Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim)
| Autor(a) principal: | |
|---|---|
| Data de Publicação: | 2003 |
| Tipo de documento: | Artigo |
| Idioma: | por |
| Título da fonte: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
| Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.2/3709 |
Resumo: | Neste trabalho apresenta-se o resultado das escavações realizadas respectivamente em 1998 e em 2001 nos núcleos de menires de Lavajo I e de Lavajo II, distanciados cerca de 2S0 m na direcção NNE e separados pelo pequeno vale do Lavajo, bem como dos trabalhos de protecção, recuperação e valorização efectuados sobretudo no núcleo mais importante (Lavajo 1). Os locais, pelo menos actualmente, são intervisíveis, graças à implantação destacada no terreno: o núcleo de Lavajo I situase no topo de colina enquanto Lavajo II ocupa a linha de festo de uma encosta, conferindo ao local visibilidade, tanto do lado sul como do lado norte. O conjunto de Lavajo I é constituído actualmente por três monólitos, todos de grauvaque: um,quase inteiro, de tendência fálica,é actualmente o maior menir de grauvaque conhecido em território português, atingindo o comprimento máximo de 3,14 m. Todos os menires de Lavajo I se apresentam decorados, com destaque para o maior deles, o qual exibe complexa decoração. Em Lavajo II, identificaram-se quatro este las-menir não decoradas, todas de grauvaque, das quais apenas uma, representada por fragmento de pequenas dimensões, se encontrava in situ. Foi, no entanto, possível reconstituir a posição relativa das restantes, através da escavação integral do respectivo alvéolo, correspondente a rasgo alongado, orientado Este-Oeste, aberto no substrato geológico, constituído por xistos do Carbónico Superior finamente folheados. Deste modo, é de concluir que as estelas menir se dispunham em linha, constituindo um painel lítico contínuo. No interior do alvéolo, recolheram-se diversos artefactos ali ritualmente depositados aquando da fundação do monumento, cuja tipologia indica o Neolítico Final, cronologia aliás compatível com a do conjunto megalítico de Lavajo 1, tendo presente a iconografia patente nos menires. Muito embora não se conheça ainda suficientemente o padrão de povoamento da região no Neolítico Final, estes dois núcleos megalíticos podem ser interpretados como marcadores de territórios e/ou de espaços sagrados, sendo de destacar a existência, durante todo o ano, de água nas proximidades imediatas, recurso escasso e precioso, que propiciaria a horticultura. Por outro lado, a natureza das matérias-primas utilizadas na confecção dos artefactos encontrados (sílex, anfibolitol. para além de outros materiais de circu lação transregional muito mais alargada (fibrolite), evidencia a forte interacção destas populações tanto com o interior do Baixo Alentejo (Zona de Ossa/Morena), como com o litoral algarvio ou andaluz, compatível com estádio de desenvolvimento económico do final do Neolítico do sul peninsular, atingido na segunda metade do IV milénio a. C. Numa vasta região, correspondente a todo o sotavento algarvio, onde o megalitismo não funerário era até agora totalmente desconhecido, os testemunhos ora estudados constituem, doravante, uma das expressões mais interessantes e sig nificativas, cuja relevância se impõe numa área muito mais vasta, correspondente a todo o Sudoeste peninsular. |
| id |
RCAP_bfcabafc6a518b299745f6fd357ef2e6 |
|---|---|
| oai_identifier_str |
oai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/3709 |
| network_acronym_str |
RCAP |
| network_name_str |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
| repository_id_str |
https://opendoar.ac.uk/repository/7160 |
