O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo
Main Author: | |
---|---|
Publication Date: | 2021 |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10174/31447 |
Summary: | Fundados nos longínquos finais do século XV, o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa foram unidos a 27 de junho de 1564, depois de a confraria ter aceitado o convite do regente do reino, o cardeal infante D. Henrique, para governar o seu esprital de todos os sanctos da dita cidade como convem ao serviço de nosso Senhor e ao meu (Pereira, 1998, p. 252). Dois séculos depois, a 31 de janeiro de 1775, Sebastião José de Carvalho e Melo proclamava a restauração e nova fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e dos hospitais dos enfermos e inocentes expostos (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, f. 16), imprimindo a sua marca reformadora nas duas instituições que continuavam a dominar o panorama assistencial do país, agora simbolicamente instaladas nos edifícios dos padres da Companhia de Jesus: a Igreja e casa de São Roque e o Colégio de Santo Antão o Novo. A nova etapa na vida do hospital e da misericórdia, que o governante quisera que coincidisse com o início do ano, com a transferência dos doentes de Todos-os-Santos para Santo Antão, adiada para abril devido ao atraso das obras (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, fs. 79-79v.; Hospital de São José, Livro 944, n.º 5), não era, contudo, uma reunificação, como a considerou Victor Ribeiro (Ribeiro, 1998, p. 124), pelo simples facto de que a confraria não tinha sido desapossada do hospital. Era antes um momento decisivo do processo transformador a que tinham sido submetidos após o Terramoto de 1755, projeto concluído em novembro seguinte, com a abolição do compromisso da Misericórdia de Lisboa, de 1618. Neste texto, pretende-se refletir sobre a evolução da relação entre o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa durante o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo. Num tempo caracterizado pelo controlo estatal, intentamos aferir os contornos das políticas do secretário de Estado do Reino relativas às duas instituições e avaliar a sua eficácia. Para o efeito, recuperam-se, de estudos anteriores (Abreu, 2013, pp. 28- 43), algumas informações sobre a organização financeira da nova estrutura assistencial que ditou o fim de Todos- -os-Santos e reanalisa-se, à luz da documentação produzida pelo hospital, o Breve Memorial, da autoria do enfermeiro-mor, Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça Castro Vasconcelos e Magalhães (Mendonça, 1761). |
id |
RCAP_e03572fcc1a13dd961ad6c64f7d6f9da |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:dspace.uevora.pt:10174/31447 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
repository_id_str |
https://opendoar.ac.uk/repository/7160 |
spelling |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e MeloHospital de Todos os SantosMisericórdia de LisboaFundados nos longínquos finais do século XV, o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa foram unidos a 27 de junho de 1564, depois de a confraria ter aceitado o convite do regente do reino, o cardeal infante D. Henrique, para governar o seu esprital de todos os sanctos da dita cidade como convem ao serviço de nosso Senhor e ao meu (Pereira, 1998, p. 252). Dois séculos depois, a 31 de janeiro de 1775, Sebastião José de Carvalho e Melo proclamava a restauração e nova fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e dos hospitais dos enfermos e inocentes expostos (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, f. 16), imprimindo a sua marca reformadora nas duas instituições que continuavam a dominar o panorama assistencial do país, agora simbolicamente instaladas nos edifícios dos padres da Companhia de Jesus: a Igreja e casa de São Roque e o Colégio de Santo Antão o Novo. A nova etapa na vida do hospital e da misericórdia, que o governante quisera que coincidisse com o início do ano, com a transferência dos doentes de Todos-os-Santos para Santo Antão, adiada para abril devido ao atraso das obras (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, fs. 79-79v.; Hospital de São José, Livro 944, n.º 5), não era, contudo, uma reunificação, como a considerou Victor Ribeiro (Ribeiro, 1998, p. 124), pelo simples facto de que a confraria não tinha sido desapossada do hospital. Era antes um momento decisivo do processo transformador a que tinham sido submetidos após o Terramoto de 1755, projeto concluído em novembro seguinte, com a abolição do compromisso da Misericórdia de Lisboa, de 1618. Neste texto, pretende-se refletir sobre a evolução da relação entre o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa durante o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo. Num tempo caracterizado pelo controlo estatal, intentamos aferir os contornos das políticas do secretário de Estado do Reino relativas às duas instituições e avaliar a sua eficácia. Para o efeito, recuperam-se, de estudos anteriores (Abreu, 2013, pp. 28- 43), algumas informações sobre a organização financeira da nova estrutura assistencial que ditou o fim de Todos- -os-Santos e reanalisa-se, à luz da documentação produzida pelo hospital, o Breve Memorial, da autoria do