de objectivos + Planos de acção + estratégias de coping foi a estratégia mais eficiente. Em contrapartida para os participantes que aderiram à intervenção enquanto casal, a estratégia mais eficiente foi apenas a de Formulação de objectivos. A acessibilidade pedonal percebida não revelou influência no comportamento de actividade física. Neste estudo obtivemos uma taxa de adesão de 72,2% e 27,8% de mortalidade experimental com uma distribuição equitativa entre a 4ª, 8ª, 16ª e 24ª semana.Carvalho, Cláudia Maria Constante Ferreira deRepositório do ISPAMorais, Vera Paisana2017-07-21T11:47:22Z2017-07-042017-07-04T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.12/5710urn:tid:101376952porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-03-07T15:02:33Zoai:repositorio.ispa.pt:10400.12/5710Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T01:06:25.231038Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
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A acessibilidade pedonal percebida do bairro para caminhar foi avaliada com recurso a uma escala de 15 itens (Merom et al. 2009) com possibilidade de resposta entre 1-Discordo totalmente e 4-Concordo Totalmente, concebida especificamente para adultos maiores de 65 anos, adaptada da versão NEWS Australiana (Cerin, Leslie, Owen & Bauman, 2008). Apresenta-se a estrutura factorial e as características psicométricas da PAP + 65, tendo a Análise factorial Exploratória (AFE) identificado 4 factores: Proximidade de destinos (e.g. distância entre a habitação e estabelecimentos comerciais); Estética (e.g. espaços verdes, estética do bairro), Segurança (e.g. grau de inclinação na rua, trânsito e criminalidade), e Condições físicas do bairro (e.g. existência de passadeiras e sinalização para peões, transportes públicos, iluminação durante a noite). A solução adoptada de 13 itens apresenta uma variância total explicada de 65,64%, KMO= 0,67, e os valores de consistência interna dos quatros factores variaram entre 0,58 (Segurança) e 0,78 (Estética). Os resultados sugerem que a PAP +65 pode ser útil na avaliação da acessibilidade pedonal percebida em adultos maiores de 65 anos, quer em contexto de investigação, quer em intervenção na promoção da actividade física. A análise dos resultados dos scores na PAP+65 e os indicadores de saúde revelou que a baixa acessibilidade pedonal percebida do ambiente envolvente está associada a estar mais horas sentado, o bairro ter um cenário esteticamente pouco aprazível está associado a passar mais horas a ver TV; a existência de destinos acessíveis a uma curta distância a pé (por exemplo lojas) e um cenário estético aprazível estão positivamente associados à incidência da diabetes; e o não existirem lojas e outros destinos acessíveis a uma curta distância a pé da habitação está associado a um índice de massa corporal e perímetro da cintura superiores. Na segunda parte desta tese apresentamos os resultados de uma intervenção cognitivocomportamental com a duração de 24 semanas que visou promover a prática de actividade física com recurso à prescrição da prática de caminhada diária em pessoas maiores de 65 anos. Esta intervenção constituiu o âmago de um Projecto I&D financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia intitulado “Promoção da actividade física em idosos nos cuidados de saúde primários” (ref#PTDC/SAU-SAP/110799/2009). Participaram neste projecto 108 pessoas maiores de 65 anos, 61 mulheres e 47 homens, dos quais 44 entraram no estudo com o seu cônjuge. Os participantes eram utentes de cinco centros de saúde da região de Lisboa. A intervenção decorreu ao longo de 24 semanas, com seis sessões de acompanhamento face-a-face às 1ª, 4ª, 8ª, 16ª e 24ª semanas. Os participantes foram referenciados para o estudo pelos médicos de clínica geral do Agrupamento de Centros de Saúde de Oeiras- ACES Oeiras, com base nos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 65 anos com necessidade de aumentar os seus níveis de actividade física e sem comorbilidade impeditiva da realização de caminhada diária. 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