O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras

Bibliographic Details
Main Author: Silva, Pedro
Publication Date: 2008
Format: Other
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.26/12177
Summary: A prática do outsourcing, ou externalização, em termos empresariais teve uma grande expansão nos anos noventa, pelo facto de que muitas das grandes companhias pretenderam reduzir estruturas e consequentemente os seus custos fixos. Assim, passaram a contratar companhias especializadas em tarefas não consideradas nucleares do seu negócio, baixando os custos e aumentando a eficiência. Também nas Forças Armadas (FFAA) a externalização não é um processo novo. Desde a antiguidade que foi implementado, nomeadamente entre os Séc. XII e XVII, em que a maior parte dos exércitos englobavam pessoal contratado, ou mesmo a contratação de forças. Este conceito alterou-se com a Revolução Francesa e as monarquias absolutistas. Aparece o conceito de Estado-Nação, em que a defesa deve ser assegurada pelo Estado, com o recurso ao recrutamento e mobilização de soldados. No Séc. XX, com o fim da Guerra Fria e a redução drástica de efectivos na maior parte das FFAA ocidentais, acompanhada pela redução dos orçamentos de defesa, deu-se novo impulso à externalização de tarefas, inicialmente de âmbito não essencialmente militar, mas gradualmente o seu leque tem vindo a aumentar, tornando-se a distinção entre tarefas de combate e de não combate cada vez mais difusa. É neste contexto que aparece um novo actor, as empresas militares privadas, que têm vindo a suportar, cada vez mais, as forças expedicionárias, principalmente nos recentes conflitos dos Balcãs, Afeganistão e Iraque. O seu catálogo de serviços cresceu da prestação de tarefas básicas à execução de tarefas que anteriormente só eram efectuadas por pessoal militar. O enquadramento legal destas “empresas militares”, se focado nas actividades desenvolvidas fora do seu território nacional, quando em apoio a forças expedicionárias, surge, então, como problemático, uma vez que as convenções de Genebra não podem ser aplicadas em operações militares que não sejam consideradas guerras. O recurso à externalização de serviços e tarefas das FFAA obriga, então, a uma cuidada análise do seu impacto na condução das operações, a uma análise de risco e qual a metodologia adequada para a escolha da modalidade de externalização aplicável, que permita a superação ou mesmo a eliminação desses riscos. Abstract: The outsourcing process, or externalization, in managerial terms, had a great expansion in the nineties, because of the fact that many of great companies sought to reduce structures and consequently fixed costs. Thus, they started to hire specialized companies in areas not considered nuclear for their business, lowering the costs and increasing the efficiency. Externalization, though, is not a new process for the armed forces. Since ancient times it was implemented, namely from the XII and XVII centuries, when most of the armies included contracted personnel, or even hired forces. This trend changed with the French Revolution and absolute monarchies. Appears the concept of Nation-State with the idea that defence must be provided by the State which involved mandatory recruiting and mobilization of soldiers. In the XX’s century, after the Cold War, there was a drastic reduction in most of the western armed forces accompanied by the reduction of the defense budgets, what brought a new pulse to the externalization of tasks, initially support tasks, but gradually moved towards tasks previously considered as essentially military, becoming the distinction between combat and non combat tasks more and more diffuse. A new actor appeared, the private military industry, which have been increasing their support to the expeditionary forces, mainly in the recent conflicts of Balkans, Afghanistan and Iraq. Its catalog of services grew from basic tasks to services that previously were only performed by military personnel. There is a concern related to the legal aspects, towards the support carried out outside national territory, when in support of expeditionary forces, because the Geneva conventions cannot be applied in military operations other than war. The externalization of armed forces services and tasks must be carefully analyzed on its impact on the military operations, a risk analysis must be conducted, and define which methodology should be applied when discussing the degree of externalization, looking for the overcoming of those risks.