| spelling |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim)ArqueologiaEscavações arqueológicasPeríodo megalíticoBaixo AlentejoAlcoutimNeste trabalho apresenta-se o resultado das escavações realizadas respectivamente em 1998 e em 2001 nos núcleos de menires de Lavajo I e de Lavajo II, distanciados cerca de 2S0 m na direcção NNE e separados pelo pequeno vale do Lavajo, bem como dos trabalhos de protecção, recuperação e valorização efectuados sobretudo no núcleo mais importante (Lavajo 1). Os locais, pelo menos actualmente, são intervisíveis, graças à implantação destacada no terreno: o núcleo de Lavajo I situase no topo de colina enquanto Lavajo II ocupa a linha de festo de uma encosta, conferindo ao local visibilidade, tanto do lado sul como do lado norte. O conjunto de Lavajo I é constituído actualmente por três monólitos, todos de grauvaque: um,quase inteiro, de tendência fálica,é actualmente o maior menir de grauvaque conhecido em território português, atingindo o comprimento máximo de 3,14 m. Todos os menires de Lavajo I se apresentam decorados, com destaque para o maior deles, o qual exibe complexa decoração. Em Lavajo II, identificaram-se quatro este las-menir não decoradas, todas de grauvaque, das quais apenas uma, representada por fragmento de pequenas dimensões, se encontrava in situ. Foi, no entanto, possível reconstituir a posição relativa das restantes, através da escavação integral do respectivo alvéolo, correspondente a rasgo alongado, orientado Este-Oeste, aberto no substrato geológico, constituído por xistos do Carbónico Superior finamente folheados. Deste modo, é de concluir que as estelas menir se dispunham em linha, constituindo um painel lítico contínuo. No interior do alvéolo, recolheram-se diversos artefactos ali ritualmente depositados aquando da fundação do monumento, cuja tipologia indica o Neolítico Final, cronologia aliás compatível com a do conjunto megalítico de Lavajo 1, tendo presente a iconografia patente nos menires. Muito embora não se conheça ainda suficientemente o padrão de povoamento da região no Neolítico Final, estes dois núcleos megalíticos podem ser interpretados como marcadores de territórios e/ou de espaços sagrados, sendo de destacar a existência, durante todo o ano, de água nas proximidades imediatas, recurso escasso e precioso, que propiciaria a horticultura. Por outro lado, a natureza das matérias-primas utilizadas na confecção dos artefactos encontrados (sílex, anfibolitol. para além de outros materiais de circu lação transregional muito mais alargada (fibrolite), evidencia a forte interacção destas populações tanto com o interior do Baixo Alentejo (Zona de Ossa/Morena), como com o litoral algarvio ou andaluz, compatível com estádio de desenvolvimento económico do final do Neolítico do sul peninsular, atingido na segunda metade do IV milénio a. C. Numa vasta região, correspondente a todo o sotavento algarvio, onde o megalitismo não funerário era até agora totalmente desconhecido, os testemunhos ora estudados constituem, doravante, uma das expressões mais interessantes e sig nificativas, cuja relevância se impõe numa área muito mais vasta, correspondente a todo o Sudoeste peninsular.Repositório AbertoCardoso, João Luís2015-02-20T11:13:12Z20032003-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/3709porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-02-26T09:51:22Zoai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/3709Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T21:10:15.713064Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
| dc.title.none.fl_str_mv |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| title |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| spellingShingle |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) Cardoso, João Luís Arqueologia Escavações arqueológicas Período megalítico Baixo Alentejo Alcoutim |
| title_short |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| title_full |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| title_fullStr |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| title_full_unstemmed |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| title_sort |
Resultados preliminares das escavações arqueológicas realizadas nos núcleos de Menires de Lavajo I e Lavajo II (Alcoutim) |
| author |
Cardoso, João Luís |
| author_facet |
Cardoso, João Luís |
| author_role |
author |
| dc.contributor.none.fl_str_mv |
Repositório Aberto |
| dc.contributor.author.fl_str_mv |
Cardoso, João Luís |
| dc.subject.por.fl_str_mv |
Arqueologia Escavações arqueológicas Período megalítico Baixo Alentejo Alcoutim |
| topic |
Arqueologia Escavações arqueológicas Período megalítico Baixo Alentejo Alcoutim |
