O conhecimento do oceano no século XV : entre a fantasia e a esquadria, o Bojador e o pego do Mar
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Publication Date: | 2005 |
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Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10400.3/410 |
Summary: | Permitam-me os leitores um parágrafo pessoal, neste prefácio, para fazer as minhas dedicatórias. Em primeiro lugar, decerto, ao Artur Boavida Madeira, outro peregrino, entre a Estrela e o Atlântico, a modelar Portugal, que conheci nos colóquios e nos congressos em que tenho participado, nos últimos anos nos Açores, alguns organizados com a colaboração dele e cuja notícia do falecimento me surpreendeu, porquanto ainda muito jovem. Mas permitam-me, por força do tema, lembrar também duas figuras, dois gigantes do saber, dois seres superiores, da dimensão do planeta, que tive o prazer de conhecer, com os quais convivi, os professores: Luís de Albuquerque (1917-1992) que arguiu as minhas primeiras provas académicas e José Pinto Peixoto (1922-1996), com que desenvolvi o amor ao saber, em longos anos de docência, na Universidade da Beira Interior e companheiro de viagens, como Sísifo, Tejo acima e abaixo, no comboio entre Lisboa e a Covilhã, à velocidade do século XIX, parece ora um pouco mais acelerada. Ante eles, reduzo-me à condição de eterno aprendiz. Também recordo o amigo Pedro da Silveira (1922-2003), o poeta do mar e da ilha que evoco, mais uma vez, depois da edição do texto que lhe dediquei em A Fronteira Líquida do Paraíso no ano da sua morte. Eterna memória aos quatro, na companhia dos nossos que já partiram, particularmente de meu pai, que me deixou um imenso vazio, que não creio eterno. Os meus méritos científicos não ambicionam chegar às alturas atingidas por aqueles e a minha poesia ainda merece menos o voo do referido Açor. Aqueles surpreendiam-me pelos conhecimentos científicos mais complexos transmitidos na maior simplicidade, até de vida, tão rara, em tempos de sabedores impantes de banalidades a circular pelo planeta. O poeta da ilha surpreendia-me pela argúcia, pelo domínio da língua portuguesa, na transmissão da memória imensa e inquieta e na agudeza, sempre crítica, tão necessária ao espírito e ao comportamento vigilante do homem público de bem. E agora já, no formato académico, nós sabemos que não temos as qualidades dos que relevamos, por isso pouco mais pretendemos aqui do que apresentar em síntese um tema que começou a fazer escola no século XIX, sobretudo depois de Alexander von Humboldt (1769-1859) pelo menos entre nós, mesmo assim sem empenhar de imediato os historiadores tradicionais, mais predispostos a uma história política-administrativa e então com um preferência romântica assumida pela Idade Média. [...] |
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