Horrendoplastias

Bibliographic Details
Main Author: Freitas, J
Publication Date: 2016
Other Authors: Casanova, J, Moura, DL, Ferreira, R, Judas, F, Fonseca, F
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.4/2029
Summary: A infeção e reações alérgicas associadas a grandes perdas de tecido ósseo em artroplastias protéticas da anca e joelho ou a infeção em reconstruções ósseas com aloenxertos estruturais de grandes dimensões pós resseções ósseas por patologia tumoral, correspondem a grandes desafios cirúrgicos de salvamento de membros. São casos clínicos submetidos a múltiplas cirurgias, anos de evolução, fistulas profusamente produtivas, tratamentos antibióticos múltiplos, pessoas socialmente e profissionalmente destruídas. Muitos destes casos são propostos para cirurgia mutiladora com amputações de membros ou extração de material protético sem reconstrução estrutural, condenando o doente a incapacidades funcionais marcantes. Apresentam-se 9 casos clínicos de doentes, 8 com artroplastias primárias, de revisão ou tumorais, de anca e joelho, complicadas com infeção (6 doentes) e/ou reação alérgica a metais/iodo (2 doentes) e 1 doente com aloenxerto estrutural do fémur de grandes dimensões infetado, a maioria com perda de osso e proposta de amputação, nomeadamente desarticulação pela anca. Na maioria dos casos tratava-se de infeção por St. aureus meticilino resistente, havendo 1 doente com flora polimicrobiana hospitalar resistente, submetidos a múltiplas cirurgias e oriundos de vários hospitais do país. Os doentes foram operados entre Novembro de 2013 e Abril de 2016 tendo o mais novo 23 anos e o mais velho 76 anos. O tratamento cirúrgico foi composto por 2 tempos operatórios. Primeiro tempo (7 a 9h): extração de material protético; excisão de osso infetado e sem viabilidade; excisão em bloco de tecidos moles desvitalizados/necrosados e com exsudato em toda a periferia do material protético e tecido ósseo infetado, numa espessura com o mínimo de 4 mm; lavagem pulsátil do leito cirúrgico sangrante desbridado com betadine/H2O2 e soro fisiológico; reconstrução articular temporária com espaçador de grandes dimensões em metilmetacrilato com gentamicina. Todos os doentes foram submetidos a terapia antibiótica tripla endovenosa durante 8 a 9 semanas, com controlo analítico rigoroso, tendo alguns deles deambulado com apoio de ortóteses. 2º tempo cirúrgico (4 a 7h) após valores de PCR normais, fez-se conversão dos espaçadores utilizando material protético de revisão e do foro tumoral revestido a prata (potencial bactericida), 8 dos casos com próteses tumorais da anca (5 com reconstrução de ½ fémur proximal e 3 com fémures totais protéticos). Os doentes tiveram alta autónomos e com apoio de canadianas após +- 3 semanas com triterapia antibiótica e.v. e PCR normal ou “borderline”, com passagem a antibióticoterapia dupla oral em ambulatório, no mínimo durante 3 meses até normalização de PCR em 3 avaliações analíticas espaçadas em 15 dias. O doente mais antigo tem +- 29 meses com PCR normal (avaliações analíticas frequentes) e clinicamente todos se apresentam com PCR normais e sem sinais de infeção e/ou fistulas ativas. Funcionalmente, estão autónomos, os mais novos deambulam sem apoio de canadianas enquanto os mais velhos, por vezes, necessitam do apoio de 1 ou 2 canadianas, mas todos negam dores. Todas estas situações clinicas devem ser tratadas de forma agressiva, do ponto de vista de antibióticoterapia alargada e com conjugação de complexas técnicas cirúrgicas do âmbito de revisão protética e do foro tumoral, para se poder obter os melhores resultados possíveis no salvamento de membros, livres de infeção e com capacidade funcional. Os doentes estão satisfeitos com o tratamento, apesar de extremamente exigente do ponto de vista físico e psíquico, por manterem os membros inferiores, referindo que se tivessem de voltar atrás passariam por tudo de novo. Não se pode dizer que estejam curados mas aqui apresenta-se uma metodologia médica e cirúrgica, como uma forma de ir mais além, na esperança da cura de situações clinico-cirúrgicas que muitos cirurgiões designam de horrendoplastias.
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