Fish habitat preferences in Ria Formosa lagoon

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Main Author: Yadlin, Nufar
Publication Date: 2020
Format: Master thesis
Language: eng
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.1/15118
Summary: Lagoas costeiras são habitats muito importantes para várias espécies de peixe, pois elas atuam como ambiente de desenvolvimento de juvenis de peixes de diversas espécies, incluindo muitas com valor comercial. Por isso, a preservação das lagoas costeiras é importante para a manutenção da diversidade de comunidades de peixes. Apesar disso, muitos destes ecossistemas foram destruídos em todo o mundo devido à atividade humana. As ervas marinhas crescem em fundos arenosos ou lamacentos, sendo ecossistemas altamente produtivos, fornecendo alimento e proteção para diversos peixes e invertebrados. Porém, as pradarias de ervas marínhas têm sofrido um declínio, uma vez que são extremamente sensíveis a fatores estressantes, sendo já sugeridos como os indicadores biológicos da qualidade ecológica dos sistemas costeiros. Sabe-se pouco sobre o impacto deste declínio nas comunidades de peixe que utilizam este tipo de ambiente para viver. Por isso, é importante analisar a importância relativa das ervas marinhas como berçário. No Mediterrâneo, houve um declinio de pradarias de ervas marinhas que foram substituídos por algas verdes, como Caulerpa. Estudos recentes mostraram a expansão da Caulerpa prolifera, do sul da Espanha para os canais da Ria Formosa. Se os campos de ervas marinhas forem substituídos por C. prolifera, a quantidade e qualidade das espécies de peixe poderá sofrer alterações. Alguns estudos descobriram que as áreas de C. prolifera são habitats altamente ricas que suportam juvenis de várias espécies de peixes e que deveriam ser considerados um viveiro tão importante quanto as pradarias de ervas marinhas. As comunidades de peixes nos campos de C .prolifera não eram tão diferentes das pradarias de plantas marinhas. Porém, não há muitos estudos acerca deste assunto e por isso é necassário analisar os impactos ecológicos da expansão de C. prolifera na Ria Formosa. Áreas sem vegetação são consideradas habitats menos importantes comparados com áreas cobertas por ervas marinhas, e há vários estudos que apoiam este argumento ao reportarem uma diversidade de peixe mais elevada em áreas com vegetação do que em áreas sem vegetação. Porém, também foi reportado de que os fundos arenosos são habitats de alta importância, tal como os fundos com vegetação. Adicionalmente, em algumas casos descobriu-se que alguns peixes vivem exclusivamente em áreas sem vegetação. Investigar a escolha de habitat pelas espécies peixe é uma maneira de determinar a importância relativa dos diferentes habitats. Habitats variam de acordo com sua complexidade estrutural, nível de competição interespecífica e risco de predação, e estes fatores influenciam a escolha habitacional do peixe. Diferentes adaptações podem modificar a escolha de habitação. Consequentemente, a preferência habitacional do peixe varia entre espécies e diferentes agrupamentos são típicos de diferentes habitats. Por exemplo, áreas vegetativas como as ervas marinhas e macroalgas estão associadas a uma abundância dos recursos alimentares e baixas probabilidades de predação relativamente às áreas sem vegetação, ao fornecer um refúgio. Todavia, algumas espécies têm adaptações específicas, como cor de camuflagem ou a habilidade de cavar, e não precisam da vegetação para esconder-se de predadores. A estrutura e densidade das pradarias de ervas marinhas podem afetar a disponibilidade de comida e a eficiência do refúgio, o que também pode ser um fator na escolha de habitat. Por exemplo, os limites destes campos são a escolha preferida das marinhas (Syngnathidae) por terem uma disponibilidade maior de alimento. Enquanto isso, outras espécies podem considerar as áreas de pouca densidade pouco eficiente para proteção e alimentação. Adicionalmente, a escolha de habitat costuma variar de acordo com a fase de desenvolvimento do indivíduo. Por isso, a diferença de agrupamentos poderá ocorrer também entre indivíduos da mesma espécie, mas de tamanhos diferentes, já