Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional

Bibliographic Details
Main Author: Quelhas, Ana Cristina
Publication Date: 2012
Other Authors: Johnson-Laird, P. N.
Format: Article
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: https://doi.org/10.14417/ap.189
Summary: A interpretação de frases, e em particular a interpretação de frases condicionais, pode ser modulada quer pelo significado das mesmas, pelos referentes, ou pelos conhecimentos gerais. O presente estudo examina o efeito pragmático dos conhecimentos no raciocínio a partir de pares de premissas condicionais. De acordo com a teoria dos modelos, inferências com a mesma forma, mas com conteúdos diferentes, deverão gerar um padrão de inferências diferente. Consideremos as seguintes premissas: Se a Maria não está em Paris, então ela está em França. Se a Maria está em França, então ele é estudante. A primeira premissa explora a inclusão espacial (Paris é em França), pelo que numa possibilidade Maria não está em Paris mas está em França, e noutra possibilidade Maria está em Paris e portanto está também em França. Assim, é impossível a Maria não estar em França, pelo que os indivíduos tenderão a inferir a partir da segunda premissa que ela é estudante. Em contraste, se considerarmos as seguintes premissas, que tem a mesma forma que as do exemplo anterior, mas um conteúdo diferente: Se o João não está em Roma, então ele está em França.Se o João está em França, então ele é estudante. A primeira premissa explora a exclusão espacial (Roma não é em França), pelo que numa possibilidade João não está em Roma e está em França, e noutra possibilidade ele está em Roma e não está em França. Assim, os indivíduos não têm nenhuma base para a inferência categórica de que ele é estudante, e deverão tender para a conclusão condicional de que Se o João não está em Roma então ele é estudante. Os problemasde inclusão geram menos possibilidades do que os problemas de exclusão, pelo que a teoria dos modelos prediz que os problemas de inclusão deverão ser mais fáceis do que os problemas de exclusão.O artigo relata duas experiências que corroboram as previsões da teoria dos modelos. Na Experiência 1, os participantes dão mais conclusões categóricas nas premissas de inclusão, mas apenas algumas conclusões condicionais nas premissas de exclusão. De facto, comas premissas de exclusão, obtém-se muitas conclusões outras. Para evitar isso fizemos uma segunda experiência, onde os participantes escolhem a conclusão a partir de quatro que são fornecidas: conclusão categórica; conclusão condicional; ambas; nenhuma (ao contrárioda Experiência 1, onde os participantes escreviam a conclusão). A Experiência 2 replica a superioridade de conclusões categóricas com as premissas de inclusão, e encontra a superioridade de conclusões condicionais com as premissas de exclusão.
id RCAP_a8ac3cc8a7699067b651b85ccbd3d76b
oai_identifier_str oai:ojs.localhost:article/189
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository_id_str https://opendoar.ac.uk/repository/7160
spelling Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicionalraciocínio condicional; conhecimentos; modelos mentaisA interpretação de frases, e em particular a interpretação de frases condicionais, pode ser modulada quer pelo significado das mesmas, pelos referentes, ou pelos conhecimentos gerais. O presente estudo examina o efeito pragmático dos conhecimentos no raciocínio a partir de pares de premissas condicionais. De acordo com a teoria dos modelos, inferências com a mesma forma, mas com conteúdos diferentes, deverão gerar um padrão de inferências diferente. Consideremos as seguintes premissas: Se a Maria não está em Paris, então ela está em França. Se a Maria está em França, então ele é estudante. A primeira premissa explora a inclusão espacial (Paris é em França), pelo que numa possibilidade Maria não está em Paris mas está em França, e noutra possibilidade Maria está em Paris e portanto está também em França. Assim, é impossível a Maria não estar em França, pelo que os indivíduos tenderão a inferir a partir da segunda premissa que ela é estudante. Em contraste, se considerarmos as seguintes premissas, que tem a mesma forma que as do exemplo anterior, mas um conteúdo diferente: Se o João não está em Roma, então ele está em França.Se o João está em França, então ele é estudante. A primeira premissa explora a exclusão espacial (Roma não é em França), pelo que numa possibilidade João não está em Roma e está em França, e noutra possibilidade ele está em Roma e não está em França. Assim, os indivíduos não têm nenhuma base para a inferência categórica de que ele é estudante, e deverão tender para a conclusão condicional de que Se o João não está em Roma então ele é estudante. Os problemasde inclusão geram menos possibilidades do que os problemas de exclusão, pelo que a teoria dos modelos prediz que os problemas de inclusão deverão ser mais fáceis do que os problemas de exclusão.O artigo relata duas experiências que corroboram as previsões da teoria dos modelos. Na Experiência 1, os participantes dão mais conclusões categóricas nas premissas de inclusão, mas apenas algumas conclusões condicionais nas premissas de exclusão. De facto, comas premissas de exclusão, obtém-se muitas conclusões outras. Para evitar isso fizemos uma segunda experiência, onde os participantes escolhem a conclusão a partir de quatro que são fornecidas: conclusão categórica; conclusão condicional; ambas; nenhuma (ao contrárioda Experiência 1, onde os participantes escreviam a conclusão). A Experiência 2 replica a superioridade de conclusões categóricas com as premissas de inclusão, e encontra a superioridade de conclusões condicionais com as premissas de exclusão.ISPA - Instituto Universitário2012-12-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://doi.org/10.14417/ap.189https://doi.org/10.14417/ap.189Análise Psicológica; Vol 22, No 2 (2004); 309-317Análise Psicológica; Vol 22, No 2 (2004); 309-3171646-60200870-8231reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAPporhttp://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/189http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/189/pdfQuelhas, Ana CristinaJohnson-Laird, P. N.info:eu-repo/semantics/openAccess2023-05-11T10:22:20Zoai:ojs.localhost:article/189Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T10:58:18.256828Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
dc.title.none.fl_str_mv Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
title Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
spellingShingle Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
Quelhas, Ana Cristina
raciocínio condicional; conhecimentos; modelos mentais
title_short Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
title_full Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
title_fullStr Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
title_full_unstemmed Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
title_sort Conhecimentos, modelos, e raciocínio condicional
author Quelhas, Ana Cristina
author_facet Quelhas, Ana Cristina
Johnson-Laird, P. N.
author_role author
author2 Johnson-Laird, P. N.
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Quelhas, Ana Cristina
Johnson-Laird, P. N.
dc.subject.por.fl_str_mv raciocínio condicional; conhecimentos; modelos mentais
topic raciocínio condicional; conhecimentos; modelos mentais
description A interpretação de frases, e em particular a interpretação de frases condicionais, pode ser modulada quer pelo significado das mesmas, pelos referentes, ou pelos conhecimentos gerais. O presente estudo examina o efeito pragmático dos conhecimentos no raciocínio a partir de pares de premissas condicionais. De acordo com a teoria dos modelos, inferências com a mesma forma, mas com conteúdos diferentes, deverão gerar um padrão de inferências diferente. Consideremos as seguintes premissas: Se a Maria não está em Paris, então ela está em França. Se a Maria está em França, então ele é estudante. A primeira premissa explora a inclusão espacial (Paris é em França), pelo que numa possibilidade Maria não está em Paris mas está em França, e noutra possibilidade Maria está em Paris e portanto está também em França. Assim, é impossível a Maria não estar em França, pelo que os indivíduos tenderão a inferir a partir da segunda premissa que ela é estudante. Em contraste, se considerarmos as seguintes premissas, que tem a mesma forma que as do exemplo anterior, mas um conteúdo diferente: Se o João não está em Roma, então ele está em França.Se o João está em França, então ele é estudante. A primeira premissa explora a exclusão espacial (Roma não é em França), pelo que numa possibilidade João não está em Roma e está em França, e noutra possibilidade ele está em Roma e não está em França. Assim, os indivíduos não têm nenhuma base para a inferência categórica de que ele é estudante, e deverão tender para a conclusão condicional de que Se o João não está em Roma então ele é estudante. Os problemasde inclusão geram menos possibilidades do que os problemas de exclusão, pelo que a teoria dos modelos prediz que os problemas de inclusão deverão ser mais fáceis do que os problemas de exclusão.O artigo relata duas experiências que corroboram as previsões da teoria dos modelos. Na Experiência 1, os participantes dão mais conclusões categóricas nas premissas de inclusão, mas apenas algumas conclusões condicionais nas premissas de exclusão. De facto, comas premissas de exclusão, obtém-se muitas conclusões outras. Para evitar isso fizemos uma segunda experiência, onde os participantes escolhem a conclusão a partir de quatro que são fornecidas: conclusão categórica; conclusão condicional; ambas; nenhuma (ao contrárioda Experiência 1, onde os participantes escreviam a conclusão). A Experiência 2 replica a superioridade de conclusões categóricas com as premissas de inclusão, e encontra a superioridade de conclusões condicionais com as premissas de exclusão.
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012-12-02
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.14417/ap.189
https://doi.org/10.14417/ap.189
url https://doi.org/10.14417/ap.189
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/189
http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/189/pdf
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv ISPA - Instituto Universitário
publisher.none.fl_str_mv ISPA - Instituto Universitário
dc.source.none.fl_str_mv Análise Psicológica; Vol 22, No 2 (2004); 309-317
Análise Psicológica; Vol 22, No 2 (2004); 309-317
1646-6020
0870-8231
reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron:RCAAP
instname_str FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
collection Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository.name.fl_str_mv Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
repository.mail.fl_str_mv info@rcaap.pt
_version_ 1833591435362828288