id RCAP_66b0e72621cbc9b75e2314b14cc91fb6
oai_identifier_str oai:comum.rcaap.pt:10400.26/12177
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository_id_str https://opendoar.ac.uk/repository/7160
spelling O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futurasCompanhia militar privadaExternalizaçãoEmpresa militar privadaEmpresa privada de segurançaOutsourcingPrivate military companyExternalizationPrivate military firmPrivate security companyOutsourcingA prática do outsourcing, ou externalização, em termos empresariais teve uma grande expansão nos anos noventa, pelo facto de que muitas das grandes companhias pretenderam reduzir estruturas e consequentemente os seus custos fixos. Assim, passaram a contratar companhias especializadas em tarefas não consideradas nucleares do seu negócio, baixando os custos e aumentando a eficiência. Também nas Forças Armadas (FFAA) a externalização não é um processo novo. Desde a antiguidade que foi implementado, nomeadamente entre os Séc. XII e XVII, em que a maior parte dos exércitos englobavam pessoal contratado, ou mesmo a contratação de forças. Este conceito alterou-se com a Revolução Francesa e as monarquias absolutistas. Aparece o conceito de Estado-Nação, em que a defesa deve ser assegurada pelo Estado, com o recurso ao recrutamento e mobilização de soldados. No Séc. XX, com o fim da Guerra Fria e a redução drástica de efectivos na maior parte das FFAA ocidentais, acompanhada pela redução dos orçamentos de defesa, deu-se novo impulso à externalização de tarefas, inicialmente de âmbito não essencialmente militar, mas gradualmente o seu leque tem vindo a aumentar, tornando-se a distinção entre tarefas de combate e de não combate cada vez mais difusa. É neste contexto que aparece um novo actor, as empresas militares privadas, que têm vindo a suportar, cada vez mais, as forças expedicionárias, principalmente nos recentes conflitos dos Balcãs, Afeganistão e Iraque. O seu catálogo de serviços cresceu da prestação de tarefas básicas à execução de tarefas que anteriormente só eram efectuadas por pessoal militar. O enquadramento legal destas “empresas militares”, se focado nas actividades desenvolvidas fora do seu território nacional, quando em apoio a forças expedicionárias, surge, então, como problemático, uma vez que as convenções de Genebra não podem ser aplicadas em operações militares que não sejam consideradas guerras. O recurso à externalização de serviços e tarefas das FFAA obriga, então, a uma cuidada análise do seu impacto na condução das operações, a uma análise de risco e qual a metodologia adequada para a escolha da modalidade de externalização aplicável, que permita a superação ou mesmo a eliminação desses riscos. Abstract: The outsourcing process, or externalization, in managerial terms, had a great expansion in the nineties, because of the fact that many of great companies sought to reduce structures and consequently fixed costs. Thus, they started to hire specialized companies in areas not considered nuclear for their business, lowering the costs and increasing the efficiency. Externalization, though, is not a new process for the armed forces. Since ancient times it was implemented, namely from the XII and XVII centuries, when most of the armies included contracted personnel, or even hired forces. This trend changed with the French Revolution and absolute monarchies. Appears the concept of Nation-State with the idea that defence must be provided by the State which involved mandatory recruiting and mobilization of soldiers. In the XX’s century, after the Cold War, there was a drastic reduction in most of the western armed forces accompanied by the reduction of the defense budgets, what brought a new pulse to the externalization of tasks, initially support tasks, but gradually moved towards tasks previously considered as essentially military, becoming the distinction between combat and non combat tasks more and more diffuse. A new actor appeared, the private military industry, which have been increasing their support to the expeditionary forces, mainly in the recent conflicts of Balkans, Afghanistan and Iraq. Its catalog of services grew from basic tasks to services that previously were only performed by military personnel. There is a concern related to the legal aspects, towards the support carried out outside national territory, when in support of expeditionary forces, because the Geneva conventions cannot be applied in military operations other than war. The externalization of armed forces services and tasks must be carefully analyzed on its impact on the military operations, a risk analysis must be conducted, and define which methodology should be applied when discussing the degree of externalization, looking for the overcoming of those risks.IUMRepositório ComumSilva, Pedro2016-03-11T15:52:07Z20082008-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/otherapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/12177porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-05-14T11:48:19Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/12177Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T07:17:13.052540Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
dc.title.none.fl_str_mv O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
title O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
spellingShingle O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
Silva, Pedro
Companhia militar privada
Externalização
Empresa militar privada
Empresa privada de segurança
Outsourcing
Private military company
Externalization
Private military firm
Private security company
Outsourcing
title_short O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
title_full O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
title_fullStr O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
