A aquisição da assimilação de vozeamento da fricativa em coda no português por aprendentes chineses

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Wang, Xinyan
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Castelo, Adelina, Zhou, Chao
Idioma: por
Título da fonte: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.2/15511
Resumo: No sistema fonológico do português europeu (PE), regista-se um processo de assimilação de vozeamento da consoante fricativa em coda silábica, sendo esta produzida como [ʒ] antes de consoante vozeada e como [ʃ] antes de consoante não vozeada – cf. Mateus e Andrade (2000). Já há estudos sobre a aquisição segmental das fricativas entre os falantes nativos de chinês mandarim (CM) que aprendem português como língua segunda (L2) (e.g. Ci, 2021). Contudo, até onde sabemos, não existe qualquer estudo sobre a aquisição deste processo de assimilação do PE entre os falantes nativos de CM, pelo que a avaliação da aplicação do processo na produção destes aprendentes pode contribuir para uma melhor compreensão da sua aquisição fonológica do PE e para a reflexão sobre diferentes modelos de aquisição da fonologia de uma L2 (e.g. Flege, 1995; Escudero & Boersma 2004; Best & Tyler, 2007). Assim sendo, o presente trabalho visa observar a especificação do vozeamento da consoante fricativa em posição de coda, na fala controlada produzida por falantes nativos de CM que são aprendentes de PE. Para o efeito, foi desenhada uma tarefa de leitura em voz alta de 40 pseudopalavras e de 20 pseudopalavras-distratoras. Todas as pseudopalavras consistiram em dissílabos paroxítonos com o formato CVCfricativa.CV, havendo cinco grupos de 8 pseudopalavras cada, de acordo com o modo de articulação da consoante da segunda sílaba: fricativa não vozeada, fricativa vozeada, oclusiva oral não vozeada, oclusiva oral vozeada, oclusiva nasal (vozeada). A lista das pseudopalavras foi apresentada aos participantes que as deveriam ler integradas na frase-veículo “Digo XX novamente.”, sendo estas produções gravadas no próprio telemóvel do participante. Ao todo, foram recolhidas as produções de dez falantes nativos de PE e de trinta aprendentes chineses de PE. Os resultados dos falantes nativos revelam uma aplicação sistemática do processo (99.75%). Pelo contrário, nos aprendentes de português como L2 é visível o predomínio de produções da fricativa não vozeada, mesmo quando em adjacência a uma consoante vozeada (9.91% de produções vozeadas; 90.09% de produções não vozeadas): muitos aprendentes usam quase exclusivamente a fricativa não vozeada em todos os contextos e alguns tendem a empregar a vozeada apenas antes de consoante nasal (11.67%) (e não antes de oclusiva oral ou fricativa vozeadas). Após uma apresentação detalhada dos resultados obtidos, são analisadas as implicações destes resultados tanto em termos de aquisição fonológica como de questões didáticas.
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