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Interrogando a ‘Terceira África’: colonialismo, capitalismo e nacionalismo branco em Africa Austral

Bibliographic Details
Main Author: Meneses, Maria Paula
Publication Date: 2014
Other Authors: Gomes, Catarina Antunes
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10071/7583
Summary: Na última metade do século XX, a cartografia de poder no cone austral do continente africano mostra uma complexa realidade, onde se destaca a África do Sul, independente desde o início do século e controlada por um governo de minoria branca até finais do séc. XX, a Rodésia do Sul, com uma independência unilateral declarada em 1965 e o ‘protetorado’ do Sudoeste africano, sob tutela sul-africana. Essa cartografia mostra também que, em 1974, parte significativa da população branca no continente estava concentrada no extremo austral, em Moçambique, Angola, África do Sul e Rodésia e que Angola e Moçambique representavam, juntamente com o Sudoeste Africano, uma zona tampão de segurança fundamental para os regimes minoritários brancos da Rodésia e da África do Sul. Esta realidade extremamente complexa irá influenciar as alianças políticas e militares na região, assim como os processos de ‘descolonização’ e independência das colónias portuguesas de Angola e Moçambique. De fato, uma análise mais profunda e detalhada destes processos históricos desvela os embates fraturantes entre distintos projetos de independência e de descolonização dos territórios ultramarinos de Angola e Moçambique – uns de cariz neocolonial, guiados pelos propósitos de manter os futuros países na esfera de influência direta de Portugal, assegurando, por essa via, e em estreitas relações com as potências coloniais da região, a sua exploração capitalista; outros que pugnavam por independências efectivamente africanas com a indispensável transferência de soberania. A presente comunicação procurará mostrar como aos projectos de carácter neocolonial está associada a emergência de formas de nacionalismo branco que almejavam a perpetuação da condição de dominação dos territórios de Angola e Moçambique. Esses projectos serão analisados à luz dos jogos regionais, os quais ambicionavam edificar uma ‘Terceira África’ – para utilizar a expressão de Eschel Rhoodie (1968), sob o jugo do poder branco. Neste sentido também, a comunicação irá dar particular realce às formas pelas quais a estes ensejos neocoloniais se aliam importantes não projetos e relações do capitalismo internacional, desempenhando, a este nível, um papel de relevo não só as potências coloniais da região, mas também os interesses do capital do Ocidente.
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