Abordagem Perioperatória de Doentes com Angioedema Hereditário
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Data de Publicação: | 2018 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25751/rspa.14816 |
Resumo: | Introdução: O angioedema hereditário é uma doença rara, autossómica dominante, que se manifesta por crises súbitas, recorrentes e de gravidade variável de edema subcutâneo e submucoso. Estes episódios podem ocorrer de forma espontânea ou em resposta a triggers. São conhecidos três tipos de angioedema hereditário. A doença é condicionada por diminuição do nível plasmático de inibidor de C1 e aumento da bradicinina, com aumento da permeabilidade vascular e consequente edema. O objectivo deste trabalho é apresentar um protocolo para manuseamento perioperatório dos doentes com angioedema hereditário. Métodos: Realizámos uma revisão bibliográfica em três bases de dados, com os termos de pesquisa “hereditary angioedema” AND “anesthesia”. Foram incluídos artigos com menos de 10 anos e em inglês. No total obtivemos 58 artigos, foram selecionados 22. Resultados: Existem vários fármacos disponíveis para a abordagem do angioedema hereditário: o concentrado de inibidor de C1, plasma humano/plasma fresco congelado, androgéneos atenuados, anti-fibrinolíticos e moduladores do sistema de contacto. A profilaxia das crises pode ser efectuada a longo prazo, nos doentes com sintomas frequentes ou severos, e a curto prazo, antes de procedimentos dentários, médicos ou cirúrgicos. O tratamento das crises agudas é efectuado em meio intra ou extra-hospitalar. Discussão: A maioria dos artigos incluídos são descrição de casos clínicos individuais ou revisão dos casos de uma instituição. Várias medidas devem ser tomadas no período perioperatório de forma a evitar uma crise aguda. A profilaxia deverá ser realizada durante a gravidez antes de qualquer procedimento cirúrgico, nos procedimentos dentários (exceto limpeza dentária ou restauração simples), quando a cirurgia envolve manuseamento da via aérea, nos doentes com episódios prévios de angioedema afectando a via aérea e quando há estimativa de alterações significativas da volémia. Devido ao risco de crise de angioedema no pós-operatório, estes doentes devem permanecer numa unidade com vigilância permanente. Conclusões: Um dos potenciais triggers para uma crise de angioedema hereditário é o trauma anestésico e cirúrgico. Torna-se fundamental adoptar medidas para prevenção do angioedema e diminuição da morbimortalidade. Qualquer caso suspeito deverá ser referenciado para o Serviço de Imunoalergologia de um dos centros de referência. |
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Abordagem Perioperatória de Doentes com Angioedema HereditárioAbordagem Perioperatória de Doentes com Angioedema HereditárioArtigo de RevisãoIntrodução: O angioedema hereditário é uma doença rara, autossómica dominante, que se manifesta por crises súbitas, recorrentes e de gravidade variável de edema subcutâneo e submucoso. Estes episódios podem ocorrer de forma espontânea ou em resposta a triggers. São conhecidos três tipos de angioedema hereditário. A doença é condicionada por diminuição do nível plasmático de inibidor de C1 e aumento da bradicinina, com aumento da permeabilidade vascular e consequente edema. O objectivo deste trabalho é apresentar um protocolo para manuseamento perioperatório dos doentes com angioedema hereditário. Métodos: Realizámos uma revisão bibliográfica em três bases de dados, com os termos de pesquisa “hereditary angioedema” AND “anesthesia”. Foram incluídos artigos com menos de 10 anos e em inglês. No total obtivemos 58 artigos, foram selecionados 22. Resultados: Existem vários fármacos disponíveis para a abordagem do angioedema hereditário: o concentrado de inibidor de C1, plasma humano/plasma fresco congelado, androgéneos atenuados, anti-fibrinolíticos e moduladores do sistema de contacto. A profilaxia das crises pode ser efectuada a longo prazo, nos doentes com sintomas frequentes ou severos, e a curto prazo, antes de procedimentos dentários, médicos ou cirúrgicos. O tratamento das crises agudas é efectuado em meio intra ou extra-hospitalar. Discussão: A maioria dos artigos incluídos são descrição de casos clínicos individuais ou revisão dos casos de uma instituição. Várias medidas devem ser tomadas no período perioperatório de forma a evitar uma crise aguda. A profilaxia deverá ser realizada durante a gravidez antes de qualquer procedimento cirúrgico, nos procedimentos dentários (exceto limpeza dentária ou restauração simples), quando a cirurgia envolve manuseamento da via aérea, nos doentes com episódios prévios de angioedema afectando a via aérea e quando há estimativa de alterações significativas da volémia. Devido ao risco de crise de angioedema no pós-operatório, estes doentes devem permanecer numa unidade com vigilância permanente. Conclusões: Um dos potenciais triggers para uma crise de angioedema hereditário é o trauma anestésico e cirúrgico. Torna-se fundamental adoptar medidas para prevenção do angioedema e diminuição da morbimortalidade. Qualquer caso suspeito deverá ser referenciado para o Serviço de Imunoalergologia de um dos centros de referência.Introduction: Hereditary angioedema (HAE) is a rare, autosomal dominant disease manifested by the sudden, recurrent and variable severity of subcutaneous and submucosal edema. These episodes may occur spontaneously or in response to triggers. Three types of HAE are known. The disease is conditioned by a decrease in the plasma level of C1 inhibitor and increase of bradykinin, with increased vascular permeability and consequent edema. The aim of this study is to present a protocol for the perioperative management of patients with hereditary angioedema. Methods: We carried out a bibliographic review in 3 databases, with the terms “hereditary angioedema” AND “anaesthesia”. We included articles under 10 years old and in English. In total, 58 articles were found, 22 were selected. Results: There are a number of drugs available for the hereditary angioedema approach: C1 inhibitor concentrate, human plasma / fresh frozen plasma, attenuated androgens, antifibrinolytics and modulators of the contact system. Prophylaxis of crisis may be performed in the long term, in patients with frequent or severe symptoms, and in the short term before dental, medical or surgical procedures. The treatment of acute attacks is carried out intra or extra-hospital. Discussion: Most of the articles included are descriptions of individual clinical cases or review of an institution’s cases. Several measures must be taken in the perioperative period in order to avoid an acute crisis. Prophylaxis should be performed during pregnancy prior to any surgical procedure, in dental procedures (except dental cleaning or simple restoration), when surgery involves airway manipulation, in patients with previous episodes of angioedema affecting the airway and when there is an estimate of significant volume changes. Due to the risk of angioedema in the postoperative period, these patients should remain in a unit with permanent surveillance. Conclusions: One of the potential triggers for a hereditary angioedema crisis is anaesthetic and surgical trauma. It is essential to adopt measures to prevent angioedema and decrease morbidity and mortality. Any suspected case should be referred to the Immunoallergology Service of one of the reference centers.Sociedade Portuguesa de Anestesiologia2018-03-30T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25751/rspa.14816por0871-6099Rodrigues, CarolinaAdrego, TiagoVieira, Helenainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2022-09-23T15:34:45Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/14816Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T10:24:22.022495Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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