| description |
Neste trabalho apresenta-se o resultado das escavações realizadas respectivamente em 1998 e em 2001 nos núcleos de menires de Lavajo I e de Lavajo II, distanciados cerca de 2S0 m na direcção NNE e separados pelo pequeno vale do Lavajo, bem como dos trabalhos de protecção, recuperação e valorização efectuados sobretudo no núcleo mais importante (Lavajo 1). Os locais, pelo menos actualmente, são intervisíveis, graças à implantação destacada no terreno: o núcleo de Lavajo I situase no topo de colina enquanto Lavajo II ocupa a linha de festo de uma encosta, conferindo ao local visibilidade, tanto do lado sul como do lado norte. O conjunto de Lavajo I é constituído actualmente por três monólitos, todos de grauvaque: um,quase inteiro, de tendência fálica,é actualmente o maior menir de grauvaque conhecido em território português, atingindo o comprimento máximo de 3,14 m. Todos os menires de Lavajo I se apresentam decorados, com destaque para o maior deles, o qual exibe complexa decoração. Em Lavajo II, identificaram-se quatro este las-menir não decoradas, todas de grauvaque, das quais apenas uma, representada por fragmento de pequenas dimensões, se encontrava in situ. Foi, no entanto, possível reconstituir a posição relativa das restantes, através da escavação integral do respectivo alvéolo, correspondente a rasgo alongado, orientado Este-Oeste, aberto no substrato geológico, constituído por xistos do Carbónico Superior finamente folheados. Deste modo, é de concluir que as estelas menir se dispunham em linha, constituindo um painel lítico contínuo. No interior do alvéolo, recolheram-se diversos artefactos ali ritualmente depositados aquando da fundação do monumento, cuja tipologia indica o Neolítico Final, cronologia aliás compatível com a do conjunto megalítico de Lavajo 1, tendo presente a iconografia patente nos menires. Muito embora não se conheça ainda suficientemente o padrão de povoamento da região no Neolítico Final, estes dois núcleos megalíticos podem ser interpretados como marcadores de territórios e/ou de espaços sagrados, sendo de destacar a existência, durante todo o ano, de água nas proximidades imediatas, recurso escasso e precioso, que propiciaria a horticultura. Por outro lado, a natureza das matérias-primas utilizadas na confecção dos artefactos encontrados (sílex, anfibolitol. para além de outros materiais de circu lação transregional muito mais alargada (fibrolite), evidencia a forte interacção destas populações tanto com o interior do Baixo Alentejo (Zona de Ossa/Morena), como com o litoral algarvio ou andaluz, compatível com estádio de desenvolvimento económico do final do Neolítico do sul peninsular, atingido na segunda metade do IV milénio a. C. Numa vasta região, correspondente a todo o sotavento algarvio, onde o megalitismo não funerário era até agora totalmente desconhecido, os testemunhos ora estudados constituem, doravante, uma das expressões mais interessantes e sig nificativas, cuja relevância se impõe numa área muito mais vasta, correspondente a todo o Sudoeste peninsular. |
| publishDate |
2003 |
| dc.date.none.fl_str_mv |
2003 2003-01-01T00:00:00Z 2015-02-20T11:13:12Z |
| dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
| dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
| format |
article |
| status_str |
publishedVersion |
| dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10400.2/3709 |
| url |
http://hdl.handle.net/10400.2/3709 |
| dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
| language |
por |
| dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
| eu_rights_str_mv |
openAccess |
| dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
| dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia instacron:RCAAP |
| instname_str |
FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia |
| instacron_str |
RCAAP |
| institution |
RCAAP |
| reponame_str |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
| collection |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
| repository.name.fl_str_mv |
Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia |
| repository.mail.fl_str_mv |
info@rcaap.pt |
| _version_ |
1833599123969802240 |