Sexualidade(s) feminina(s) em discurso: grupos de discussão com mulheres jovens
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Publication Date: | 2015 |
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Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
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Summary: | Tese de Doutoramento em Psicologia (área de especialização em Psicologia Social). |
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Sexualidade(s) feminina(s) em discurso: grupos de discussão com mulheres jovensWomen sexuality(ies) in discourse: group discussion with young women159.922.1316.6-055.1Ciências Sociais::PsicologiaTese de Doutoramento em Psicologia (área de especialização em Psicologia Social).Nos dias de hoje em dia no Ocidente, cada vez mais a(s) sexualidade(s) são retratadas como livres e empoderadas. A revolução sexual permitiu esbater a relação entre sexualidade e reprodução, trazendo uma nova era sexual - mais permissiva - que prometia romper com a ligação entre sexualidade e compromisso. Os movimentos feministas e de libertação das mulheres sonharam novas oportunidades e liberdades para as mulheres. Contudo, apesar das profundas mudanças ocorridas nas relações de género nas últimas décadas, a investigação social sugere que as representações dominantes das identidades de género e sexualidade(s) continuam em grande parte inalteradas (Gavey, 2005; Holland, Ramazano!lu, Sharpe, & Thomson, 2004; Hollway, 1995a; Philips, 2000; Sieg, 2007). As mensagens dirigidas às mulheres são contraditórias (Breanne Fahs, 2011; McRobbie, 2009). Se por um lado são estimuladas a serem sexualmente descomplexadas e hiper-sexuais, por outro recebem mensagens que sugerem que esse excesso deve ser contido ou reprimido e só deve manifestar-se quando é socialmente aceitável. Com este estudo pretende-se explorar os recursos discursivos disponíveis para as mulheres jovens portuguesas falarem e sentirem a(s) sua(s) sexualidade(s), isto é sobre a(s) sua(s) subjetividade(s) sexuais. Questiona-se em que medida é possível encontrar discursos alternativos e emancipatórios em torno da(s) (hetero)sexualidade(s) e dos relacionamentos (hetero)sexuais que permitam às mulheres jovens sentir e expressar desejo e prazer, sozinhas ou acompanhadas, dentro ou fora do contexto de relações (hetero)afetivas duradouras. É dada voz às mulheres jovens para falarem da(s) sua(s) sexualidade(s) ao mesmo tempo que é feita uma leitura crítica das implicações dos discursos e construções discursivas usadas, explorando-se como é que os significados em torno da sexualidade são (co)construídos e (re)formulados no contexto de grupo. O estudo foi desenvolvido tendo por base um enquadramento teórico dentro do Construcionismo Social, da Análise do Discurso e do Feminismo Pós-estruturalista. Os dados foram obtidos a partir de 6 grupos de discussão feitos em diferentes cidades do país. No total foram envolvidas no estudo 31 mulheres jovens com idades compreendidas entre os 19 e 27 anos. Quase todas as participantes já se conheciam antes do grupo de discussão e em alguns casos mantinham relações de amizade. Relativamente à constituição dos grupos importa sublinhar que um deles era exclusivamente constituído por feministas. Recorreu-se à Análise Foucaultiana do Discurso para tratar o material obtido e desenvolver os quatro estudos apresentados. Um primeiro estudo explora os discursos e as construções discursivas usadas pelas participantes para falarem sobre a(s) sua(s) subjetividade(s) sexuai(s) feminina(s). Num segundo estudo exploram-se as construções discursivas usadas para falarem sobre a primeira relação sexual. Nos dois últimos estudos é feita uma análise do material obtido em dois grupos de discussão distintos. Num deles exploram-se as dinâmicas em torno da heteronormatividade gerada num grupo com três participantes auto-identificadas como heterossexuais e uma participante auto-identificada como não-heterossexual. Finalmente o último estudo apresentado analisa o material obtido a partir de um grupo de discussão com feministas e explora em que medida o feminismo oferece espaços de resistência para a vivência da sexualidade dentro e fora das relações (hetero)afetivas. Os resultados estão de acordo com a investigação feminista internacional sobre sexualidade(s) feminina(s), onde o amor e os (hetero)relacionamentos duradouros são privilegiados em detrimento do prazer e do desejo. Os discursos dominantes de (hetero)sexualidade e de amor romântico continuam profundamente enraizados na nossa cultura. Em simultâneo assiste-se à emergência e à apropriação por parte das mulheres jovens do discurso pseudo-feminista no qual elas, enquanto sujeitos neoliberais autónomos, únicos e responsáveis pelas suas vidas e destinos, assumem todas as responsabilidades nos insucessos amorosos. Desafiar as desigualdades de género que persistem tornou-se numa tarefa difícil mas que continua indispensável. As análises permitem-nos perceber que apesar de tudo existem alguns espaços de resistência, sobretudo quando as mulheres jovens são capazes de articular o discurso do desejo ou o discurso feminista, posicionando-se como agentes e sujeitos da sua(s) sexualidade(s). Em alguns momentos algumas delas conseguem fazerem leituras críticas da feminilidade dominante, do discurso romântico e do duplo padrão