que algumas espécies apresentam comportamento de migração ontogenética ao longo do ciclo anual. Mudanças sazonais nos agrupamentos também podem ocorrer devido a mudanças em condições ambientais. Por exemplo, mudanças temporais nas estruturas cobertas por plantas e na densidade da vegetação. Por causa disto, é difícil fazer a avaliação do valor de diferentes habitats para diferentes espécies de peixe. Comparações entre diferentes agrupamentos de peixe em diferentes tipos de habitat na lagoa costeira da Ria Formosa aumentará o nosso entendimento relativamente ao valor das áreas de ervas marinhas, C. prolifera, e fundos sem vegetação. Este estudo comparou comunidades de peixe nestes 3 habitats, assim como avaliou o efeito das mudanças sazonais e variações ontogenéticas dos agrupamentos, para além de aprofundar o entendimento sobre a importância relativa e a função de berçário de cada um destes habitats para as comunidades de peixe. Também, poderá aprofundar o que se sabe sobre os possíveis impactos da invasão da espécie Caulerpa em pradarias de plantas marinhas mundialmente. Nossos resultados encontraram uma biodiversidade significativamente menor em habitats arenosos comparado com os dois outros tipos de habitat. O habitat de ervas marinhas tinha a maior abundância e era o mais rico quando se comparava com habitats de C. prolifera e areia, embora não hovesse diferença estatística significativa. É provável que isto seja devido a grande variabilidade entre cada estação sazonal em que foram coletadas as amostras e entre as duas réplicas dentre da estação, particularmente no habitat arenoso. Os resultados são parecidos com os de outras comparações entre áreas com e sem vegetação tanto na Ria Formosa quanto em outras partes do mundo. Nossos resultados mostraram que mudanças sazonais na abundância de peixe e diversidade não são significativamente afetados pelo tipo de habitat, embora fossem encontrados variações sazonais em vários testes. Não houve diferença significativa em testes de semelhança, sugerindo que a maioria das espécies é capaz de utilizar todos os 3 tipos de habitat. Encontrou-se uma alta semelhança entre estações de C. prolifera de ervas marinhas, ao contrário da alta separação com o habitat arenoso. Não houve uma diferença significativa entre os três habitats em relação à abundância de juvenis de peixes, mas sim uma grande semelhança entre os agrupamentos de juvenis, sugerindo que os 3 habitats poderão atuar como berçário para a maior parte das espécies de peixe. Apesar disso, os resultados não foram estaticamente significantes, fazendo com que a avaliação de cada habitat como berçário seja bastante limitado. Nas amostras coletadas durante o verão, houve um acréscimo na abundância de juvenis marítimos em todos os tipos de habitat, o que significa que esta estação é a mais importante para a Ria Formosa atuar como berçário em todos os tipos de habitat. O maior aumento de juvenis marinhos foi encontrado na areia durante o verão, com proporção de 88:12 juvenis comparado com espécies residents, sugerindo que a importancia relativa do habitat arenoso varia durante as estações. Não encontramos nenhuma mudança ontogenética significativa entre as 8 espécies mais abundantes que coletamos. C. prolifera foi a pradaria mais densa e teve o maior comprimento médio dos peixes. Porém, os resultados de densidade foram altamente variados entre réplicas, provavelmente devido a grande irregularidade de distribuição de vegetação que caracteriza este tipo de habitat. Diferenças sazonais de comprimento de peixe foram significativas, provavelmente devido a preferência de certas espécies e não às funções de berçário, uma vez que a abundância de juvenis de peixes no verão era mais alto neste habitat. Nossos resultados indicam de que a temporada de verão é altamente importante para um berçário e recrutamento em todos os habitats e a importância relativa do berçário varia ao longo do ano, especialmente no habitat arenoso. A invasão da espécie C. prolifera nos fundos sem vegetação na Ria pode afetar o recrutamento algumas espécies, sendo necessário investigar mais para obter resultados precisos que ajudarão nas decisões de gestão e conservação.
