A Migração de Andaluzes para o Algarve (1850-1914): os casos de Loulé e de Vila Real de Santo António
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/143689 |
Resumo: | O estudo apresentado constitui uma dissertação de Doutoramento em História, variante História Contemporânea, no domínio historiográfico da História Local, Regional e das Migrações. Pretendeu-se, com ele, estudar e explicar o fenómeno migratório de andaluzes para o Algarve no período compreendido entre c. 1850 e 1914. Para tal, procedeu-se a uma aturada e profunda investigação historiográfica de documentação em vinte arquivos – paroquiais, prediais, municipais, distritais, provinciais e nacionais, em Portugal e em Espanha –, assim como em vinte centros de documentação e/ou bibliotecas – municipais, universitários, provinciais e nacionais – daqueles dois países. Além dos fundos arquivísticos, consultaram-se fontes impressas, periódicas e orais. Concluiu-se que a emigração andaluza para o Algarve foi localizada no tempo (segunda metade do século XIX) e no espaço (comarca do Andévalo, província de Huelva). Demonstrou-se que os primeiros emigrantes começaram por vir durante, e na sequência, da Guerra da Independência (1808-1814), pelo facto de Villanueva de los Castillejos ter sediado, entre 1810 e 1813, o Quartel-General das tropas castelhanas que defenderam a região do Condado de Niebla. Viu-se, assim, que Castillejos e o vizinho município de El Almendro foram dois dos principais emissores de emigrantes para o Algarve. Inaugurado esse fluxo migratório, outros se seguiram praticamente ao longo de todo o conflituoso século XIX espanhol. No Algarve, destacaram-se sobretudo duas colónias de andaluzes: negociantes e comerciantes na vila de Loulé; comerciantes, marítimos e industriais conserveiros em Vila Real de Santo António. Demonstrou-se que estas formavam colónias numerosas, empreendedoras e pujantes, que, com os anos, alcançaram estatuto social, económico e político, conquistando lugares de vereação, em Loulé, ou chegando a assumir a presidência da autarquia durante diversos mandatos, em Vila Real de Santo António. Aqui foram os principais impulsionadores das indústrias pesqueira e conserveira, fundando um importante conjunto de fábricas nas últimas duas décadas do século XIX e introduzindo um conjunto significativo de inovações tecnológicas que fizeram maximizar a produção de bens, possibilitando com isso o crescimento das exportações. Procurou-se ainda, neste âmbito, biografar os principais industriais conserveiros andaluzes a operar no Algarve: Cayetano Feu Marchena, no concelho de Vila Nova de Portimão; e Sebastián Ramírez, Francisco Rodríguez Tenório e Juan Maestre Cumbrera, no concelho de Vila Real de Santo António. A análise do intercâmbio migratório da região da Andaluzia para o Algarve, concentrado primordialmente naqueles dois concelhos, foi ao pormenor de exemplos biográficos de alguns dos indivíduos mais relevantes neste curso migratório. Com este estudo pretendemos adentrar mais profundamente na compreensão do tecido sócio-económico do Algarve daquela época, no que se espera também contribuir para o seu entendimento histórico alargado ao presente. |
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A Migração de Andaluzes para o Algarve (1850-1914): os casos de Loulé e de Vila Real de Santo AntónioMigraçãoAlgarveMigraçõesAndaluziaMigrationsAndalusiaDomínio/Área Científica::Humanidades::História e ArqueologiaO estudo apresentado constitui uma dissertação de Doutoramento em História, variante História Contemporânea, no domínio historiográfico da História Local, Regional e das Migrações. Pretendeu-se, com ele, estudar e explicar o fenómeno migratório de andaluzes para o Algarve no período compreendido entre c. 1850 e 1914. Para tal, procedeu-se a uma aturada e profunda investigação historiográfica de documentação em vinte arquivos – paroquiais, prediais, municipais, distritais, provinciais e nacionais, em Portugal e em Espanha –, assim como em vinte centros de documentação e/ou bibliotecas – municipais, universitários, provinciais e nacionais – daqueles dois países. Além dos fundos arquivísticos, consultaram-se fontes impressas, periódicas e orais. Concluiu-se que a emigração andaluza para o Algarve foi localizada no tempo (segunda metade do século XIX) e no espaço (comarca do Andévalo, província de Huelva). Demonstrou-se que os primeiros emigrantes começaram por vir durante, e na sequência, da Guerra da Independência (1808-1814), pelo facto de Villanueva de los Castillejos ter sediado, entre 1810 e 1813, o Quartel-General das tropas castelhanas que defenderam a região do Condado de Niebla. Viu-se, assim, que Castillejos e o vizinho município de El Almendro foram dois dos principais emissores de emigrantes para o Algarve. Inaugurado esse fluxo migratório, outros se seguiram praticamente ao longo de todo o conflituoso século XIX espanhol. No Algarve, destacaram-se sobretudo duas colónias de andaluzes: negociantes e comerciantes