title_full_unstemmed O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
title_sort O “outsourcing” (privatização) de serviços e tarefas das FFAA nas operações militares. Análise da actual situação e possibilidades futuras
author Silva, Pedro
author_facet Silva, Pedro
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Repositório Comum
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, Pedro
dc.subject.por.fl_str_mv Companhia militar privada
Externalização
Empresa militar privada
Empresa privada de segurança
Outsourcing
Private military company
Externalization
Private military firm
Private security company
Outsourcing
topic Companhia militar privada
Externalização
Empresa militar privada
Empresa privada de segurança
Outsourcing
Private military company
Externalization
Private military firm
Private security company
Outsourcing
description A prática do outsourcing, ou externalização, em termos empresariais teve uma grande expansão nos anos noventa, pelo facto de que muitas das grandes companhias pretenderam reduzir estruturas e consequentemente os seus custos fixos. Assim, passaram a contratar companhias especializadas em tarefas não consideradas nucleares do seu negócio, baixando os custos e aumentando a eficiência. Também nas Forças Armadas (FFAA) a externalização não é um processo novo. Desde a antiguidade que foi implementado, nomeadamente entre os Séc. XII e XVII, em que a maior parte dos exércitos englobavam pessoal contratado, ou mesmo a contratação de forças. Este conceito alterou-se com a Revolução Francesa e as monarquias absolutistas. Aparece o conceito de Estado-Nação, em que a defesa deve ser assegurada pelo Estado, com o recurso ao recrutamento e mobilização de soldados. No Séc. XX, com o fim da Guerra Fria e a redução drástica de efectivos na maior parte das FFAA ocidentais, acompanhada pela redução dos orçamentos de defesa, deu-se novo impulso à externalização de tarefas, inicialmente de âmbito não essencialmente militar, mas gradualmente o seu leque tem vindo a aumentar, tornando-se a distinção entre tarefas de combate e de não combate cada vez mais difusa. É neste contexto que aparece um novo actor, as empresas militares privadas, que têm vindo a suportar, cada vez mais, as forças expedicionárias, principalmente nos recentes conflitos dos Balcãs, Afeganistão e Iraque. O seu catálogo de serviços cresceu da prestação de tarefas básicas à execução de tarefas que anteriormente só eram efectuadas por pessoal militar. O enquadramento legal destas “empresas militares”, se focado nas actividades desenvolvidas fora do seu território nacional, quando em apoio a forças expedicionárias, surge, então, como problemático, uma vez que as convenções de Genebra não podem ser aplicadas em operações militares que não sejam consideradas guerras. O recurso à externalização de serviços e tarefas das FFAA obriga, então, a uma cuidada análise do seu impacto na condução das operações, a uma análise de risco e qual a metodologia adequada para a escolha da modalidade de externalização aplicável, que permita a superação ou mesmo a eliminação desses riscos. Abstract: The outsourcing process, or externalization, in managerial terms, had a great expansion in the nineties, because of the fact that many of great companies sought to reduce structures and consequently fixed costs. Thus, they started to hire specialized companies in areas not considered nuclear for their business, lowering the costs and increasing the efficiency. Externalization, though, is not a new process for the armed forces. Since ancient times it was implemented, namely from the XII and XVII centuries, when most of the armies included contracted personnel, or even hired forces. This trend changed with the French Revolution and absolute monarchies. Appears the concept of Nation-State with the idea that defence must be provided by the State which involved mandatory recruiting and mobilization of soldiers. In the XX’s century, after the Cold War, there was a drastic reduction in most of the western armed forces accompanied by the reduction of the defense budgets, what brought a new pulse to the externalization of tasks, initially support tasks, but gradually moved towards tasks previously considered as essentially military, becoming the distinction between combat and non combat tasks more and more diffuse. A new actor appeared, the private military industry, which have been increasing their support to the expeditionary forces, mainly in the recent conflicts of Balkans, Afghanistan and Iraq. Its catalog of services grew from basic tasks to services that previously were only performed by military personnel. There is a concern related to the legal aspects, towards the support carried out outside national territory, when in support of expeditionary forces, because the Geneva conventions cannot be applied in military operations other than war. The externalization of armed forces services and tasks must be carefully analyzed on its impact on the military operations, a risk analysis must be conducted, and define which methodology should be applied when discussing the degree of externalization, looking for the overcoming of those risks.
publishDate 2008
dc.date.none.fl_str_mv 2008
2008-01-01T00:00:00Z
2016-03-11T15:52:07Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/other
format other
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.26/12177
url http://hdl.handle.net/10400.26/12177
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv IUM
publisher.none.fl_str_mv IUM
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron:RCAAP
instname_str FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
collection Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository.name.fl_str_mv Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
repository.mail.fl_str_mv info@rcaap.pt
_version_ 1833602939766177792