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Sabe-se pouco sobre o impacto deste declínio nas comunidades de peixe que utilizam este tipo de ambiente para viver. Por isso, é importante analisar a importância relativa das ervas marinhas como berçário. No Mediterrâneo, houve um declinio de pradarias de ervas marinhas que foram substituídos por algas verdes, como Caulerpa. Estudos recentes mostraram a expansão da Caulerpa prolifera, do sul da Espanha para os canais da Ria Formosa. Se os campos de ervas marinhas forem substituídos por C. prolifera, a quantidade e qualidade das espécies de peixe poderá sofrer alterações. Alguns estudos descobriram que as áreas de C. prolifera são habitats altamente ricas que suportam juvenis de várias espécies de peixes e que deveriam ser considerados um viveiro tão importante quanto as pradarias de ervas marinhas. As comunidades de peixes nos campos de C .prolifera não eram tão diferentes das pradarias de plantas marinhas. Porém, não há muitos estudos acerca deste assunto e por isso é necassário analisar os impactos ecológicos da expansão de C. prolifera na Ria Formosa. Áreas sem vegetação são consideradas habitats menos importantes comparados com áreas cobertas por ervas marinhas, e há vários estudos que apoiam este argumento ao reportarem uma diversidade de peixe mais elevada em áreas com vegetação do que em áreas sem vegetação. Porém, também foi reportado de que os fundos arenosos são habitats de alta importância, tal como os fundos com vegetação. Adicionalmente, em algumas casos descobriu-se que alguns peixes vivem exclusivamente em áreas sem vegetação. Investigar a escolha de habitat pelas espécies peixe é uma maneira de determinar a importância relativa dos diferentes habitats. Habitats variam de acordo com sua complexidade estrutural, nível de competição interespecífica e risco de predação, e estes fatores influenciam a escolha habitacional do peixe. Diferentes adaptações podem modificar a escolha de habitação. Consequentemente, a preferência habitacional do peixe varia entre espécies e diferentes agrupamentos são típicos de diferentes habitats. Por exemplo, áreas vegetativas como as ervas marinhas e macroalgas estão associadas a uma abundância dos recursos alimentares e baixas probabilidades de predação relativamente às áreas sem vegetação, ao fornecer um refúgio. Todavia, algumas espécies têm adaptações específicas, como cor de camuflagem ou a habilidade de cavar, e não precisam da vegetação para esconder-se de predadores. A estrutura e densidade das pradarias de ervas marinhas podem afetar a disponibilidade de comida e a eficiência do refúgio, o que também pode ser um fator na escolha de habitat. Por exemplo, os limites destes campos são a escolha preferida das marinhas (Syngnathidae) por terem uma disponibilidade maior de alimento. 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Este estudo comparou comunidades de peixe nestes 3 habitats, assim como avaliou o efeito das mudanças sazonais e variações ontogenéticas dos agrupamentos, para além de aprofundar o entendimento sobre a importância relativa e a função de berçário de cada um destes habitats para as comunidades de peixe. Também, poderá aprofundar o que se sabe sobre os possíveis impactos da invasão da espécie Caulerpa em pradarias de plantas marinhas mundialmente. Nossos resultados encontraram uma biodiversidade significativamente menor em habitats arenosos comparado com os dois outros tipos de habitat. O habitat de ervas marinhas tinha a maior abundância e era o mais rico quando se comparava com habitats de C. prolifera e areia, embora não hovesse diferença estatística significativa. É provável que isto seja devido a grande variabilidade entre cada estação sazonal em que foram coletadas as amostras e entre as duas réplicas dentre da estação, particularmente no habitat arenoso. 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Áreas sem vegetação são consideradas habitats menos importantes comparados com áreas cobertas por ervas marinhas, e há vários estudos que apoiam este argumento ao reportarem uma diversidade de peixe mais elevada em áreas com vegetação do que em áreas sem vegetação. Porém, também foi reportado de que os fundos arenosos são habitats de alta importância, tal como os fundos com vegetação. Adicionalmente, em algumas casos descobriu-se que alguns peixes vivem exclusivamente em áreas sem vegetação. Investigar a escolha de habitat pelas espécies peixe é uma maneira de determinar a importância relativa dos diferentes habitats. Habitats variam de acordo com sua complexidade estrutural, nível de competição interespecífica e risco de predação, e estes fatores influenciam a escolha habitacional do peixe. Diferentes adaptações podem modificar a escolha de habitação. Consequentemente, a preferência habitacional do peixe varia entre espécies e diferentes agrupamentos são típicos de diferentes habitats. Por exemplo, áreas vegetativas como as ervas marinhas e macroalgas estão associadas a uma abundância dos recursos alimentares e baixas probabilidades de predação relativamente às áreas sem vegetação, ao