A Companhia de Jesus na Índia: 1542-1622 (Aspectos da Sua Acção Missionária e Cultural)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Manso, Maria de Deus Beites
Data de Publicação: 1999
Idioma: por
Título da fonte: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/11058
Resumo: "Sem resumo feito pelo autor" - A nossa opção temática assenta numa base cronológica e geográfica. O factor tempo condicionou a escolha pela extensa documentação e, ao mesmo tempo, por obras afins. Para uma perspectiva abrangente, seria de todo o interesse um estudo comparativo da actuação da Companhia no espaço oriental e não apenas na índia, comportando o período da fundação até à época do Marquês de Pombal. Mas, tratando-se de um espaço geográfico tão vasto e de um período tão longo, a nossa escolha recaiu na índia, uma vez que a Companhia de Jesus teve nela o seu campo mais inovador, e Portugal veria a "reconfirmação" do seu direito de Padroado do Oriente, que fora posto em causa em 1622, com a criação da Propaganda Fide, cujos reflexos, apenas se fariam notar em meados do século XVII. Temos a consciência das limitações interpretativas que este tipo de escolha acarreta. Contudo, sempre que possível, estabeleceremos comparações quanto às diferentes formas de actuação dos inacianos não apenas na índia, como no conjunto do Oriente. Por estarmos cientes de que foi em Goa e no Malabar que os jesuítas atingiram maior relevância são estes os locais onde assenta de preferência o nosso estudo. Foi também nestas duas regiões que mais conflitos surgiram entre os membros portugueses e italianos, devido aos diferentes métodos utilizados no campo missionário, e entre os jesuítas e os padres das restantes Ordens, sobretudo quanto à disputa dos locais a evangelizar. Acresce ainda o facto de existirem no Malabar, os cristãos de S. Tomé, que era um grupo de cristãos locais que, segundo a tradição, foram evangelizados pelo Apóstolo do mesmo nome. A respeito da polémica gerada em torno da questão do Padroado Português do Oriente, nada de novo acrescentamos, uma vez que o Padre Silva Rego já se debruçou suficientemente sobre a matéria. O assunto só é referido, agora, para melhor enquadramento dos factos. O que era então o Padroado Português do Oriente? Segundo a definição do Padre António da Silva Rego: "O Padroado Português do Oriente é aquele privilégio honroso, concedido pela Santa Sé à Nação Portuguesa, em gratidão pelo muito que ela fez em prol da fé e da religião, pela qual ela exerce a sua influência religiosa nos povos do Oriente, por meio da erecção de dioceses, nomeação de bispos, sustentação da religião e do culto.' A situação não era nova, pois desde o século V se estabelecera o hábito de atribuir padroados a eclesiásticos e a leigos, de modo que estes pudessem dirigir a obra evangelizadora. No entanto, só com Nicolau II (séc. XI) encontramos o conceito de padroado, não como um direito, mas como uma "graça de condigno", na expressão do mesmo autor. 0 interesse de Portugal na obra evangelizadora manifesta-se desde cedo, dado o papel relevante que o país ocupa na história dos descobrimentos e da expansão. Depressa as autoridades portuguesas perceberam que o direito de padroado servia os interesses de conquista e de descoberta, pois era mais fácil estabelecer relações políticas e económicas com povos que aceitassem o cristianismo. Interessava igualmente continuar o ataque ao infiel que, desde muito cedo, se tinha feito sentir na Península Ibérica. Foi D. João que iniciou esta etapa, com a conquista de Ceuta, a qual se vai prolongar, sob a orientação de Portugal, até 1622.
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