Esclerose múltipla e qualidade de vida : o efeito do apoio social
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Publication Date: | 2011 |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10400.6/1944 |
Summary: | Até aos anos 60 do século passado, o estado de saúde de uma população estimava-se, quase exclusivamente, em termos de mortalidade e morbilidade. Contudo, o aumento das doenças crónicas influenciou a mudança de uma visão de tradição clínica da saúde para uma visão de saúde pública, permitindo a afirmação de um paradigma epidemiológico complementar ao paradigma biomédico. Este caminho reflete o interesse dos investigadores em medir os resultados e benefícios em saúde das pessoas e populações, assim como o seu impacto na vida dos doentes e suas famílias. Esta mudança de atitude dos investigadores tem por base o princípio de que uma boa saúde é um indicador universal de qualidade de vida, porque uma vida com qualidade, em geral, pode tornar as pessoas mais saudáveis. Neste sentido, a avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde é um meio importante para estudar parte dos efeitos das doenças crónicas sobre as pessoas. A qualidade de vida relacionada com a saúde é uma variável de resultado importante nos estudos sobre as doenças crónicas. O primeiro estudo sobre esclerose múltipla e qualidade de vida foi publicado em 1992, revelando que este tipo de pesquisa é ainda relativamente recente. A esclerose múltipla afeta o doente ao nível comportamental, ao nível do seu desempenho social, sobrecarregando a sua família com a necessidade de cuidados, com a perda de rendimento, com a necessidade de alteração das tarefas domésticas, com modificações nos papéis sociais e nos relacionamentos familiares, com a necessidade de reforçar o apoio social ao doente e com a necessidade de engendrar estratégias de reação às dificuldades diárias. Tendo em consideração a amplitude dos fatores que podem influenciar a qualidade de vida dos doentes com esclerose múltipla, a investigação tem dedicado, nos últimos 20 anos, alguma atenção à função do apoio social na sua qualidade de vida. Os trabalhos sobre o efeito buffer do apoio social contra as condições psicossociais adversas da esclerose múltipla demostraram que ele melhora a qualidade de vida e diminui os sintomas depressivos dos doentes. O objetivo central deste trabalho é analisar o efeito buffer do apoio social na qualidade de vida e nos sintomas depressivos dos doentes, descrever as suas características sociodemográficas e incapacidades físicas e relacioná-las com a qualidade de vida ligada à saúde. Para isso, avaliámos as caraterísticas sociodemográficas de 150 doentes com esclerose múltipla, as suas incapacidades físicas, a sua qualidade de vida, os sintomas depressivos e o apoio social recebido ou percecionado como disponível. Usámos a regressão múltipla para determinar o efeito das variáveis sociodemográficas, caraterísticas da doença e do apoio social na qualidade de vida dos doentes e nos sintomas depressivos. Encontrámos diferenças estatisticamente significativas entre a idade dos doentes, o nível de escolaridade, a situação profissional, as incapacidades físicas e a sua qualidade de vida. A idade, o nível de escolaridade e o apoio psicológico determinam as variações estatisticamente mais significativas em todas as dimensões da qualidade de vida dos doentes com esclerose múltipla. A idade, o nível de escolaridade, o apoio psicológico, o tempo de evolução da doença e as formas progressivas da esclerose múltipla determinam as variações estatisticamente mais significativas nos sintomas depressivos dos doentes. O apoio psicológico é o fator com maior efeito sobre a qualidade de vida e sintomas depressivos dos doentes comparativamente com as caraterísticas sociodemográficas, incapacidades físicas e parâmetros da esclerose múltipla. Concluímos que os doentes mais jovens com melhores níveis de escolaridade, empregados, com menor tempo de evolução da esclerose múltipla e menores incapacidades físicas têm melhor qualidade de vida do que os outros doentes. No modelo testado, o apoio social é o determinante mais importante da qualidade de vida e o fator com maior peso explicativo dos sintomas depressivos dos doentes com esclerose múltipla. |
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Esclerose múltipla e qualidade de vida : o efeito do apoio socialEsclerose múltipla - IncapacidadeEsclerose múltipla - Aspectos sociodemográficosEsclerose múltipla - Apoio socialEsclerose múltipla - Qualidade de vidaEsclerose múltipla - Sintomas depressivosAté aos anos 60 do século passado, o estado de saúde de uma população estimava-se, quase exclusivamente, em termos de mortalidade e morbilidade. Contudo, o aumento das doenças crónicas influenciou a mudança de uma visão de tradição clínica da saúde para uma visão de saúde pública, permitindo a afirmação de um paradigma epidemiológico complementar ao paradigma biomédico. Este caminho reflete o interesse dos investigadores em medir os resultados e benefícios em saúde das pessoas e populações, assim como o seu impacto na vida dos doentes e suas famílias. Esta mudança de atitude dos investigadores tem por base o princípio de que uma boa saúde é um indicador universal de qualidade de vida, porque uma vida com qualidade, em geral, pode tornar as pessoas mais saudáveis. Neste sentido, a avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde é um meio importante para estudar parte dos efeitos das doenças crónicas sobre as pessoas. A qualidade de vida relacionada com a saúde é uma variável de resultado importante nos estudos sobre as doenças crónicas. O primeiro estudo sobre esclerose múltipla e qualidade de vida foi publicado em 1992, revelando que este tipo de pesquisa é ainda relativamente recente. A esclerose múltipla afeta o doente ao nível comportamental, ao