Considerações de anestesiologia na eletroconvulsoterapia.
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Publication Date: | 2023 |
Format: | Article |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | https://doi.org/10.25751/rspa.26543 |
Summary: | Introdução A eletroconvulsoterapia (ECT) é um procedimento com um papel insubstituível no tratamento de patologias graves do foro psiquiátrico. No entanto, possui efeitos adversos relacionados com a estimulação elétrica transcraniana, pelo que é realizado sob anestesia geral. O presente trabalho pretende descrever e rever os cuidados de anestesiologia peri-procedimento para otimização de segurança e eficácia da ECT. Métodos Uma revisão narrativa da literatura foi conduzida com os descritores associados a palavra “electroconvulsoterapia”: “anestesia”, “sedação”, “eletroencefalograma”, ”pacemaker, “estimulação transcraniana”, “estimulação nervo vago” em diferentes bases de dados eletrónicas, tais como: MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e SciELo. Foram incluídos artigos em português e inglês publicados após revisão do resumo. Resultados Durante a ECT é desencadeada uma crise tónico-clónico generalizada que tem como principais efeitos adversos as fraturas, taqui-bradi-disrritmias, com tradução hemodinâmica, náuseas, vómitos, cefaleia e confusão pós-ictal. Os cuidados de anestesiologia devem 1) garantir a revisão da medicação e história médica pessoal do doente, por forma a 2) selecionar agentes indutores de anestesia geral adequados a cada tratamento e 3) minimizar os efeitos adversos mais frequentes da ECT durante e após procedimento. Para identificação do risco anestésico de cada doente, a avaliação pré-ECT deve de incluir avaliação laboratorial, eletrocardiograma e exclusão de doença estrutural do sistema nervoso central. A terapêutica crónica deve ser revista de forma individual, sendo que ajuste de doses diárias de anti-convulsivantes, anti-depressivos, anti-hipertensores, beta-bloqueantes e insulinoterapia podem ser necessárias. Condições médicas como a gestação ou presença de dispositivos eletrónicos carecem de cuidados especiais. A indução anestésica é realizada com propofol/cetamina associado a remifentanil/alfentanil, com utilização de relaxamento muscular com sucinilcolina/rocurónio. A ventilação com insuflador com oxigénio de alto débito são a primeira linha em situações de baixo risco anestésico. Porém, em condições especiais, a necessidade de utilização de dispositivos supraglóticos ou intubação orotraqueal deve ser antecipada. A monitorização do doente deve ser feita com eletroencefalograma, eletrocardiografia, pressão arterial, frequência respiratória, capnografia e oximetria de pulso. Cuidados peri-procedimento devem prevenir as náuseas e vómitos com ondansertron, e cefaleia com paracetamol ou cetorolac. A síndrome confusional e recorrência de crise convulsiva deve ser monitorizada no período pós-ictal. Conclusão Cuidados de anestesiologia peri-procedimento devem prevenir os efeitos adversos comuns da ECT, antecipar dificuldades na gestão da via aérea, na repercussão hemodinâmica para otimizar a eficácia do tratamento. |
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Considerações de anestesiologia na eletroconvulsoterapia.Considerações de anestesiologia na eletroconvulsoterapia.Artigo de Revisão NarrativaIntrodução A eletroconvulsoterapia (ECT) é um procedimento com um papel insubstituível no tratamento de patologias graves do foro psiquiátrico. No entanto, possui efeitos adversos relacionados com a estimulação elétrica transcraniana, pelo que é realizado sob anestesia geral. O presente trabalho pretende descrever e rever os cuidados de anestesiologia peri-procedimento para otimização de segurança e eficácia da ECT. Métodos Uma revisão narrativa da literatura foi conduzida com os descritores associados a palavra “electroconvulsoterapia”: “anestesia”, “sedação”, “eletroencefalograma”, ”pacemaker, “estimulação transcraniana”, “estimulação nervo vago” em diferentes bases de dados eletrónicas, tais como: MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e SciELo. Foram incluídos artigos em português e inglês publicados após revisão do resumo. Resultados Durante a ECT é desencadeada uma crise tónico-clónico generalizada que tem como principais efeitos adversos as fraturas, taqui-bradi-disrritmias, com tradução hemodinâmica, náuseas, vómitos, cefaleia e confusão pós-ictal. Os cuidados de anestesiologia devem 1) garantir a revisão da medicação e história médica pessoal do doente, por forma a 2) selecionar agentes indutores de anestesia geral adequados a cada tratamento e 3) minimizar os efeitos adversos mais frequentes da ECT durante e após procedimento. Para identificação do risco anestésico de cada doente, a avaliação pré-ECT deve de incluir avaliação laboratorial, eletrocardiograma e exclusão de doença estrutural do sistema nervoso central. A terapêutica crónica deve ser revista de forma individual, sendo que ajuste de doses diárias de anti-convulsivantes, anti-depressivos, anti-hipertensores, beta-bloqueantes e insulinoterapia podem ser necessárias. Condições médicas como a gestação ou presença de dispositivos eletrónicos carecem de cuidados especiais. A indução anestésica é realizada com propofol/cetamina associado a remifentanil/alfentanil, com utilização de relaxamento muscular com sucinilcolina/rocurónio. A ventilação com insuflador com oxigénio de alto débito são a primeira linha em situações de baixo risco anestésico. Porém, em condições especiais, a necessidade de utilização de dispositivos supraglóticos ou intubação orotraqueal deve ser antecipada. A monitorização do doente deve ser feita com eletroencefalograma, eletrocardiografia, pressão arterial, frequência respiratória, capnografia e oximetria de pulso. Cuidados peri-procedimento devem prevenir as náuseas e vómitos com ondansertron, e cefaleia com paracetamol ou cetorolac. A síndrome confusional e recorrência de crise convulsiva deve ser monitorizada no período pós-ictal. Conclusão Cuidados de