na vila de Loulé; comerciantes, marítimos e industriais conserveiros em Vila Real de Santo António. Demonstrou-se que estas formavam colónias numerosas, empreendedoras e pujantes, que, com os anos, alcançaram estatuto social, económico e político, conquistando lugares de vereação, em Loulé, ou chegando a assumir a presidência da autarquia durante diversos mandatos, em Vila Real de Santo António. Aqui foram os principais impulsionadores das indústrias pesqueira e conserveira, fundando um importante conjunto de fábricas nas últimas duas décadas do século XIX e introduzindo um conjunto significativo de inovações tecnológicas que fizeram maximizar a produção de bens, possibilitando com isso o crescimento das exportações. Procurou-se ainda, neste âmbito, biografar os principais industriais conserveiros andaluzes a operar no Algarve: Cayetano Feu Marchena, no concelho de Vila Nova de Portimão; e Sebastián Ramírez, Francisco Rodríguez Tenório e Juan Maestre Cumbrera, no concelho de Vila Real de Santo António. A análise do intercâmbio migratório da região da Andaluzia para o Algarve, concentrado primordialmente naqueles dois concelhos, foi ao pormenor de exemplos biográficos de alguns dos indivíduos mais relevantes neste curso migratório. Com este estudo pretendemos adentrar mais profundamente na compreensão do tecido sócio-económico do Algarve daquela época, no que se espera também contribuir para o seu entendimento histórico alargado ao presente.The present study is a PhD thesis in History, branch of Contemporary History, in the historiographical domain of Local, Regional and Migration History. Its main purpose was to study and explain the phenomenon of migratory waves of Andalusians to the Algarve in the period comprised between c. 1850 and 1914. To this end, a thorough and in-depth historiographical investigation of documents was undertaken in twenty different archives – parochial, predial, municipal, district, provincial, and national, both in Portugal and in Spain – as well as in twenty document centres and/or libraries – municipal, university, provincial, and national – in these two countries. In addition to archival funds, printed, periodic, and oral sources were consulted. The conclusion was that the Andalusian emigration to the Algarve was located in time (in the second half of the 19th century) and in space (from the comarca of Andévalo, Huelva province). It was demonstrated that the first emigrants began to arrive during, and even after, the War of Independence (1808-1814), mainly because between 1810 and 1813 Villanueva de los Castillejos hosted the headquarters of the Castilian troops who defended the Niebla County. Thus, Castillejos and the neighbouring municipality of El Almendro were the two main emitters of emigrants to the Algarve. Once this migratory flow was inaugurated, others followed practically throughout the whole Spanish conflicting 19th century. In the Algarve, two colonies of Andalusians stood out: merchants and traders in the town of Loulé; traders, seamen, and industrial canners in Vila Real de Santo António. As the thesis attempts to show, these formed numerous, enterprising, and thriving colonies, whose members went progressively on to achieve social, economic and political status, conquering council seats in Loulé, and even holding the presidency of the municipality for several terms in Vila Real de Santo António. Here they were the main leaders of the fishing and canning industries, founding an important group of factories in the last two decades of the 19th century and introducing a significant set of technological innovations that maximized the production of goods, thus enabling the growth of exports. In this context, an attempt was also made in this work to biograph the main Andalusian canning industrials operating in the Algarve: Cayetano Feu Marchena, in the municipality of Vila Nova de Portimão; and Sebastián Ramírez, Francisco Rodríguez Tenório and Juan Maestre Cumbrera, in the municipality of Vila Real de Santo António. The analysis of this migratory exchange from the Andalusia region to the Algarve, primarily concentrated in those two municipalities, goes into the detail of offering biographical examples of some of the most relevant individuals in this migratory course. This study was pursued with the intention to further the understanding of the socio-economic fabric of the Algarve in that historical period, in the hope to contribute to the historical understanding of its present.Silveira, Luís Nuno Espinha daFernandes, Paulo JorgeRUNAleixo, João Miguel Romero Chagas Viegas2022-09-13T15:06:29Z2022-07-142022-08-122022-07-14T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/143689TID:101468822porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2024-05-22T18:05:02Zoai:run.unl.pt:10362/143689Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T17:35:41.146558Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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