Vês, nós já cantávamos antes: a fotografia como memória da música
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Publication Date: | 2013 |
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Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10198/9114 |
Summary: | Durante o trabalho de campo para doutoramento que tenho vindo a desenvolver desde 2010 no seio da comunidade goesa da Catembe e Maputo (Moçambique), a fotografia revelou-se um elemento importante na investigação enquanto mediadora na minha relação com os colaboradores e na compreensão de questões muitas vezes omissas no discurso oral. Foi a partir do recurso à fotografia e da sua visualização, que alguns dos meus colaboradores iniciaram as descrições sobre as práticas musicais, as festas e os rituais nos quais participam ou participaram no passado. Neste sentido, a fotografia preparou o cenário para a narrativa na qual a música que não se ouvia de alguma forma, se materializou a partir da evocação de memórias pessoais sugeridas pela imagem. A fotografia, enquanto documento de registo etnográfico, tem sido amplamente discutida sobretudo no quadro da antropologia. Já no início do século XX Malinowski abriu caminho para que a antropologia incorporasse a fotografia como elemento de análise e como forma de complementar a narrativa etnográfica. Lévi-Strauss ampliou esta função da fotografia atribuindo-lhe um papel documental como forma de preservação de instantes únicos permitindo recensear e analisar acontecimentos, objetos ou mesmo pessoas. Finalmente, a socióloga Ana Caetano refere-se à utilização da fotografia enquanto um instrumento com valor emocional, capaz de criar recordações de algo considerado significativo como marca de identidade pessoal ou colectiva. Porém, a relação da fotografia com a música parece ser ainda um aspeto pouco estudado, talvez pela aparente contradição entre a relação que ambas estabelecem com a noção de tempo: a música acontece no tempo de uma forma dinâmica enquanto a fotografia congela o tempo em que acontece estatizando-o, portanto. Nesta comunicação, pretendo mostrar de que forma o recurso à fotografia pode ajudar a mapear e a reconstruir a performance musical revertendo a aparente estaticidade do tempo instantâneo que representa, a partir dos testemunhos e da minha observação no quadro da comunidade goesa residente na Catembe e em Maputo. |
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