anestesiologia peri-procedimento devem prevenir os efeitos adversos comuns da ECT, antecipar dificuldades na gestão da via aérea, na repercussão hemodinâmica para otimizar a eficácia do tratamento.Introduction Electroconvulsive therapy (ECT) is a procedure irreplaceable for severe mental illness. However, ECT is performed under general anesthesia due to adverse effects. This work aims to describe anesthesia patient care to optimize and increase patient safety and ECT efficiency. Methods A narrative literature review with the following terms added to the term “electroconvulsive therapy” such as “anesthesiology”, “sedation “, “electroencephalogram”, “pacemaker”, “brain stimulation”, “vagal nerve stimulation” was conducted in different electronic data bases such as MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library, and SciELo. We included articles in Portuguese and English after reviewing the abstracts. Results ECT promotes a seizure which may lead to fractures, bradycardia, hypertension, hemodynamic decompensation, nausea, vomiting, headache, and confusion. The anesthesiology must provide patient care to warrant 1) an medical history review, 2) select the most appropriate pharmacy to induce general anesthesia, and 3) minimize the most common adverse effects during and after ECT. A previous consult to ECT is recommended and should include a hemogram, leucocytes, coagulation, electrocardiogram, and a recent head computerized tomography should be available to exclude structural central nervous system disorders. Chronic medication doses adjustments of anticonvulsants, antidepressants, antihypertensive, beta-blockers, and insulin therapy may be needed. Pregnants or holders of implantable electronic devices urge for special care. Anesthesia is performed using either propofol or ketamine with remifentanil/alfentanil using a neuroblocking agent such as succinylcholine or rocuronium. The management of the airway should be made using a conventional mask-bag system in low-anesthetic risk patients. However, in the presence of difficult airway preditors or increased risk of aspiration, orotracheal intubation may be anticipated. During ECT, monitoring is made using an electroencephalogram, electrocardiography, arterial pressure, respiratory plethysmography, capnography, and pulse oximetry. Nausea and vomiting are preventable with ondansetron, headache with paracetamol or ketorolac. Delirium and seizure recurrence should be monitored after ECT. Conclusion Anesthesia patient care must anticipate adverse effects of the ECT to warrant appropriate airway management, avoid hemodynamic decompensation and optimize treatment efficiency.Sociedade Portuguesa de Anestesiologia2023-01-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25751/rspa.26543por0871-6099Leote, Joaoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2023-01-11T05:03:14Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/26543Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T10:46:36.599578Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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Introdução A eletroconvulsoterapia (ECT) é um procedimento com um papel insubstituível no tratamento de patologias graves do foro psiquiátrico. No entanto, possui efeitos adversos relacionados com a estimulação elétrica transcraniana, pelo que é realizado sob anestesia geral. O presente trabalho pretende descrever e rever os cuidados de anestesiologia peri-procedimento para otimização de segurança e eficácia da ECT. Métodos Uma revisão narrativa da literatura foi conduzida com os descritores associados a palavra “electroconvulsoterapia”: “anestesia”, “sedação”, “eletroencefalograma”, ”pacemaker, “estimulação transcraniana”, “estimulação nervo vago” em diferentes bases de dados eletrónicas, tais como: MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e SciELo. Foram incluídos artigos em português e inglês publicados após revisão do resumo. Resultados Durante a ECT é desencadeada uma crise tónico-clónico generalizada que tem como principais efeitos adversos as fraturas, taqui-bradi-disrritmias, com tradução hemodinâmica, náuseas, vómitos, cefaleia e confusão pós-ictal. Os cuidados de anestesiologia devem 1) garantir a revisão da medicação e história médica pessoal do doente, por forma a 2) selecionar agentes indutores de anestesia geral adequados a cada tratamento e 3) minimizar os efeitos adversos mais frequentes da ECT durante e após procedimento. Para identificação do risco anestésico de cada doente, a avaliação pré-ECT deve de incluir avaliação laboratorial, eletrocardiograma e exclusão de doença estrutural do sistema nervoso central. A terapêutica crónica deve ser revista de forma individual, sendo que ajuste de doses diárias de anti-convulsivantes, anti-depressivos, anti-hipertensores, beta-bloqueantes e insulinoterapia podem ser necessárias. Condições médicas como a gestação ou presença de dispositivos eletrónicos carecem de cuidados especiais. A indução anestésica é realizada com propofol/cetamina associado a remifentanil/alfentanil, com utilização de relaxamento muscular com sucinilcolina/rocurónio. A ventilação com insuflador com oxigénio de alto débito são a primeira linha em situações de baixo risco anestésico. Porém, em condições especiais, a necessidade de utilização de dispositivos supraglóticos ou intubação orotraqueal deve ser antecipada. A monitorização do doente deve ser feita com eletroencefalograma, eletrocardiografia, pressão arterial, frequência respiratória, capnografia e oximetria de pulso. Cuidados peri-procedimento devem prevenir as náuseas e vómitos com ondansertron, e cefaleia com paracetamol ou cetorolac. A síndrome confusional e recorrência de crise convulsiva deve ser monitorizada no período pós-ictal. Conclusão Cuidados de anestesiologia peri-procedimento devem prevenir os efeitos adversos comuns da ECT, antecipar dificuldades na gestão da via aérea, na repercussão hemodinâmica para otimizar a eficácia do tratamento. |
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