Fazer a vida no Vale do Ave. Indústria e migrações nos anos 1960-70
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Publication Date: | 2022 |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10362/146247 |
Summary: | Tomando como ponto de partida a hipervisibilização histórica do mundo rural no olhar da antropologia sobre o norte do país, esta tese debruça-se sobre os modos de “fazer a vida” de antigas operárias e operários têxteis do Vale do Ave, num mundo social em transformação durante os anos 1960-70 em Portugal. Analisa-se, em particular, o caso da antiga Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães, uma fábrica têxtil fundada em 1890 em Campelos (freguesia de Ponte, Guimarães) que marcou, desde então, as principais transformações do lugar e as trajetórias de vida dos seus habitantes. Encerraria em 1968, altura em que, na sua envolvente, se intensifica a emigração em direção ao centro europeu, sendo Roubaix e Tourcoing – uma antiga zona industrial têxtil no norte de França – um destino recorrente. Partindo de um olhar que, desde o presente, se estende a um tempo longo, no quadro dos estudos sobre memória, analisa-se a articulação entre as mudanças sociais, económicas, políticas e culturais do lugar, e as trajetórias de vida e estruturas de sentimento dos seus habitantes. Em diálogo com os debates em torno de uma noção alargada de economia e de “trabalho”, atenta-se, por um lado, à centralidade da indústria têxtil e das migrações nessas mudanças, e, por outro, ao modo como os próprios sujeitos participam nelas ativamente, mediante um “trabalho” que visa “ganhar” e também “melhorar a vida”. Um “trabalho” que abarca várias esferas e dimensões da vida, entre economia, valor e tempo. Ou, por outras palavras, a força material das ideias implicada em vidas que se “fazem”, “arranjam”, “orientam”, tomam nas próprias mãos, e onde o futuro se situa, muitas vezes, noutro lugar. Conclui-se que a análise articulada da indústria e das migrações, no tempo longo e a partir da pequena escala, numa perspetiva emic, se configura como um dispositivo importante na compreensão das práticas económicas dos sujeitos numa perspetiva alargada. Uma análise que adquire particular relevância em zonas como o Vale do Ave, perante a sua diversidade intrarregional e articulação com dinâmicas globais, e em contextos marcados por uma crise e incerteza persistentes. |
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Fazer a vida no Vale do Ave. Indústria e migrações nos anos 1960-70Indústria têxtilMigraçõesModos de vidaMudança socialMemóriaClasse operáriaAntropologia económicaVale do AveTextile industryMigrationsLivelihoodSocial changeMemoryWorking classEconomic anthropologyDomínio/Área Científica::Humanidades::Outras HumanidadesTomando como ponto de partida a hipervisibilização histórica do mundo rural no olhar da antropologia sobre o norte do país, esta tese debruça-se sobre os modos de “fazer a vida” de antigas operárias e operários têxteis do Vale do Ave, num mundo social em transformação durante os anos 1960-70 em Portugal. Analisa-se, em particular, o caso da antiga Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães, uma fábrica têxtil fundada em 1890 em Campelos (freguesia de Ponte, Guimarães) que marcou, desde então, as principais transformações do lugar e as trajetórias de vida dos seus habitantes. Encerraria em 1968, altura em que, na sua envolvente, se intensifica a emigração em direção ao centro europeu, sendo Roubaix e Tourcoing – uma antiga zona industrial têxtil no norte de França – um destino recorrente. Partindo de um olhar que, desde o presente, se estende a um tempo longo, no quadro dos estudos sobre memória, analisa-se a articulação entre as mudanças sociais, económicas, políticas e culturais do lugar, e as trajetórias de vida e estruturas de sentimento dos seus habitantes. Em diálogo com os debates em torno de uma noção alargada de economia e de “trabalho”, atenta-se, por um lado, à centralidade da indústria têxtil e das migrações nessas mudanças, e, por outro, ao modo como os próprios sujeitos participam nelas ativamente, mediante um “trabalho” que visa “ganhar” e também “melhorar a vida”. Um “trabalho” que abarca várias esferas e dimensões da vida, entre economia, valor e tempo. Ou, por outras palavras, a força material das ideias implicada em vidas que se “fazem”, “arranjam”, “orientam”, tomam nas próprias mãos, e onde o futuro se situa, muitas vezes, noutro lugar. Conclui-se que a análise articulada da indústria e das migrações, no tempo longo e a partir da pequena escala, numa perspetiva emic, se configura como um dispositivo importante na compreensão das práticas económicas dos sujeitos numa perspetiva alargada. Uma análise que adquire particular relevância em zonas como o Vale do Ave, perante a sua diversidade intrarregional e articulação com dinâmicas globais, e em contextos marcados por uma crise e incerteza persistentes.Considering the historical hypervisibility of the rural world in the anthropological viewpoint of the north of Portugal, this thesis focuses on the ways of “making a living” of former textile workers from Vale do Ave, in a changing social world during the 1960-70’s in Portugal. It analyses, particularly, the case of the former Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães, a textile factory founded in 1890 in Campelos (parish of Ponte, municipality of Guimarães, in the North region of Portugal) that has since marked the main transformations in the neighbourhood and its inhabitants’ life trajectories. The factory would close in 1968, while in its surroundings the emigration towards central Europe intensifies, being Roubaix and Tourcoing – an old textile industry area in the north of France – a recurrent destination. Departing from a viewpoint that, from the present, extends over the long term, within the scope of the memory studies, this study analyses the relation between the social, economic, political, and cultural changes of the neighbourhood and the life trajectories and structures of feeling of its inhabitants. In dialogue with the debates around an expanded notion of economy and “work”, this thesis addresses both the centrality of the textile industry and migrations in those changes, and the way in which people themselves participate actively in them, through a “work” that aims to “make a living” and to make a “life worth living” too. A “work” that encompasses various spheres and dimensions of life, namely economy, value, and time. Or, in other words, the material force of ideas implied in lives that are “made”, “arranged”, “guided”, taken into their own hands, and where the future is often situated elsewhere. It is concluded that the articulated analyses of industry and migrations, in the long term and from a small-scale perspective, in an “emic” point of view, configures itself as an important device in the understanding of people’s economic practices from an expanded perspective. An analysis especially relevant in sub-regions like Vale do Ave, given its intra-regional diversity and articulation with global dynamics, and in contextscharacterized by persistent crisis and uncertainty.Investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, através da Bolsa Individual de Doutoramento SFRH/BD/116838/2016 e da Bolsa Excecional de Mitigação de Impactos da COVID-19 COVID/BD/151826/2021.Godinho, PaulaCordeiro, José Manuel LopesHachez-Leroy, FlorenceRUNRei, Mariana de Azevedo Machado Lourenço2022-12-15T16:41:18Z2022-09-132022-10-312022-09-13T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/146247TID:101554028porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2024-05-22T18:07:24Zoai:run.unl.pt:10362/146247Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T17:38:05.388984Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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