A história aberta face ao tempo do destino : acerca de rememoração e messianismo em Walter Benjamin

• Autor(a) principal: Cavalcante, Leonardo Uderman Teixeira
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/64564
• topic: Domínio/Área Científica::Humanidades::Filosofia, Ética e Religião

Walter Benjamin inicia o “Apêndice B” de suas teses Über den Begriff der Geschichte [Sobre o conceito de história] contrapondo o tempo “homogêneo e vazio”, compreendido como um infinito fluxo de instantes sem relevância, ao tempo tal como experenciado pelos adivinhos. Em seguida, Benjamin evoca os conceitos teológicos de rememoração e messianismo, que fundamentam uma concepção de temporalidade que se opõe ao tempo da experiência oracular, sem, contudo, recair no continuum do tempo homogêneo e vazio. Este trabalho visa perquirir essas contraposições. Para isso, em primeiro lugar, investiga-se minuciosamente o uso do conceito de destino e a rejeição desse conceito na obra de Benjamin, com o intuito de compreender em seus pormenores a menção à maneira como os adivinhos experenciam o tempo. Depois, tendo em vista que a rememoração equivale ao domínio secular do conhecimento histórico e o messianismo, à ação política revolucionária, são investigadas as reflexões epistemológicas e políticas do autor. Procura-se mostrar como essas reflexões, em ambos os domínios, conectam-se ao rechaço benjaminiano ao tempo do destino. Com isto, argumenta-se que a filosofia da história de Benjamin não é construída simplesmente como uma resposta aos eventos políticos da década de 1930; antes, assentada em ideias que Benjamin desenvolve desde sua juventude, ela propõe a elaboração de uma temporalidade capaz de abarcar na rememoração uma imagem propriamente atual do passado que forneça uma entrada ao futuro messiânico.