Plataformas digitais : novas formas de organização da economia e inovação nas cidades

• Autor(a) principal: Ferreira, Daniela
• Data de Publicação: 2021
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/54888
• topic: Geografias Digitais; Economia de Plataforma; Ecossistemas; Divisão Digital; ocriação de valor; Digital Geographies; Platform Economy; Ecosystems; Digital Divide; Value Cocreation; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Geografia Económica e Social

O desenvolvimento tecnológico, aliado à crescente expansão da internet, tem assumido um papel cada vez mais relevante para o desenvolvimento das empresas, bem como para a construção de um novo contexto económico marcado pelo aparecimento das plataformas digitais. Resultante deste novo contexto, tem sido reconhecido que estamos perante uma nova fase económica ou uma nova fase do capitalismo, a qual se designa por economia de plataforma. Esta lógica baseia-se na criação e integração das empresas em plataformas digitais e caracteriza-se por fomentar modelos de negócio abertos à participação de diferentes tipos de atores externos. Estes atores representam um leque variado de recursos que proporcionam às empresas a possibilidade de desenvolver novos produtos e serviços que antes não seriam possíveis. As plataformas digitais assumem o papel de intermediadoras e potenciadoras destas relações entre uma determinada empresa e os vários atores que integram cada ecossistema. Contudo, o aparecimento das plataformas digitais tem vindo a contribuir para o crescimento de uma economia de plataforma desigual. Desde a forma como são concebidas, até às questões de acesso e competências, vários são os níveis de divisões digitais que se podem identificar. Tendo em conta as potencialidades que as plataformas digitais têm vindo a oferecer às empresas, mas também os vários desafios que colocam, esta investigação procura compreender de que forma é que as plataformas digitais têm contribuído para moldar os ecossistemas das empresas, bem como para a divisão digital da economia de plataforma nas cidades. Este estudo debruça-se em particular sobre o caso do setor da restauração em Lisboa e a plataforma TripAdvisor. Esta escolha prende-se com o reconhecimento e visibilidade internacional da plataforma TripAdvisor, mas também por esta ser uma das plataformas com uma cobertura mais significativa para a cidade de Lisboa. A metodologia deste estudo baseia-se na triangulação de diferentes métodos de natureza quantitativa e qualitativa, cujas etapas foram as seguintes: i) o estudo da distribuição espacial dos estabelecimentos de restauração, com o propósito de obter informação sobre a cobertura territorial da plataforma TripAdvisor no setor da restauração, através da extração e análise de dados espaciais do TripAdvisor; ii) o estudo dos diferentes níveis de interação entre os empresários da restauração e o TripAdvisor, através da realização de um inquérito por questionário via online; e iii) os efeitos que têm sido gerados a partir do uso dos serviços disponibilizados pelas plataformas digitais, através da realização de entrevistas empresariais semi-estruturadas. Esta tese mostra que as plataformas oferecem novas formas de cocriação de valor às empresas, ao contribuírem para a formação de ecossistemas. O crescente envolvimento das empresas nesta lógica tem vindo a alterar os modelos de negócio existentes e, sobretudo, o paradigma económico em que nos situamos. Aquilo que denominamos de economia de plataforma deve ser entendido não só como o resultado do desenvolvimento tecnológico e da emergência das plataformas digitais, mas principalmente da mudança de visão estratégica por parte das empresas, que cada vez mais procuram novas oportunidades de crescimento através de uma maior abertura e interação com elementos externos. Contudo, devido à forma como as plataformas digitais têm sido concebidas, observa-se um desenvolvimento desigual entre as empresas, devido às ciberdivisões que lhes são intrínsecas. Neste sentido, assiste-se a um crescimento da economia de plataforma de forma desigual, sendo que o ponto de partida para a formação dessa desigualdade se encontra na própria estrutura das plataformas.