Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes

Bibliographic Details
Main Author: Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da
Publication Date: 2013
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.14/13551
Summary: A presente dissertação tem como principal objetivo a apresentação de uma proposta de abordagem da problemática da memória e identidade portuguesas, no que diz respeito ao período compreendido entre o evento do 25 de Abril de 1974 e os finais da primeira década do século XXI. Adota para esse efeito uma perspetiva comparatista entre dois modelos distintos de representação: por um lado, o da imagem oficial da nação, tipicamente suportado por um vetor de poder estatal, que o impõe de forma constante sobre o aglomerado de indivíduos que integram o país; por outro, e problematizando essa mesma forma de representação oficial, um modelo discursivo de matriz literária, assente na obra de António Lobo Antunes, que deriva, precisamente, da exploração da perspetiva única do indivíduo, que se vê confrontado com os efeitos dessa vivência em comunidade. Partindo do confronto entre o texto inaugural da Constituição da República Portuguesa (datado de 2 de Abril de 1976) e as diversas revisões a que se vê sujeito ao longo das últimas décadas, demonstra que o projeto de um Portugal democrático, nela, inicialmente traçado, é alvo de sucessivas reconfigurações, que correspondem, também, a alterações profundas, no que às políticas de memória e identidade que lhe subjazem diz respeito, assim como no que toca aos próprios vetores de poder que determinam e impulsionam tais políticas. Daí deriva a possibilidade de identificação de quatro etapas distintas de evolução da imagem oficialmente partilhada pelo país, as quais, muito por causa de uma estratégia comum de apagamento forçado de tudo aquilo que possa revestir-se de natureza problematizante, conseguem, apesar de tudo, manter a ilusão de uma quase perfeita continuidade discursiva entre o Portugal de 1974 e o do século XXI. A identificação de tais etapas conhece, no entanto, novos contornos, a partir do momento em que, com base na proposta de uma poética de memória em António Lobo Antunes, se procede à identificação das dinâmicas discursivas que se desenvolvem por debaixo dessa imagem oficial, revelando, através da ficcionalidade, todo um conjunto de representações alternativas e tipicamente silenciadas da nação portuguesa, as quais evidenciam as lacunas inerentes ao seu discurso oficial de memória e identidade das últimas décadas, e atestando, em última análise, o verdadeiro caráter pós-moderno e pós-colonial de que a produção literária do autor se reveste.
id RCAP_bb8cf087fd6d54780c3329842b9007c5
oai_identifier_str oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/13551
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository_id_str https://opendoar.ac.uk/repository/7160
spelling Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo AntunesMemória e identidadeAntónio Lobo AntunesPortugalPós-modernismoPós-colonialismoMemory and identityPostmodernismPostcolonialismA presente dissertação tem como principal objetivo a apresentação de uma proposta de abordagem da problemática da memória e identidade portuguesas, no que diz respeito ao período compreendido entre o evento do 25 de Abril de 1974 e os finais da primeira década do século XXI. Adota para esse efeito uma perspetiva comparatista entre dois modelos distintos de representação: por um lado, o da imagem oficial da nação, tipicamente suportado por um vetor de poder estatal, que o impõe de forma constante sobre o aglomerado de indivíduos que integram o país; por outro, e problematizando essa mesma forma de representação oficial, um modelo discursivo de matriz literária, assente na obra de António Lobo Antunes, que deriva, precisamente, da exploração da perspetiva única do indivíduo, que se vê confrontado com os efeitos dessa vivência em comunidade. Partindo do confronto entre o texto inaugural da Constituição da República Portuguesa (datado de 2 de Abril de 1976) e as diversas revisões a que se vê sujeito ao longo das últimas décadas, demonstra que o projeto de um Portugal democrático, nela, inicialmente traçado, é alvo de sucessivas reconfigurações, que correspondem, também, a alterações profundas, no que às políticas de memória e identidade que lhe subjazem diz respeito, assim como no que toca aos próprios vetores de poder que determinam e impulsionam tais políticas. Daí deriva a possibilidade de identificação de quatro etapas distintas de evolução da imagem oficialmente partilhada pelo país, as quais, muito por causa de uma estratégia comum de apagamento forçado de tudo aquilo que possa revestir-se de natureza problematizante, conseguem, apesar de tudo, manter a ilusão de uma quase perfeita continuidade discursiva entre o Portugal de 1974 e o do século XXI. A identificação de tais etapas conhece, no entanto, novos contornos, a partir do momento em que, com base na proposta de uma poética de memória em António Lobo Antunes, se procede à identificação das dinâmicas discursivas que se desenvolvem por debaixo dessa imagem