Extração Térmica de 2,4,6-Tricloroanisol da Cortiça

• Main Author: Monteiro, Susana Maria Ferreira
• Publication Date: 2023
• Language: por
• Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
• Download full: http://hdl.handle.net/10362/166393
• topic: 2,4,6-tricloroanisol; cortiça; rolha; contaminação cruzada; dessorção térmica; difusão; Domínio/Área Científica::Engenharia e Tecnologia::Engenharia Química

A contaminação dos vinhos com 2,4,6-Tricloroanisol (TCA) é um problema para as indústrias Corticeira e Vitivinícola. Quando o vinho tem “gosto a rolha”, é o resultado da presença de TCA que, provoca defeitos sensoriais e reduz a sua qualidade. Com frequência, a contaminação com TCA é pro- veniente da rolha pelo que o seu controlo tem sido objeto de grande esforço pelo setor corticeiro nas últimas duas décadas. Mas, apesar desses esforços, os fundamentos da interação entre o TCA e a cortiça são poucos compreendidos. Esta compreensão é crucial para a conceção e otimização de processos ca- pazes de o remover da cortiça, sem comprometer as propriedades físico-mecânicas que fazem da rolha um excelente vedante. Esta dissertação resulta de um plano de investigação que teve como objetivo contribuir para a compreensão desta interação entre o contaminante e a cortiça. Numa primeira fase, foi estudada a localização e a distribuição de TCA em rolhas contaminadas naturalmente. Rolhas foram cortadas em fatias e o TCA libertável foi determinado, em cada fatia. Os resultados indicaram que não existe uma distribuição típica, uma vez que enquanto algumas rolhas apresentaram TCA distribuído ao longo de todo o comprimento, outras apresentaram TCA concentrado numa pequena região. Paralelamente, foi feito um estudo que pretendeu avaliar a possibilidade de transferência de TCA de rolhas contaminadas para rolhas limpas, quer por via líquida quer por via gasosa. Os resultados demonstraram que quando rolhas limpas e contaminadas são maceradas em con- junto, algum TCA pode ser transferido. Experiências em fase gasosa demonstraram que o TCA também pode ser transportado por essa via. No entanto, em ambos os casos, a extensão dessa transferência é diminuta pelo que apenas é notada na presença de rolhas muito contaminadas. A interação entre o TCA e a cortiça foi estudada com recurso a uma técnica de dessorção térmica em vácuo, com amostras artificialmente contaminadas. Foi também incluída uma investigação realizada com um equipamento que conjuga a ionização química a um espetrómetro de massa de tempo de voo, com limites de deteção na ordem de pptv, que possibilitou estudar a dessorção em amostras contami- nadas naturalmente. Estas experiências revelaram a presença de dois picos de dessorção. O primeiro pico foi associado a um processo de difusão de TCA em fase gasosa e o segundo a uma adsorção entre o TCA e os compostos fenólicos presentes nos extrativos e na lenhina. Ao avaliar o impacto dos tratamentos térmicos em vácuo, verificou-se que a perda de água era a causa das alterações nas propriedades físico-mecânicas nas rolhas de cortiça. Não obstante, demons- trou-se que foi possível recuperar essas propriedades ao humidificar a cortiça. Por último, descreve-se o trabalho que permitiu quantificar a difusão de TCA na cortiça. A au- mentada difusão de TCA na cortiça, a temperaturas elevadas (> 100 °C) demonstrou ser possível a re- moção deste composto para além da superfície da rolha durante o tratamento térmico em vácuo.