A importância da pesquisa toxicológica num caso de suicídio por propofol

Bibliographic Details
Main Author: Proença, Paula
Publication Date: 2023
Other Authors: Castanheira, Fernando, Castanheira, Alice, Franco, João Miguel, Corte Real, Francisco
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.26/49122
Summary: Os autores apresentam o caso de um indivíduo do sexo masculino, 50 anos, com suspeita de intoxicação por propofol. Além das amostras biológicas de sangue (periférico e cardíaco), urina, conteúdo gástrico e humor vítreo, o patologista forense enviou para o Serviço de Química e Toxicologia Forense (SQTF) uma amostra não biológica (líquido esbranquiçado). A perícia laboratorial abrangeu uma fase de triagem de drogas de abuso e benzodiazepinas, através do imunoensaio de fase sólida (ELISA), a pesquisa de medicamentos por cromatografia líquida (LC) acoplada a espectrometria de massa sequencial (MS/MS) e a pesquisa de pesticidas e etanol/voláteis por cromatografia gasosa GC-MS e GC-FID, respetivamente. Dada a informação da possível intoxicação por propofol o SQTF desenvolveu um método analítico para a sua deteção, confirmação e quantificação nas amostras rececionadas. No procedimento analítico de determinação de propofol as amostras biológicas foram previamente extraídas por precipitação proteica, utilizando 0,1 mL de amostra, e posteriormente analisadas por LC-MS/MS. Na separação cromatográfica foi utilizada uma coluna de fase reversa e uma fase móvel, em gradiente, constituída por formato de amónia aquoso 2mM (com ácido fórmico 0,1 %) e por metanol com 0,2 mM de fluoreto de amónio, a um fluxo de 0,4 mL/min. Na análise por MS/MS foi utilizado um triplo quadrupolo com ionização por electrospray (ES). Os resultados toxicológicos revelaram a presença do anestésico (propofol) nas amostras de sangue periférico (33,5 µg/mL) e de sangue cardíaco (113,3 µg/mL), no conteúdo gástrico e na amostra não biológica. A restante perícia laboratorial revelou a presença de nordiazepam e temazepam em concentrações terapêuticas, mas concentrações sanguíneas tóxicas de midazolam (1473 ng/mL), de diazepam (5182 ng/mL), de petidina (8622 ng/mL) e de metoclopramida (356 ng/mL). Na amostra de conteúdo gástrico foi confirmada a presença de todas estas substâncias ao passo que na urina apenas foram detetados petidina e diazepam. A amostra de sangue foi positiva para álcool (0,18 g/L) e opiáceos (morfina < 25 ng/mL). Não foi detetada a presença de pesticidas nas amostras biológicas. Foi crucial o desenvolvimento do método de confirmação e quantificação do anestésico propofol dada a suspeita de intoxicação por esta substância. No entanto, a perícia laboratorial revelou a presença simultânea de um analgésico opiáceo e de ansiolíticos em concentrações sanguíneas elevadas permitindo identificar a presença de uma situação de policonsumo e consequente sinergia de efeitos e intoxicação que à partida não havia sido equacionada e que se constatou poder ter contribuído para a etiologia médico-legal suicida.
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