nível do seu desempenho social, sobrecarregando a sua família com a necessidade de cuidados, com a perda de rendimento, com a necessidade de alteração das tarefas domésticas, com modificações nos papéis sociais e nos relacionamentos familiares, com a necessidade de reforçar o apoio social ao doente e com a necessidade de engendrar estratégias de reação às dificuldades diárias. Tendo em consideração a amplitude dos fatores que podem influenciar a qualidade de vida dos doentes com esclerose múltipla, a investigação tem dedicado, nos últimos 20 anos, alguma atenção à função do apoio social na sua qualidade de vida. Os trabalhos sobre o efeito buffer do apoio social contra as condições psicossociais adversas da esclerose múltipla demostraram que ele melhora a qualidade de vida e diminui os sintomas depressivos dos doentes. O objetivo central deste trabalho é analisar o efeito buffer do apoio social na qualidade de vida e nos sintomas depressivos dos doentes, descrever as suas características sociodemográficas e incapacidades físicas e relacioná-las com a qualidade de vida ligada à saúde. Para isso, avaliámos as caraterísticas sociodemográficas de 150 doentes com esclerose múltipla, as suas incapacidades físicas, a sua qualidade de vida, os sintomas depressivos e o apoio social recebido ou percecionado como disponível. Usámos a regressão múltipla para determinar o efeito das variáveis sociodemográficas, caraterísticas da doença e do apoio social na qualidade de vida dos doentes e nos sintomas depressivos. Encontrámos diferenças estatisticamente significativas entre a idade dos doentes, o nível de escolaridade, a situação profissional, as incapacidades físicas e a sua qualidade de vida. 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Até aos anos 60 do século passado, o estado de saúde de uma população estimava-se, quase exclusivamente, em termos de mortalidade e morbilidade. Contudo, o aumento das doenças crónicas influenciou a mudança de uma visão de tradição clínica da saúde para uma visão de saúde pública, permitindo a afirmação de um paradigma epidemiológico complementar ao paradigma biomédico. Este caminho reflete o interesse dos investigadores em medir os resultados e benefícios em saúde das pessoas e populações, assim como o seu impacto na vida dos doentes e suas famílias. Esta mudança de atitude dos investigadores tem por base o princípio de que uma boa saúde é um indicador universal de qualidade de vida, porque uma vida com qualidade, em geral, pode tornar as pessoas mais saudáveis. Neste sentido, a avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde é um meio importante para estudar parte dos efeitos das doenças crónicas sobre as pessoas. A qualidade de vida relacionada com a saúde é uma variável de resultado importante nos estudos sobre as doenças crónicas. O primeiro estudo sobre esclerose múltipla e qualidade de vida foi publicado em 1992, revelando que este tipo de pesquisa é ainda relativamente recente. A esclerose múltipla afeta o doente ao nível comportamental, ao nível do seu desempenho social, sobrecarregando a sua família com a necessidade de cuidados, com a perda de rendimento, com a necessidade de alteração das tarefas domésticas, com modificações nos papéis sociais e nos relacionamentos familiares, com a necessidade de reforçar o apoio social ao doente e com a necessidade de engendrar estratégias de reação às dificuldades diárias. Tendo em consideração a amplitude dos fatores que podem influenciar a qualidade de vida dos doentes com esclerose múltipla, a investigação tem dedicado, nos últimos 20 anos, alguma atenção à função do apoio social na sua qualidade de vida. Os trabalhos sobre o efeito buffer do apoio social contra as condições psicossociais adversas da esclerose múltipla demostraram que ele melhora a qualidade de vida e diminui os sintomas depressivos dos doentes. O objetivo central deste trabalho é analisar o efeito buffer do apoio social na qualidade de vida e nos sintomas depressivos dos doentes, descrever as suas características sociodemográficas e incapacidades físicas e relacioná-las com a qualidade de vida ligada à saúde. Para isso, avaliámos as caraterísticas sociodemográficas de 150 doentes com esclerose múltipla, as suas incapacidades físicas, a sua qualidade de vida, os sintomas depressivos e o apoio social recebido ou percecionado como disponível. Usámos a regressão múltipla para determinar o efeito das variáveis sociodemográficas, caraterísticas da doença e do apoio social na qualidade de vida dos doentes e nos sintomas depressivos. Encontrámos diferenças estatisticamente significativas entre a idade dos doentes, o nível de escolaridade, a situação profissional, as incapacidades físicas e a sua qualidade de vida. A idade, o nível de escolaridade e o apoio psicológico determinam as variações estatisticamente mais significativas em todas as dimensões da qualidade de vida dos doentes com esclerose múltipla. A idade, o nível de escolaridade, o apoio psicológico, o tempo de evolução da doença e as formas progressivas da esclerose múltipla determinam as variações estatisticamente mais significativas nos sintomas depressivos dos doentes. O apoio psicológico é o fator com maior efeito sobre a qualidade de vida e sintomas depressivos dos doentes comparativamente com as caraterísticas sociodemográficas, incapacidades físicas e parâmetros da esclerose múltipla. Concluímos que os doentes mais jovens com melhores níveis de escolaridade, empregados, com menor tempo de evolução da esclerose múltipla e menores incapacidades físicas têm melhor qualidade de vida do que os outros doentes. No modelo testado, o apoio social é o determinante mais importante da qualidade de vida e o fator com maior peso explicativo dos sintomas depressivos dos doentes com esclerose múltipla. |
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