oficial, revelando, através da ficcionalidade, todo um conjunto de representações alternativas e tipicamente silenciadas da nação portuguesa, as quais evidenciam as lacunas inerentes ao seu discurso oficial de memória e identidade das últimas décadas, e atestando, em última análise, o verdadeiro caráter pós-moderno e pós-colonial de que a produção literária do autor se reveste.Martins, Adriana Alves de PaulaVeritatiCosta, Jorge Manuel de Almeida Gomes da2014-01-27T11:34:37Z201320132013-01-01T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/13551urn:tid:101312563porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-03-13T15:13:12Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/13551Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T02:11:13.011014Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
dc.title.none.fl_str_mv Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
title Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
spellingShingle Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da
Memória e identidade
António Lobo Antunes
Portugal
Pós-modernismo
Pós-colonialismo
Memory and identity
Postmodernism
Postcolonialism
title_short Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
title_full Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
title_fullStr Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
title_full_unstemmed Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
title_sort Para um estudo da memória e identidade portuguesas com António Lobo Antunes
author Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da
author_facet Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Martins, Adriana Alves de Paula
Veritati
dc.contributor.author.fl_str_mv Costa, Jorge Manuel de Almeida Gomes da
dc.subject.por.fl_str_mv Memória e identidade
António Lobo Antunes
Portugal
Pós-modernismo
Pós-colonialismo
Memory and identity
Postmodernism
Postcolonialism
topic Memória e identidade
António Lobo Antunes
Portugal
Pós-modernismo
Pós-colonialismo
Memory and identity
Postmodernism
Postcolonialism
description A presente dissertação tem como principal objetivo a apresentação de uma proposta de abordagem da problemática da memória e identidade portuguesas, no que diz respeito ao período compreendido entre o evento do 25 de Abril de 1974 e os finais da primeira década do século XXI. Adota para esse efeito uma perspetiva comparatista entre dois modelos distintos de representação: por um lado, o da imagem oficial da nação, tipicamente suportado por um vetor de poder estatal, que o impõe de forma constante sobre o aglomerado de indivíduos que integram o país; por outro, e problematizando essa mesma forma de representação oficial, um modelo discursivo de matriz literária, assente na obra de António Lobo Antunes, que deriva, precisamente, da exploração da perspetiva única do indivíduo, que se vê confrontado com os efeitos dessa vivência em comunidade. Partindo do confronto entre o texto inaugural da Constituição da República Portuguesa (datado de 2 de Abril de 1976) e as diversas revisões a que se vê sujeito ao longo das últimas décadas, demonstra que o projeto de um Portugal democrático, nela, inicialmente traçado, é alvo de sucessivas reconfigurações, que correspondem, também, a alterações profundas, no que às políticas de memória e identidade que lhe subjazem diz respeito, assim como no que toca aos próprios vetores de poder que determinam e impulsionam tais políticas. Daí deriva a possibilidade de identificação de quatro etapas distintas de evolução da imagem oficialmente partilhada pelo país, as quais, muito por causa de uma estratégia comum de apagamento forçado de tudo aquilo que possa revestir-se de natureza problematizante, conseguem, apesar de tudo, manter a ilusão de uma quase perfeita continuidade discursiva entre o Portugal de 1974 e o do século XXI. A identificação de tais etapas conhece, no entanto, novos contornos, a partir do momento em que, com base na proposta de uma poética de memória em António Lobo Antunes, se procede à identificação das dinâmicas discursivas que se desenvolvem por debaixo dessa imagem oficial, revelando, através da ficcionalidade, todo um conjunto de representações alternativas e tipicamente silenciadas da nação portuguesa, as quais evidenciam as lacunas inerentes ao seu discurso oficial de memória e identidade das últimas décadas, e atestando, em última análise, o verdadeiro caráter pós-moderno e pós-colonial de que a produção literária do autor se reveste.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013
2013
2013-01-01T00:00:00Z
2014-01-27T11:34:37Z
dc.type.driver.fl_str_mv doctoral thesis
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.14/13551
urn:tid:101312563
url http://hdl.handle.net/10400.14/13551
identifier_str_mv urn:tid:101312563
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron:RCAAP
instname_str FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
collection Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository.name.fl_str_mv Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
repository.mail.fl_str_mv info@rcaap.pt
_version_ 1833601258419650560