A estação do neolítico antigo do Carrascal (Oeiras, Lisboa, Portugal)

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Main Author: Cardoso, João Luís
Publication Date: 2015
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.2/5079
Summary: Apresentam‑se os resultados preliminares da intervenção arqueológica realizada no Carrascal entre 2003 e 2005 em local implantado em encosta de declive suave do vale da ribeira de Barcarena (concelho de Oeiras, distrito de Lisboa) e a cerca de 3 km de distância da margem norte do estuário do Tejo, nas proximidades de enseada, formada no sopé da encosta, a qual proporcionava importante actividade recolectora, destacando‑se a ostra (Ostrea edulis). A indústria de pedra lascada evidencia fabrico local, tal é a abundância de restos de talhe encontrados; o mesmo se verifica com a produção de artefactos de pedra polida, confeccionados essencialmente em rochas de origem local; na indústria cerâmica, são abundantes os recipientes de grandes dimensões, destinados à armazenagem e, nos recipientes decorados, avulta a técnica incisa e impressa, encontrando‑se presentes em cerca de 10% as decorações produzidas pela técnica cardial, mediante a impressão do bordo da concha da espécie Cerastoderma edule e eventualmente de outras. A fauna é rica e diversificada, estando representados os seguintes taxa: Bos primigenius; Bos taurus; Sus sp.; Cervus elaphus; Oryctolagus cuniculus; e Capra hircus/Ovis aries, denotando a presença abundante de espécies domésticas a par da actividade cinegética, complementada pela recolecção. A dieta integrava ainda produções cerealíferas, sugeridas pela recolha de elementos de moagem. Foram escassas as indicações sobre as estruturas habitacionais identificadas. Destaca‑se uma «cuvette», escavada nos calcários apinhoados cretácicos que constituem o substrato geológico, preenchida por blocos basálticos, correspondente provavelmente a uma estrutura de combustão. No conjunto, a abundância e diversidade dos vestígios encontrados indica um estabelecimento de carácter peri‑anual, correspondente a um importante estacionamento no decurso do último quartel do VI milénio a.C., podendo ainda remontar ao final do terceiro quartel daquele milénio, conforme indicam os resultados das datações de radicarbono efectuadas sobre restos faunísticos.
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