sexual. No entanto estas leituras nem sempre são traduzidas nas práticas. O feminismo é desafiado a desenvolver novas e criativas formas de oferecer resistência às construções dominantes da(s) sexualidade(s) promovendo a literacia erótica do corpo e do desejo e uma ou várias versões feministas do romance (Burns, 2003).Today in the West, sexuality(ies) are increasingly portrayed as free and empowered. The sexual revolution allowed blurring the relationship between sexuality and reproduction, bringing a new and more permissive sexual era, which was to break the link between sexuality and commitment. The feminist and women's liberation movements dreamed up new opportunities and freedoms for women. Yet despite the profound changes in gender relations in recent decades social research suggests that the dominant representations of gender identities and sexuality(ies) remain largely unchanged (Gavey, 2005; Holland et al., 2004; Hollway, 1995a; Philips, 2000; Sieg, 2007). The messages addressed to women are contradictory (Breanne Fahs, 2011; McRobbie, 2009). On the one hand they are encouraged to be sexually uninhibited and hyper-sexual, on the other they receive messages suggesting that this excess must be contained or repressed and should only be expressed when it is socially acceptable. This study aims to explore the discursive resources available for young Portuguese women to speak and feel their sexuality(ies), i.e. their sexual subjectivity(ies). One wonders to what extent it is possible to find alternative and emancipatory discourses around (hetero)sexuality(ies) and (hetero)sexual relationships enabling young women to feel and express desire and pleasure, on their own or accompanied, inside or outside the context of long term (hetero)affective relationships. Voice is given to young women to talk about their sexuality(ies) and at the same time a critical reading is made of the implications of the discourses and discursive constructions used, exploring how the meanings of sexuality are (co)constructed and (re)formulated in a group context. The study was developed based on a theoretical framework within Social Constructionism, Discourse Analysis and Poststructuralist Feminism. The data was obtained from six focus groups carried out in different Portuguese cities. In total the study involved 31 young women aged between 19 and 27. Almost all participants knew each other before the group discussion and in some cases maintained a friendship. Regarding the formation of groups it is important to note that one of the focus group was made up only of feminists. The four studies presented here were built up using Foucaultian discourse analysis to treat the material obtained. A first study explores the discursive constructions and discourses used by participants to talk about women sexual subjectivity(ies). A second study explores the discursive constructions used to talk about the first sexual intercourse. The last two studies present an analysis of the material obtained in two different focus groups. One explores the dynamics of heteronormativity generated in a group of three participants self-identified as heterosexual and one participant self-identified as non-heterosexual. Finally the last study presented analyses the material obtained from a group discussion with feminists and explores to what extent feminism offers spaces of resistance to the experience of sexuality inside and outside (hetero)affective relationships. The results are consistent with international research on women's sexuality(ies), where love and long-term (hetero)relationships are privileged at the expense of pleasure and desire. The dominant discourses of (hetero)sexuality and romantic love are still deeply rooted in our culture. At the same time we are witnessing the emergence and appropriation by young women of the pseudo-feminist discourse in which, as autonomous and unique neoliberal subjects, accountable for their lives and destinies, they assume all responsibilities of the failures of love. Challenging persisting gender inequalities became a difficult but still essential task. The analyses allow us to realize that after all there are some spaces of resistance especially when young women are able to articulate the discourse of desire or the feminist discourse, positioning themselves as agents and subjects of their sexuality(ies). Sometimes some of them are able to make critical readings of dominant femininity, romantic discourse and sexual double standard. However, these readings are not always translated into practice. Feminism is challenged to develop new and creative ways to offer resistance to the dominant constructions of sexuality(ies), promoting erotic literacy of body and of desire and one or several feminist versions of romance (Burns, 2003).Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) SFRH/BD/24008/2005.Nogueira, ConceiçãoUniversidade do MinhoCosta, Cecília Elisabete Vieira da2015-01-132015-01-13T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/35764por101398670info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2024-05-11T04:53:48Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/35764Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T15:01:42.409278Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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