Panorama das intoxicações em Portugal: o que mudou com a pandemia da Covid-19?
| Autor(a) principal: | |
|---|---|
| Data de Publicação: | 2022 |
| Tipo de documento: | Dissertação |
| Idioma: | por |
| Título da fonte: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
| Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10284/11887 |
Resumo: | O confinamento e outras medidas de mitigação da pandemia de Covid-19, como o uso de máscaras e o distanciamento físico, resultaram em mudanças abruptas no quotidiano da sociedade, limitando o acesso aos cuidados de saúde e potencialmente incentivando a automedicação, bem como a exacerbação ou surgimento de transtornos mentais. Além disso, as medidas de proteção da saúde pública contra a Covid-19, como o uso de produtos de limpeza e desinfeção, podem aumentar a exposição a produtos perigosos. Neste contexto, esta dissertação teve como objetivo descrever o impacto da pandemia de Covid-19 na incidência e padrões de exposições tóxicas em Portugal utilizando os dados do Centro de Informação Antivenenos, CIAV. Foi realizado um estudo retrospetivo utilizando dados de consultas recebidas pelo CIAV relacionadas a exposições tóxicas nos períodos pré-pandémicos (2018 e 2019) e pandémicos (2020 e 2021). Os dados recolhidos incluíram as características da chamada, do indivíduo intoxicado e da exposição. De janeiro de 2020 a dezembro de 2021, o CIAV recebeu um total de 50.344 consultas relacionadas a exposições tóxicas, o que representa uma diminuição de 5,3% no número de consultas em relação ao mesmo período de 2018 a 2019. Observou-se um aumento significativo nas consultas feitas a partir de casa (particulares) (15% em 2019 vs 27% em 2020), enquanto as consultas feitas por profissionais de saúde diminuíram. Nos quatro anos em apreço, os intoxicados foram principalmente adultos (mais de 65%), com as crianças representando cerca de 30%. As exposições foram relatadas em todas as faixas etárias, sendo os adultos na faixa dos 40 aos 49 anos e as crianças dos 1 aos 4 anos os mais afetados. Tanto no ano de 2019 como no ano de 2020, 40% das exposições ocorreram no sexo masculino e 60% no sexo feminino. Considerando a via de exposição, a mesma manteve-se inalterada ao longo do período em estudo, sendo a via digestiva a mais frequente (~80% do total de consultas). O número de exposições acidentais aumentou significativamente em adultos (32% no período pandémico vs 27,7% no período pré-pandémico), enquanto as exposições intencionais aumentaram em crianças (16,1% no período pandémico vs 7,3% no período pré-pandémico). Os medicamentos foram a classe mais comum de agentes tóxicos no período em estudo, correspondendo a 60% em crianças e 62% em adultos. Um aumento acentuado nas consultas relacionadas a produtos desinfetantes foi observado tanto em crianças como em adultos (9,8% e 3,2% em 2020 vs 2,1% e 0,5% em 2019). As classes farmacoterapêuticas mais frequentes nas intoxicações em adultos foram fármacos psicotrópicos (ansiolíticos e antipsicóticos) e anti-hipertensivos, enquanto nas crianças foram ansiolíticos, analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Em conclusão, a pandemia de Covid-19 alterou as características das consultas ao CIAV, com aumento dos atendimentos feitos ao público, bem como o padrão de exposição, com aumento das consultas relacionadas com a exposição a desinfetantes e a psicofármacos. |
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