fornecer um refúgio. Todavia, algumas espécies têm adaptações específicas, como cor de camuflagem ou a habilidade de cavar, e não precisam da vegetação para esconder-se de predadores. A estrutura e densidade das pradarias de ervas marinhas podem afetar a disponibilidade de comida e a eficiência do refúgio, o que também pode ser um fator na escolha de habitat. Por exemplo, os limites destes campos são a escolha preferida das marinhas (Syngnathidae) por terem uma disponibilidade maior de alimento. Enquanto isso, outras espécies podem considerar as áreas de pouca densidade pouco eficiente para proteção e alimentação. Adicionalmente, a escolha de habitat costuma variar de acordo com a fase de desenvolvimento do indivíduo. Por isso, a diferença de agrupamentos poderá ocorrer também entre indivíduos da mesma espécie, mas de tamanhos diferentes, já que algumas espécies apresentam comportamento de migração ontogenética ao longo do ciclo anual. Mudanças sazonais nos agrupamentos também podem ocorrer devido a mudanças em condições ambientais. Por exemplo, mudanças temporais nas estruturas cobertas por plantas e na densidade da vegetação. Por causa disto, é difícil fazer a avaliação do valor de diferentes habitats para diferentes espécies de peixe. Comparações entre diferentes agrupamentos de peixe em diferentes tipos de habitat na lagoa costeira da Ria Formosa aumentará o nosso entendimento relativamente ao valor das áreas de ervas marinhas, C. prolifera, e fundos sem vegetação. Este estudo comparou comunidades de peixe nestes 3 habitats, assim como avaliou o efeito das mudanças sazonais e variações ontogenéticas dos agrupamentos, para além de aprofundar o entendimento sobre a importância relativa e a função de berçário de cada um destes habitats para as comunidades de peixe. Também, poderá aprofundar o que se sabe sobre os possíveis impactos da invasão da espécie Caulerpa em pradarias de plantas marinhas mundialmente. Nossos resultados encontraram uma biodiversidade significativamente menor em habitats arenosos comparado com os dois outros tipos de habitat. O habitat de ervas marinhas tinha a maior abundância e era o mais rico quando se comparava com habitats de C. prolifera e areia, embora não hovesse diferença estatística significativa. É provável que isto seja devido a grande variabilidade entre cada estação sazonal em que foram coletadas as amostras e entre as duas réplicas dentre da estação, particularmente no habitat arenoso. Os resultados são parecidos com os de outras comparações entre áreas com e sem vegetação tanto na Ria Formosa quanto em outras partes do mundo. Nossos resultados mostraram que mudanças sazonais na abundância de peixe e diversidade não são significativamente afetados pelo tipo de habitat, embora fossem encontrados variações sazonais em vários testes. Não houve diferença significativa em testes de semelhança, sugerindo que a maioria das espécies é capaz de utilizar todos os 3 tipos de habitat. Encontrou-se uma alta semelhança entre estações de C. prolifera de ervas marinhas, ao contrário da alta separação com o habitat arenoso. Não houve uma diferença significativa entre os três habitats em relação à abundância de juvenis de peixes, mas sim uma grande semelhança entre os agrupamentos de juvenis, sugerindo que os 3 habitats poderão atuar como berçário para a maior parte das espécies de peixe. Apesar disso, os resultados não foram estaticamente significantes, fazendo com que a avaliação de cada habitat como berçário seja bastante limitado. Nas amostras coletadas durante o verão, houve um acréscimo na abundância de juvenis marítimos em todos os tipos de habitat, o que significa que esta estação é a mais importante para a Ria Formosa atuar como berçário em todos os tipos de habitat. O maior aumento de juvenis marinhos foi encontrado na areia durante o verão, com proporção de 88:12 juvenis comparado com espécies residents, sugerindo que a importancia relativa do habitat arenoso varia durante as estações. Não encontramos nenhuma mudança ontogenética significativa entre as 8 espécies mais abundantes que coletamos. C. prolifera foi a pradaria mais densa e teve o maior comprimento médio dos peixes. Porém, os resultados de densidade foram altamente variados entre réplicas, provavelmente devido a grande irregularidade de distribuição de vegetação que caracteriza este tipo de habitat. Diferenças sazonais de comprimento de peixe foram significativas, provavelmente devido a preferência de certas espécies e não às funções de berçário, uma vez que a abundância de juvenis de peixes no verão era mais alto neste habitat. Nossos resultados indicam de que a temporada de verão é altamente importante para um berçário e recrutamento em todos os habitats e a importância relativa do berçário varia ao longo do ano, especialmente no habitat arenoso. A invasão da espécie C. prolifera nos fundos sem vegetação na Ria pode afetar o recrutamento algumas espécies, sendo necessário investigar mais para obter resultados precisos que ajudarão nas decisões de gestão e conservação.
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