enfermeiro-mor, Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça Castro Vasconcelos e Magalhães (Mendonça, 1761).Câmara Municipal de Lisboa2022-03-23T16:41:32Z2022-03-232021-01-01T00:00:00Zbook partinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionhttp://hdl.handle.net/10174/31447http://hdl.handle.net/10174/31447por"O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo”, O Hospital Real de Todos os Santos: Lisboa e a saúde, André TeixeiraEdite Martins Alberto Rodrigo Banha da Silva (coord.), Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 2021, pp. 295-300978-972-8543-57-0lfsa@uevora.ptAbreu, Laurindainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2024-01-03T19:30:43Zoai:dspace.uevora.pt:10174/31447Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T12:26:04.690803Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
title |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
spellingShingle |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo Abreu, Laurinda Hospital de Todos os Santos Misericórdia de Lisboa |
title_short |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
title_full |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
title_fullStr |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
title_full_unstemmed |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
title_sort |
O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo |
author |
Abreu, Laurinda |
author_facet |
Abreu, Laurinda |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Abreu, Laurinda |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Hospital de Todos os Santos Misericórdia de Lisboa |
topic |
Hospital de Todos os Santos Misericórdia de Lisboa |
description |
Fundados nos longínquos finais do século XV, o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa foram unidos a 27 de junho de 1564, depois de a confraria ter aceitado o convite do regente do reino, o cardeal infante D. Henrique, para governar o seu esprital de todos os sanctos da dita cidade como convem ao serviço de nosso Senhor e ao meu (Pereira, 1998, p. 252). Dois séculos depois, a 31 de janeiro de 1775, Sebastião José de Carvalho e Melo proclamava a restauração e nova fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e dos hospitais dos enfermos e inocentes expostos (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, f. 16), imprimindo a sua marca reformadora nas duas instituições que continuavam a dominar o panorama assistencial do país, agora simbolicamente instaladas nos edifícios dos padres da Companhia de Jesus: a Igreja e casa de São Roque e o Colégio de Santo Antão o Novo. A nova etapa na vida do hospital e da misericórdia, que o governante quisera que coincidisse com o início do ano, com a transferência dos doentes de Todos-os-Santos para Santo Antão, adiada para abril devido ao atraso das obras (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, fs. 79-79v.; Hospital de São José, Livro 944, n.º 5), não era, contudo, uma reunificação, como a considerou Victor Ribeiro (Ribeiro, 1998, p. 124), pelo simples facto de que a confraria não tinha sido desapossada do hospital. Era antes um momento decisivo do processo transformador a que tinham sido submetidos após o Terramoto de 1755, projeto concluído em novembro seguinte, com a abolição do compromisso da Misericórdia de Lisboa, de 1618. Neste texto, pretende-se refletir sobre a evolução da relação entre o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa durante o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo. Num tempo caracterizado pelo controlo estatal, intentamos aferir os contornos das políticas do secretário de Estado do Reino relativas às duas instituições e avaliar a sua eficácia. Para o efeito, recuperam-se, de estudos anteriores (Abreu, 2013, pp. 28- 43), algumas informações sobre a organização financeira da nova estrutura assistencial que ditou o fim de Todos- -os-Santos e reanalisa-se, à luz da documentação produzida pelo hospital, o Breve Memorial, da autoria do enfermeiro-mor, Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça Castro Vasconcelos e Magalhães (Mendonça, 1761). |
publishDate |
2021 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2021-01-01T00:00:00Z 2022-03-23T16:41:32Z 2022-03-23 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
book part |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10174/31447 http://hdl.handle.net/10174/31447 |
url |
http://hdl.handle.net/10174/31447 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
"O Hospital de Todos os Santos e a Misericórdia de Lisboa no tempo do governo de Sebastião José de Carvalho e Melo”, O Hospital Real de Todos os Santos: Lisboa e a saúde, André TeixeiraEdite Martins Alberto Rodrigo Banha da Silva (coord.), Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 2021, pp. 295-300 978-972-8543-57-0 lfsa@uevora.pt |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Câmara Municipal de Lisboa |
publisher.none.fl_str_mv |
Câmara Municipal de Lisboa |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia instacron:RCAAP |
instname_str |
FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
collection |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia |
repository.mail.fl_str_mv |
info@rcaap.pt |
_version_ |
1833592814394408960 |