Saúde mental, suporte social e adesão ao regime terapêutico: que associações no contexto da infeção pelo VIH/SIDA?
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Publication Date: | 2018 |
Format: | Master thesis |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10400.26/25738 |
Summary: | A adesão ao regime terapêutico representa o principal desafio aos portadores do VIH e aos profissionais de saúde que trabalham nesta área. Considerando a relevância do suporte social e a implicação dos fatores psicológicos face a um diagnóstico positivo de VIH, este trabalho teve como objetivo contribuir para a definição de estratégias e intervenções assistenciais, específicas na área da enfermagem de saúde mental, no sentido de controlar a gestão de sinais e sintomas e contribuir para a adesão ao regime terapêutico. O presente estudo está integrado num projeto mais amplo (NEURHIV – Pessoas com VIH/AIDS e distúrbios neuro cognitivos no Estado do Ceará e Norte Portugal: análise geoespacial, aspetos clínicos, apoio social e estratégias de intervenção) e seguiu uma abordagem quantitativa, não experimental, de caráter descritivo e correlacional, que visou verificar a existência de relações entre as problemáticas de saúde mental, o suporte social e a adesão ao regime terapêutico em utentes com VIH. A amostra, obtida por seleção não probabilística acidental, foi constituída por 111 participantes voluntários, que seguem tratamento para a patologia infeciosa. Obteve-se uma amostra com uma média de idades de 48 anos, na sua maioria (75,7%) do sexo masculino. Os dados trabalhados neste estudo foram colhidos através de um questionário que inclui os seguintes instrumentos: informações sociodemográficas, clínicas e de saúde, Questionário simplificado de adesão à medicação, HIV Dementia Scale – versão portuguesa, a Escala de Suporte Social para Pessoas Portadoras de VIH/SIDA e o BSI – Inventário Breve de Sintomas. Os dados foram colhidos entre fevereiro e julho de 2018, de forma individual a cada utente, cumprindo os princípios éticos inerentes à investigação. Os resultados deste estudo permitem constatar que existe evidência da presença de distress psicológico em utentes com VIH/SIDA, tendo-se identificado a existência de distúrbio em todas as dimensões do BSI. Identificamos 59,5% da amostra com alto risco para perturbações neuro cognitivas, e que o suporte social se correlaciona negativa e significativamente com todas as dimensões do distress psicológico em estudo, o que sugere que um menor suporte social propicia a intensidade do mal-estar psicológico. Verificamos ainda, nesta amostra, a existência de diferenças estatisticamente significativas na adesão ao regime terapêutico, em função das dimensões da sintomatologia psiquiátrica, mas não se obteve significância estatística na adesão ao regime terapêutico em função do suporte social. Os resultados obtidos, quer a nível do distress psicológico, quer a nível da cognição, não são em si diagnósticos, mas sugerem uma análise clínica detalhada destas dimensões. Globalmente, os resultados encontrados vão de encontro à literatura consultada. Este estudo evidencia, relativamente aos cuidados de saúde às pessoas que vivem com VIH, a importância de se detetarem precocemente possíveis sintomas de gestão emocional e neuro cognitiva e de os tratar de forma atempada e adequada antes que possam influenciar x negativamente a adesão ao tratamento e a qualidade de vida. A par disso, evidenciamos a importância das redes de apoio e da avaliação do suporte social junto da população com VIH/SIDA, no que se refere à adaptação psicológica à doença. Dada a natureza desta, tornase imperioso consciencializar os profissionais que cuidam destas pessoas para a compreensão das emergências de intervenção psicossocial e processos transicionais, com vista a antecipar e intervir de modo a se obterem transições saudáveis, sendo esta, deveras, uma área que necessita de mais pesquisa e desenvolvimento. |
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